MILENE RIOS
A paixão por carros virou o “ganha-pão” de Adilson da Silva, que aprendeu a gostar dos automóveis com o avô materno, Vicente Cavazzani. Atualmente, Silva é proprietário de um rede de lojas de veículos e por gratidão mantém impecável na garagem o Volkswagen TL 1972 que era o xodó de Cavazzani.
“Ninguém podia bater a porta do Volkswagen, ou era bronca na certa”, lembra Silva. “Também não saíamos se estivesse chovendo, para não molhar o TL. E se por acaso a chuva começasse no meio do caminho, meu avô depois secava o carro inteiro, até embaixo do para-lamas.”
O cupê TL surgiu em 1970, após o fraco desempenho do VW Sedan (conhecido como Zé do Caixão). O modelo da Volks rodava na Alemanha desde 1966, com o nome Touring Luxe, e recebeu retoques na carroceria na versão nacional. Por aqui, ele atraia os fãs do Fusca que desejavam mais potência – seu motor 1.600 refrigerado a ar gera 65 cv de potência – e maior capacidade do porta-malas: até 611 litros de bagagem.
A unidade na cor verde Iguaçu é uma das poucas sobreviventes no Brasil da série especial Sport, lançada pela marca alemã em 1972, que trazia de fábrica faixas pretas na carroceria, volante esportivo e rádio.
De acordo com Silva, todos os itens são originais. “Por ser muito raro, o TL vale até R$ 35 mil, mas é o único carro que não tenho o menor interesse em vender”, afirma. Quando aparece um interessado, eu já vou logo avisando que não está à venda.”
E a razão é simples. O TL tem 93.377 quilômetros de história dentro da família. “Sempre lembro de uma vez que eu e meu avó fomos pescar e deixamos o carro em um pasto. Quando voltamos uma vaca estava lambendo ele inteiro por causa da cor. Meu avó ficou maluco com o animal.”
Cavazzani guiou o carro até os 78 anos, quando foi atingido por um trem ao atravessar o trilho. “Ali, ele foi obrigado pela família a parar de dirigir.” Mas o TL continuou sob sua supervisão até o dia em que ele faleceu, aos 95. “Nem eu o dirijo. Ele fica bem guardadinho. Só sai para feiras de antigos e olhe lá.”