O comerciante Luiz Carlos Izumi descobriu os eventos de carros antigos há uma década e se encantou com as relíquias que viu. Mas só no ano passado ele adquiriu um Passat GTS Pointer 1986 que, em breve, poderá receber as placas pretas – a “honraria” é exclusiva para carros feitos há mais de 30 anos.
Seu primo o alertou sobre o Volkswagen, que estava à venda, e Izumi partiu de Jundiaí para Santo André, na região metropolitana de São Paulo, disposto a fechar negócio. “Queria um carro que estivesse íntegro, em que eu não precisasse gastar muito dinheiro. E, apesar dos 185 mil km rodados, o Passat estava bem conservado.”
A originalidade se mantém em itens como bancos, rádio, rodas de alumínio, manual do proprietário e até teto solar. Como o hatch estava encostado havia um bom tempo, precisou de alguns pequenos reparos.
“Refiz a carburação, pois o motor dele ‘afogava’ com frequência, e substituí amortecedores e molas”, conta Izumi. “Eu até gostava do carro como estava, com a suspensão mais baixa, mas ele pulava muito. Agora ficou mais confortável.”
Zeloso, o comerciante conta que roda pouco com o VW: foram menos de mil quilômetros desde a aquisição. “Como chama muita atenção, dá um certo medo de sair com ele. Do jeito que anda o Brasil, eu fico meio receoso”, diz o leitor, que não poupa elogios para o Passat. “Era um carro excelente na época, e ainda é muito gostoso de guiar”, afirma. “O motor 1.8 responde bem, tem bastante força e entrega esportividade.”
Apesar disso, a possibilidade de passar o Volkswagen adiante não é descartada por Izumi. “Não se trata de um carro que eu não venderia jamais. Se for uma proposta muito boa, pode ter negociação.”
História. Baseado no Audi 80, cujo desenho é obra do italiano Giorgetto Giugiaro, o Passat nacional surgiu em 1974. Com propulsor 1.5 longitudinal de 65 cv, foi o primeiro VW feito no País com motor refrigerado a água.
No ano seguinte, surgiu a opção de quatro portas e, em 1976, a versão esportiva TS, com quatro faróis redondos, motor 1.6 de 80 cv e carburador duplo. Em 1979, a linha ganhou motor a álcool e a primeira reestilização. Os faróis passaram a ser retangulares e as setas foram para as extremidades da dianteira.
Quatro anos depois, houve nova atualização visual, marcada pelo par de faróis quadrados. Surgiu a opção de luxo GLS e a esportiva TS passou a se chamar GTS. Em 1984, a gama de versões foi rebatizada: Special (básica), LS Village (intermediária), GTS Pointer (esportiva) e LSE Paddock (de luxo), todas com motor de 1,6 litro. Em 1985, a versão GTS Pointer recebeu o motor 1.8 de 99 cv que já estava no Gol GT. Em 2 de dezembro de 1988, o Passat saiu de linha, após cerca de 600 mil unidades fabricadas.