Maradona não podia ser parado. Não foi por zagueiros, por regras, pela família e nem pelo bom senso. Driblou todos. Só não conseguiu se desvencilhar do tempo, que não perdoa quem dele debocha. E como era debochado esse argentino. Um personagem complexo, genial, controverso, como todo protagonista de uma história deve ser. Justamente por esse seu lado folclórico, muitas histórias, fantasiosas ou não, surgem na boca dos que passaram anos ao lado do craque, como seu empresário nos anos 80, Guillermo Coppola.
Copolla conta que, em 1987, Maradona cismou que queria uma Ferrari Testarossa na cor preta. Ela até podia ser pedida nesta cor, inusitada para o modelo, mas a Ferrari não queria e criava várias barreiras, inclusive financeiras, cobrando 130 mil dólares só pela pintura. E a marca de Maranello já havia aceitado fazer uma igual para Sylvester Stalone. Ou seja, não queria mais exposição do carro com esta cor. Para piorar a situação, o empresário diz que o craque ainda exigia que o interior fosse branco.
Com status de super estrela na Napoli da Itália (os únicos dois títulos italianos que o clube tem foram com ele liderando o time), Maradona não aceitou não como resposta. Copolla então teve que apelar para Corrado Ferlaino, o presidente do Napoli na época.
Pedido de Maradona não foi nada barato
Ferlaino conta que o valor original do carro era de 430 mil dólares, mas que a Ferrari queria o dobro para liberar o modelo e ainda mais os 130 mil dólares da pintura, totalizando 990 mil dólares. Mas mesmo assim o esportivo foi encomendado para agradar o jogador. Crente de que havia finalmente marcado um gol para “Dios”, Copolla chega com o carro.
Segundo o empresário, Maradona já foi para perto do carro reclamando que o estofamento não era branco. A Ferrari não tinha aceitado essa condição de jeito nenhum e fez o habitáculo caramelo. Ao entrar no carro, o craque teria feito um silêncio por alguns segundos e perguntou pelo sistema de som e pelo ar-condicionado. Copolla explicou que a Testarossa, como um esportivo de sangue puro, não tinha estes tipos de equipamentos.
Maradona então saiu do carro, esbravejou que “tinha esperado esse tempo todo por essa porcaria”, e finalizou: “pode enfiar ele no…”. Mesmo insatisfeito, o segundo melhor jogador de futebol de todos os tempos ainda ficou com o carro até 1993, quando voltou para a Argentina.