Fiat Oggi 1984 virou paixão de leitor

De compra para uso racional, sedã do 147 virou paixão de leitor que não abre mão por nada do modelo

Por 31 de mai, 2015 · 6m de leitura.
Brisola comprou Oggi como opção a motocicleta para dias de chuva

Quando os amigos do administrador de empresas Sérgio Brisola ouvem as notas iniciais da música-tema do filme “O Poderoso Chefão”, abrem a porta de suas casas sorridentes. Eles sabem que não terão de acertar contas com mafiosos – o som vem da buzina do Fiat Oggi 1984 que pertence ao visitante.

O compacto surgiu na vida de Brisola como uma opção barata de mobilidade. Às vésperas de comprar a casa própria, ele trocou o carro por uma moto, mas percebeu logo que precisava de capota para os dias chuvosos.“Queria um Fiat 147, de preferência com frente ‘Europa’, adotada entre 1980 e 1986. Com esse modelo tive minhas primeiras aulas de direção”, conta o administrador. “Mas vi este Oggi em bom estado em uma feira de usados e resolvi levá-lo.”


Os R$ 7 mil pagos pelo modelo se transformaram em um investimento de R$ 12 mil com os reparos feitos ao longo dos dois meses seguintes. Tapeçaria, suspensão, câmbio e freios foram trocados e o motor recebeu sua primeira e única retífica. “Ele estava bonito, mas eu queria um carro confiável”, diz o dono.

Com o passar do tempo, Brisola concluiu que tomou a decisão certa ao optar pelo Oggi. “É bem mais legal, raro – foi feito de 1983 a 1985 -, tem motor 1.3 e câmbio de cinco marchas, enquanto a maior parte dos 147 vinha com o 1.050 cm3 e transmissão de apenas quatro marchas.”

Charme. Se a buzina irreverente e as rodas Dragster de 15”, comuns nos anos 80, destoam do conjunto, a dirigibilidade do Oggi foi preservada com cuidado por Brisola, embora isso signifique tolerar certos incômodos.“A terceira marcha ‘arranha’, o que poderia ser resolvido com um trambulador (peça da haste do câmbio) de Uno, mas preferi manter a experiência o mais original possível. Não quis nem trocar o platinado pela ignição eletrônica”, diz o administrador. “Falta direção hidráulica, a ergonomia deixa a desejar e a partida pela manhã é difícil às vezes. Mas isso faz parte do charme dele. Se o carro fosse modernizado, perderia a graça.”


Brisola diz que não é difícil encontrar peças mecânicas para o Fiat, pois a produção do Spazio, hatch do qual o Oggi deriva, continuou até 1996 na Argentina. O desafio é na hora de buscar itens de acabamento.O administrador teve de contar com a sorte para repor um difusor de ar. “Vi uma Panorama estacionada no Jabaquara, na zona sul. Localizei o dono e, como o carro estava abandonado, dei R$ 50 para ele e, com uma chave de fenda, tirei a peça que precisava.”Brisola nem pensa em vender o Oggi. “Me orgulho de guiá-lo e sei o trabalho que tive para deixá-lo nesse estado.”

História. O Oggi (hoje, em português) completava a linha 147, formada por hatch, picape e perua. Primeiro sedã da Fiat feito no Brasil, teve 20.419 unidades vendidas em três anos.O porta-malas tinha 440 litros e havia motor 1.3 a gasolina de 61 cv e a etanol, de 62cv. O 1.4 da versão CSS gerava 78 cv.