O publicitário Rodrigo Esteves levou dois anos para montar as peças de seu passatempo preferido. Não se trata de um quebra-cabeça, mas do Chevrolet Opala de Luxo 1973. Após a compra, ele imediatamente iniciou a restauração do carro, feita com o afinco de quem se dedica a uma grande paixão.
A escolha do exemplar certo teve algumas reviravoltas. Esteves foi a uma feira de usados decidido a adquirir um cupê preto, mas acabou se interessando por um azul, que estava em melhor estado. Estava prestes a fechar negócio quando o irmão – que também é fã da linha Opala e possui uma perua Caravan SS 1978 – ligou e insistiu que ele fosse até uma revenda na zona norte da capital, para ver o sedã desta reportagem. “Foi amor à primeira vista”, recorda.
O carro estava desfalcado de calotas, emblemas e até do volante – foi instalada uma peça de Chevrolet Monza como solução provisória para que a venda se concretizasse. Enquanto buscava os componentes que faltavam para a restauração, Esteves seguiu uma sugestão do irmão para mudar o visual do carro: rebaixou a suspensão e instalou rodas esportivas. “Mas me arrependi e acabei voltando atrás”, ele conta.
A partir daí, o objetivo passou a ser resgatar a originalidade do Opala. O carro foi desmontado, teve o motor retificado e a carroceria restaurada e repintada no tom original, Azul Imperial, exclusivo da safra de 1973.
“Quando ficou pronto, estava do jeito que eu queria. O pneu reserva está intacto e o único detalhe não original do acabamento é a forração do assoalho. Quanto menos mexido, mais eu gosto.”
Satisfação. Esteves elogia o conforto do sedã. “A direção é tão macia que até parece hidráulica. O motor de quatro cilindros não promove muita velocidade, mas prefiro nem forçá-lo muito. Gosto de certos detalhes, como a alavanca de câmbio na coluna de direção.”
A cor chamativa do Opala atrai muitos olhares. Frentistas tiram fotos e curiosos enchem o proprietário de perguntas. Mas ele não se incomoda. “Eu gosto dessa interação. Se a pessoa quer saber algo, é porque gosta de carro.”
O único apuro do publicitário ao volante do Chevrolet ocorreu antes da restauração. Durante um passeio, o motor começou a falhar na Marginal Tietê e parou de vez a algumas quadras dali, à 1h da manhã.
“Para que não furtassem o carro, eu e meu amigo tivemos de dormir dentro dele. No dia seguinte, peguei a Kombi do meu pai e, com a ajuda de uma corrente, reboquei o Opala até minha casa. Ele ficou uma fera, dizendo que o câmbio da Kombi iria quebrar”, diverte-se.