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Shelby tem museu imperdível em Las Vegas
História

Shelby tem museu imperdível em Las Vegas

Além de coleção de carros idealizados por Carrol Shelby há lojinha e a oficina de preparação dos Ford Mustang GT e F-150 Raptor

Tião Oliveira, Las Vegas, EUA

10 de fev, 2019 · 13 minutos de leitura.

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shelby
Logo do Shelby Ford Mustang GT 500 Super Snake
Crédito:Crédito: James Fassinger/Reruters

A Shelby é uma daquelas marcas que fazem brilhar os olhos de qualquer fã de carros. E visitar o Carrol Shelby Museum, em Las Vegas, nos EUA, é obrigatório para quem quiser conhecer a trajetória do ex-piloto e preparador texano. No acervo, há modelos como Cobra, Daytona e Super Snake. Além de muitos, mas muitos supercarros baseados no Mustang GT.

O complexo fica ao lado do aeroporto de Las Vegas. Na frente há uma loja de acessórios e suvenires e uma área com cerca de 50 carros expostos. No fundo, separada por uma parede vazada por algumas janelas de vidro, está a Shelby American Inc.

A entrada na oficina é restrita a poucos privilegiados. É o caso dos clientes que deixaram seus Mustang GT e picapes F-150 Raptor para serem anabolizados. No caso do cupê, o kit mais barato, com alterações no visual, parte de cerca de US$ 8 mil (R$ 31 mil, na conversão direta).

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Primeiro Shelby
Na lojinha, há mimos como cinzeiros coloridos em forma de discos de freio com pinças. Cada peça sai por US$ 39,95 (cerca de R$ 150). A dica para quem tem milhões (de dólares) na conta bancária é que vários carros expostos, inclusive de competição, também estão à venda.

Se esse não é o seu caso, a boa notícia é que a entrada é grátis. Assim como as visitas guiadas, que não requerem agendamento prévio. Basta aparecer por lá de segunda a sexta-feira, às 10h ou às 13h30. Ou às 10h do sábado. O museu abre também aos domingos.

Dos carros expostos, a joia da coroa é o CSX2000, de 1962. O roadster, que pertence a um colecionador, foi emprestado ao museu. E pode ser visto pelo público até 31 de março. Primeiro Shelby Cobra da história, o carro foi vendido em 2016 por US$ 13,7 milhões (aproximadamente R$ 53 milhões).


Mito reeditado
Outro mito que pode ser visto (e comprado) é uma das dez unidades numeradas da reedição do GT 500 Super Snake, lançada há poucos meses. O cupê com tem o mesmo visual da primeira série, produzida em 1967. O motor é um Ford V9 preparado. Tem 7 litros e mais de 550 cv. O carro parte de US$ 249.995 (em torno dos R$ 962 mil).

A prática de relançar modelos colecionáveis é uma das características da Shelby. Tanto que outra joia do acervo é um dos quatro Shelby Série 2 feitos no ano passado. O roadster é baseado no modelo de 1999. E tem motor V8 que, conforme o nível de preparação, pode passar dos 800 cv.

Aliás, a potência superlativa, outra marca registrada da Shelby, está muito bem representada pelo kit Shelby 1000. Trata-se de um pacote que pode ser instalado no Mustang GT feito a partir de 2015. Faz o motor V8 gerar 1000 cv. Um cupê da Ford com esse kit exposto no museu também está à venda.


Protótipo do GT
Outro destaque que o fã endinheirado pode levar para casa é um dos protótipos que deu origem à atual geração GT. Produzido em 2002, o carro foi dado de presente pela Ford à Shelby. Entre as curiosidades, há um ressalto no teto que se parece com uma bolha e permite a acomodação de pilotos altos.

Há ainda um Shelby Terlingua, de 2016. O carro de competição é pintado de preto e “amarelo horrível”, as cores da equipe criada por Shelby nos anos 60. Baseado no Mustang, tem motor de 750 cv e ostenta o logo do coelho raivoso na grade dianteira (veja detalhes abaixo).

Pode parecer um contrassenso, uma vez que a Shelby deixa ainda mais potentes os Ford V8 que já são muito fortes, mas no museu também há bicicletas elétricas. Batizadas de Shelby RV65, as “magrelas” são fruto de uma parceria com a start up francesa Stajvelo.


História
Filho de um carteiro e de uma dona-de-casa, Carrol Hall Shelby nasceu em 11 de janeiro de 1923 em Leesburg, no interior do Texas. A família se mudou para Dallas, onde o rapaz concluiu o ensino secundário, em 1940.

Por causa da 2ª Guerra, iniciada um ano antes, Shelby desistiu de frequentar o curso de Engenharia Aeronáutica, no qual havia se matriculado, e se alistou na Força Aérea dos EUA. Além de participar de combates, ele foi instrutor de voo e piloto de testes.

Após o fim do conflito, o então 2º tenente Shelby deixou o serviço militar. Ele trabalhou no ramo de petróleo e chegou a ser avicultor.


