A Fiat Elba foi lançada no Brasil em abril de 1986 como a versão perua do Uno e sucessora da Panorama. Criado integralmente no País, o modelo vinha em duas versões, sempre com a mecânica do Prêmio, um 1.3 de 59 cv, na configuração S, e um 1.5 a etanol (chamado de álcool ainda) que gerava 71 cv, na versão CS.
Com um amplo porta-malas de 610 litros até o teto, a Elba nunca chegou a ser um sucesso de vendas, mas traz na bagagem um fato importante da história do Brasil. Foi um dos estopins do impeachment do então presidente Fernando Collor, que tomou posse no dia 15 de março de 1990 com 35 milhões de votos.
Um cheque vindo de uma conta fantasma de PC Farias, tesoureiro da campanha de Collor e organizador dos esquemas do ex-presidente, foi usado para comprar um Fiat Elba – e para reformar a Casa da Dinda, residência oficial do presidente. Quando essa prova foi obtida pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que cuidava do caso em 1992, a saída de Collor da presidência foi inevitável.
Com seu motor mais forte, o 1.5, a Elba acelerava de 0 a 100 km/h em 14,8 segundos, o que provava que a perua da Fiat era mais eficiente em acelerar mandatos do que nas ruas. Curiosamente, os maiores baques que a Elba sofreu no mercado em toda a sua existência foram em 1990, mesmo ano da posse de Collor: a reestilização da Volkswagen Parati e o lançamento da Chevrolet Ipanema. Para tentar conter esse avanço, a Fiat lançou em 91 uma Elba renovada, com faróis mais finos, grade menor e motor 1.6 de 88 cv. Mas a medida não surtiu muito efeito nas concessionárias e busca pela Elba continuava a cair.
Junto da injeção de ânimo e patriotismo que invadiu o Brasil após a impugnação do mandato de Collor em 1992 veio a injeção eletrônica para o motor 1.5 da Elba, que passava a render 67,3 cv. Por causa das vendas baixas, poucas mudanças foram adotadas na perua após a chegada da versão Weekend e, no fim de 1996, a Elba se despedia do Brasil, assim como Ernesto Geisel morto aos 89 anos, um ex-presidente do Brasil durante o regime militar, aquele mesmo que acabou e deu início à era democrática brasileira, que teve como seu primeiro presidente eleito Fernando Collor de Mello.