A Renault completou neste ano 20 anos de fabricação de veículos em solo brasileiro. A efeméride foi lembrada pela marca no último fim de semana, durante a edição de 2018 do encontro anual de antigos que ocorre tradicionalmente em Araxá (MG). Naquela ocasião, a francesa, patrocinadora do evento, expôs algumas relíquias que fazem parte de sua história, além dos modelos que compõem sua gama atual.
O início da produção da Renault no País se deu em 1988, quando a francesa ergueu seu parque fabril em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, no Paraná. Hoje, a marca mantém ali um complexo com quatro unidades industriais: uma para carros de passeio, uma dedicada a utilitários, uma de motores e uma especializada em injeção de alumínio. Hoje, trabalham ali para a empresa 7.300 colaboradores.
Depois de iniciar operações comerciais em 1995 com os modelos 19 e 21 importados da Argentina, a Renault passou a fabricar no Brasil o compacto Clio, o monovolume Scénic e o furgão comercial leve Master. Mais tarde, veio o médio Mégane.
Em um segundo momento, a partir de 2007, a marca passou a apostar nos projetos trazidos da Dacia, sua subsidiária romena de baixo custo. Foi quando chegou ao Brasil a primeira geração do sedã Logan e do hatch Sandero, seguida em 2011 pelo SUV Duster, derivado da mesma plataforma.
Em 2013, surgiu a segunda geração de Logan e Sandero. O Duster ganhou uma versão picape, a Oroch, em 2015. No ano passado, a marca promoveu o lançamento do SUV Captur – que busca seduzir pelo design, apesar de usar a mesma base do Duster – e do subcompacto Kwid.
Hoje, a Renault contabiliza mais de 3 milhões de automóveis e 4 milhões de motores produzidos e detém cerca de 8% de participação no mercado brasileiro.
Antes do começo: Renault sob licença
A verdade, porém, é que a presença da Renault no Brasil é anterior aos 20 anos em que produziu veículos no Paraná. Em 1960, a francesa começou a ter alguns de seus modelos fabricados no País, sob sua licença, pela Willys-Overland.
O primeiro deles foi o sedã compacto Dauphine. Apresentado em Paris em 1956, ele estreou por aqui em janeiro de 1960 e tinha um motor de quatro cilindros, 845 cm³ e 26 cv. Ele agradava pela economia de combustível, mas a suspensão, frágil para o péssimo estado de conservação das estradas brasileiras, lhe rendeu o jocoso apelido de “Leite Glória”, já que a publicidade do leite em pó na época tinha o slogan “desmancha sem bater”.
Em 1962, a Renault passou a fabricar também o Gordini, que usava a mesma carroceria do Dauphine e um motor mais forte, de 40 cv, associado a um câmbio de quatro marchas (o do Dauphine tinha três). Fabricado até 1965, ele teve as versões Gordini II, Gordini III e Gordini IV até 1968, quando a Ford assumiu o controle da Willys-Overland e paralisou a produção do modelo.
Outro Renault marcante feito nessa época foi o esportivo Willys Interlagos, versão nacional do Alpine A108 francês. Aqui no Brasil, ele usava uma carroceria que mesclava plástico e fibra de vidro e tinha três opções de motor: 850 cm³ com 40 cv, 900 cm³ com 56 cv e 1000 cm³ com 70 cv. Havia configurações cupê, berlinetta e conversível. Leve, baixo e com boa aerodinâmica, o modelo teve uma carreira de sucesso nas pistas.
Ford com sangue Renault
Mesmo após a saída de cena desses primeiros Renault, o espírito da marca francesa continuou presente por muito tempo em modelos de outras montadoras. Isso porque o projeto do Renault 12 deu origem ao Ford Corcel, de 1969, cujo motor foi depois reaproveitado, com modificações, no Corcel II, no Escort e até mesmo nos modelos produzidos pela Volkswagen durante a joint-venture Autolatina, na qual Ford e VW compartilhavam base mecânica em seus modelos.