Foi em uma viagem para a França, em 1994, que o administrador de empresas aposentado Christian Gerschkovitch conheceu sua paixão. E não foi atração passageira. Após 23 anos, o interesse continua o mesmo e, inclusive, tende a crescer. Afinal, nas palavras do apaixonado, trata-se de um ícone prestes a se tornar clássico. Estamos falando do Renault Twingo.
Lançado no ano anterior ao da viagem de Gerschkovitch, o modelo tinha detalhes então incomuns, como painel digital e air bags. Mas o que encantou o administrador foram as soluções para aproveitar o espaço.
Os bancos traseiros podem ser deslocados para a frente, ampliando a área para a bagagem. Após reclinados, os dianteiros se transformam em uma cama.
O administrador voltou ao Brasil, mas não conseguiu tirar o Renault da cabeça até comprar, no ano seguinte, o exemplar das fotos desta página. “Paguei à época R$ 14 mil pela versão com ar-condicionado. Um Fiat Uno com esse opcional custava R$ 9 mil. O Twingo sempre foi caro, por isso não deslanchou no País”, diz.
O xodó de Gerschkovitch chegou a conviver com duas outras unidades, de 1998 e 1999, que acabaram sendo vendidas. Atualmente o subcompacto tem 250 mil km rodados e lugar vitalício na garagem do administrador. “Um Twingo íntegro não vale mais que R$ 8 mil. Então nem compensaria vender o meu”, justifica o dono, que roda cerca de 500 km por mês com o pequeno Renault.
Por fora, a originalidade está quase intacta, exceto pelas rodas esportivas, que Gerschkovitch instalou no carro assim que o adquiriu. A mecânica foi refeita depois que o motor fundiu, em 2014. “Troquei tudo, só sobraram a sonda lambda e a bomba de combustível”, diz ele, que aproveitou a ocasião para equipar o painel com conta-giros, termômetro e marcador da pressão do óleo do motor.
Zeloso, o administrador mantém em casa um bom estoque de peças de reposição, como faróis e lanternas. “Tenho um verdadeiro almoxarifado”, brinca. “Mandei até fazer botões de resina para dar aos meus amigos que perderam alguma tecla do painel de seus Twingo. Mas os meus são todos originais”, diz.
Fanático. Tanto entusiasmo é fruto de um amor pela Renault que surgiu na infância de Gerschkovitch, quando ele assistia às corridas que o Willys Interlagos disputava no autódromo da capital paulista. Seu pai comprou um Gordini e a família só deixou de ter carros da marca francesa durante o período em que ela esteve fora do País.
“Algumas pessoas são fanáticas por futebol. Eu sou pela Renault. Enquanto os outros vão ao estádio com a camisa do time do coração, em dias de corrida eu visto a da Renault”, afirma Gerschkovitch, que tem uma coleção de miniaturas de modelos como Dauphine, R8, R16, Clio e o próprio Twingo.
Em 2011, ele fundou, juntamente com dois amigos, um clube dedicado ao carro – atualmente com cerca de 300 sócios.
O administrador não vê a hora de 2025 chegar para dar um presente especial a seu xodó. “Meu Twingo vai ganhar placas pretas, se eu estiver vivo até lá. Sou um dos poucos membros do clube com essa intenção.”
Um plano não tão distante é dirigir a atual geração do Twingo europeu, lançada em 2013. “Vou à França em setembro e pretendo alugar um para experimentar”, empolga-se.