Quando a Volkswagen decretou a morte do Santana, em 2006, deixou uma legião de fãs inconformados. Um deles é o funcionário público Wagner Seiji Toda. Ele teve diversas unidades desde 1998, até achar o sedã CD 1985 desta reportagem e se dar por satisfeito.
“Tenho paixão pelo modelo desde pequeno”, ele diz. “Acho a traseira bonita, o acabamento primoroso e a mecânica forte.”
O Santana derradeiro cruzou o caminho de Toda em 2009. Ele caminhava pela região central da capital paulista quando viu o sedã sendo manobrado pelo zelador de um prédio.
“Fiquei impressionado com a integridade do carro e perguntei, em tom de brincadeira, se o proprietário não toparia vendê-lo para mim”, ele conta.
Com 80 mil km, o VW ainda estava nas mãos da primeira dona, uma senhora de 75 anos. Foi muito usado em seus primeiros anos, como comprovam os carimbos das revisões no manual do proprietário. Depois, praticamente não rodou mais.
O zelador transmitiu a pergunta de Toda e, na semana seguinte, veio a resposta: ela queria conhecê-lo antes de tomar uma decisão. O servidor público teve de passar por uma entrevista para provar suas boas intenções com o carro.
“Ela perguntou por que eu gostava do Santana, ponderando que rapazes da minha idade (35 anos) preferiam carros mais modernos. Perguntou se iria cuidar dele e como iria usá-lo.”
Sólido. Em sete anos, Toda rodou cerca de 20 mil km com o Santana. “Com ele, vou ao mercado, à feira e fiz até uma pós-graduação fora da capital paulista. Tudo o que tive de fazer nele até hoje foi limpar o radiador e o carburador e, tempos depois, substituir a embreagem.”
O funcionário público diz que se sente mais seguro ao volante do VW do que em seu Mercedes C 280 1996. “O Mercedes é espetacular, mas não passa a sensação de que vai durar tanto. Já o Santana nunca falhou, nem irá quebrar”, acredita. “Se o dono de um guincho dependesse dele quebrar para se sustentar, morreria de fome”, brinca.
Como era de se esperar, Toda não se conforma com o fim do modelo. “A partir de 1996, a VW o deixou morrer lentamente. Mas deveria ter sido diferente. Na China, ele existe até hoje. O Santana foi um momento feliz da VW, época em que se faziam carros de verdade”, filosofa.