Belisa Frangione
Levar quatro cantadas em menos de dez minutos não é para qualquer um. Mas ele não se inibe. Dá uma piscadinha iluminada e ainda agradece com uma buzinada. Trata-se de um Ford A Phaeton 1929 – modelo conhecido no Brasil como Ford Bigode -, que por onde passa atrai a atenção de motoristas e pedestres.
“É sempre assim. Vai de buzinadas a propostas de compra”, ri seu proprietário, o comerciante Vagner Mazzali, que sempre teve a intenção de iniciar uma coleção de carros antigos. O Fordinho foi o primeiro por acaso. Há sete anos, ele fraturou uma das pernas e, enquanto foi obrigado a ficar em casa de molho, aproveitou para procurar um modelo clássico na internet.
O conversível estava à venda em uma loja de Curitiba e pertencia a um colecionador. Apresentava visual impecável, mas a parte mecânica precisou passar por uma restauração. Para deixar o carro totalmente original, Mazzali viajou para os Estados Unidos para comprar peças.
O comerciante só tem uma ressalva em relação ao carro: a dificuldade de guiá-lo. “Tem todo um macete. Primeiro é preciso acionar o acelerador de mão. Em seguida, coloco a chave no contato. E por fim abro uma torneira, embaixo do painel, que manda a gasolina pro carburador, já que ele não tem bomba.”
Por se tratar de um automóvel muito antigo, são necessários vários cuidados especiais. O conversível passa por revisão a cada seis meses e traz ferramentas a bordo. A mais essencial é uma lixa de unha. “É para lixar o platinado”, afirma seu dono. Apesar das propostas, o comerciante é enfático: “Não vendo o carro por valor nenhum.”
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História
O Ford A Phaeton foi lançado em 1927 e produzido até 1931. Foram vendidas mais de 5 milhões de unidades. O conversível tinha motor do tipo L-4 que gerava 40 cv. O freio era a varão e o câmbio, manual de três marchas.
No Brasil, ficou conhecido também por Ford Bigode devido ao desenho da grade dianteira e pelas alavancas do acelerador e do avanço do motor lembrarem o formato de um bigode.