Alguns encontros têm idas e vindas e só se concretizam depois de muita persistência. O engenheiro civil Leandro Moreno tem uma paixão antiga pelo Volkswagen Gol GTi “quadrado”, mas o destino lhe pregou algumas peças antes que ele finalmente pudesse ser o dono definitivo de um exemplar da geração antiga do hatch.
“Meu primeiro carro foi um Corsa 1996 zero-km que ganhei do meu pai, mas não hesitei em trocá-lo por um Gol GTi branco-pérola, que é o carro da minha vida. Infelizmente, tive de vendê-lo depois de três anos e nunca o tirei da cabeça”, lembra.
Outros nove anos se passaram e um amigo ofereceu a Moreno justamente o exemplar vermelho de 1994 que aparece nesta reportagem, mas ele não tinha condições de comprá-lo.
O engenheiro só conseguiu retomar a busca pelo Gol de seus sonhos em 2009, mas o carro que cruzou seu caminho era um pouco diferente. “Achei um GTS vinho, também de 1994, que era dirigido por um senhor e estava muito bem conservado. Não era exatamente o que eu queria, mas resolvi aproveitar a oportunidade.”
Dois anos depois, o engenheiro se deparou com um anúncio oferecendo o GTi vermelho que havia pertencido a seu amigo. E foi ver o hatch, que continuava em perfeitas condições.
De acordo com ele, o então proprietário rodava muito pouco com o Gol. “Tanto que ele não havia sequer ido buscar o manual do proprietário e a chave reserva, que acabaram ficando com meu amigo durante todo esse tempo”, conta.
Moreno não teve dúvida. Fechou o negócio rapidamente, mas sem se desfazer do GTS.
NOVO EM FOLHA
Com menos de 120 mil km rodados, o esportivinho conserva os bancos originais e demandou poucas melhorias. Moreno apenas trocou a embreagem e as rodas de 14 polegadas por outras de 16”.
Guardado na casa da mãe do engenheiro, o Volks só circula ocasionalmente. “Com ele, visito amigos e compareço a três eventos anuais dedicados ao Gol quadrado.”
Tanto cuidado se justifica pela dificuldade em encontrar peças de reposição, que não são mais comercializadas pela montadora. O jeito é recorrer a revendedores independentes, que chegam a pedir R$ 600 por uma grade dianteira. Nos eventuais passeios, o encantamento é geral, segundo Moreno.
“O Gol GTi era o modelo que os caras da minha faixa etária curtiam quando eram moleques. O dono anterior me advertiu que eu seria abordado inúmeras vezes com ofertas de compra, e não deu outra. Em um congestionamento na rodovia Fernão Dias, chegaram a me oferecer R$ 40 mil por ele, mas nem considerei a proposta. Eu não venderia nem meu GTS, que está ainda mais inteiro.”
A paixão de Moreno pelo GTi está imortalizada em uma miniatura, confeccionada pouco depois da compra. “Descobri um artista que criava essas réplicas, enviei a ele uma foto do carro e, três meses depois, ela estava pronta.”