Nícolas Borges
Este Dodge Le Baron 1980 carrega uma bagagem constante: a paixão de três gerações da mesma família. O dono atual, o engenheiro mecânico Fábio Pagotto, herdou o sedã de seu pai, João, que o comprou zero-km em 1979. E o próximo proprietário do modelo já está definido: André, de 6 anos, filho mais novo de Fábio.
“Meu pai gostava muito da marca e teve quatro exemplares, nos anos 70”, conta Pagotto. “Eu cresci andando de Dodge.” Sempre eram “Dojões”, com o clássico motor V8 318 (cilindrada em polegadas cúbicas), de 5,2 litros, o maior já feito no Brasil para carros de passeio. “Naquela época, ele engolia todo mundo na estrada. E sempre que ando com ele lembro dessa sensação.”
Fundador do Chrysler Clube do Brasil, em 1999, o engenheiro tem outro Dodge, um Dart 1979, com ele desde 1986. Este também tem futuro garantido, pois irá para as mãos de seu filho mais velho, Lucca, atualmente com 9 anos. Mas o Le Baron é especial. “Meu pai o comprou logo depois de saber que a Chrysler do Brasil tinha sido vendida para a Volkswagen”, diz.
A versão era a mais luxuosa da linha Dodge e o exemplar de Pagotto saiu completo da fábrica em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Entre os equipamentos há ar-condicionado (embaixo do painel, algo comum na época) e câmbio automático de três marchas, com alavanca na coluna de direção.
“O carro foi mais usado nos dois, três primeiros anos. Depois, ficou encostado”, relembra. Isso explica seu ótimo estado de conservação – não houve restauro – e os 51 mil quilômetros registrados no hodômetro.
Além do motor, de aproximadamente 200 cv (brutos), o Le Baron se destaca pelo requinte interno. A forração rebuscada, de veludo, lembra a de poltronas domésticas e o toca-fitas era item de série.