Voando baixo
A paixão por carros e velocidade o levou Shelby às pistas, como piloto amador, ao volante de um MG TC. Mais tarde, os bons resultados com os também ingleses Cad-Allards renderam convites para a coordenação de equipes de fábrica da Aston Martin e Maserati, já nos anos 50.

Entre os vários feitos, ele bateu 16 recordes de velocidade nas salinas de Bonneville, em Utah, foi piloto de Fórmula-1 de 1958 a 1959. No mesmo ano, Carrol Shelby venceu a 24 horas de Le Mans (França), a bordo de um Aston Martin DBR1, tendo como parceiro o inglês Roy Salvadori.

Durante a prova, Shelby ficou impressionado com o desempenho do Ace, modelo feito pela AC Cars. Três anos depois, o GT inglês serviria de base para a construção do AC Cobra.


Shelby Cobra

Ainda em outubro de 1959, Shelby abandou a carreia de piloto por causa de problemas de saúde e abriu uma escola para pilotos e a Shelby-American. A empresa passou a importar da Inglaterra o AC Cobra, que ficou conhecido como Shelby Cobra.

O roadster, fruto de um projeto idealizado de Shelby, tinha motor Ford V8. O modelo foi o embrião de uma série de carros de sucesso feitos em parceria com a Ford, Daytona Coupe, GT40, Shelby GT350 e Shelby GT500, ambos feitos com base no Mustang.


Terlingua

O Terlingua Racing Team é uma grande brincadeira idealizada por Shelby e alguns de seus amigos mais próximos. Atualmente, contudo, há carros de competição que carregam as cores e logo do time fictício criado há cerca de 60 anos.

No início da década de 60, Carroll Shelby e Dave Witts, um advogado de Dallas, passaram a ser donos de uma cidade fantasma no Texas, batizada de Terlingua, próximo à fronteira com o México. No site da equipe, consta que na época havia sete moradores, “sem contar nove cabras e dois burros mexicanos”.


A dupla pretendia dividir e lotear a propriedade, mas não encontraram interessados pela terra, árida e castigada pelo sol escaldante. Shelby e Witts decidiram usar o lugar para se divertir e caçar na companhia de amigos como Tom Tierney, então Relações Públicas da Ford, e Bill Neale, artista especializado em pintura de veículos.

Coelho virou símbolo

Em um desses muitos encontros, Tierney sugeriu a Neale que criasse um brasão para a cidade. Em um guardanapo surgiu, então, o desenho do coelho com o sol e três penas.


Shelby gostou do resultado e decidiu usar o brasão como logo do fictício time de competição da cidade. No dia 14 de fevereiro de 1965, um GT350-R, designado como RR002, ganhou a Green Valley Raceway, prova nos arredores de Dallas, ostentando o símbolo da Terlingua Racing Team.

No ano seguinte, Neale e Shelby, aproveitando do fácil acesso aos boxes da Indy 500, colaram o logo da TRT em todos os carros que participariam da corrida. Entre os que, cientes ou não, foram “adicionados” ao time da cidade fantasma, há pilotos como Parnelli Jones, Dave McDonald, Ken Miles e Lew Spencer.

O logo da TRT também estava no carro com o qual Jerry Titus conquistou o título da série Trans-Am para a Ford, em 1967.


Amarelo ‘horrível’ 

Como o brasão passava um tanto despercebido, Shelby pediu a Neale que desenvolvesse uma nova versão, agora colorida, que se destacasse na carroceria. O resultado, que o desenhista batizou de “amarelo horrível”, permanece até hoje.

O fato é que a brincadeira ganhou o mundo. O logo da TRT já foi ostentado por carros que disputaram provas em Le Mans (França), Sebring (EUA), Nurburgring (Alemanha), Monza (Itália), Silverstone (Inglaterra), Nassau (Bahamas) e Spa Francorchamps (Bélgica), entre vários outros circuitos.


Pata levantada na TRT de Shelby

Neale conta que buscou inspiração nos brasões europeus para criar o símbolo da cidade de Terlingua, que mais tarde seria utilizado na TRT. Ele tentou desenhar alguns animais que viviam na região da cidade fantasma e percebeu que o “jackrabbit” era o mais adequado.

No site da TRT, Nale conta que muita gente pergunta por que o coelho está com a pata direita erguida. “Ele está dizendo: ‘Não ponha mais pimenta no meu chili, por favor.’”

Viagem feita a convite da Ford


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Sistemas de assistência do carro podem apresentar falhas

Autodiagnóstico geralmente ajuda a solucionar um problema, mas condutor precisa estar atento

22 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Os veículos modernos mais caros estão repletos de facilidades para a vida do motorista e, dependendo do nível, podem até ser considerados semiautônomos. Câmeras, sensores, radares e softwares avançados permitem que eles executem uma série de funções sem a intervenção do condutor.

As tecnologias incluem controlador de velocidade que monitora o carro à frente e mantém a velocidade, assistente para deixar o veículo entre as faixas de rolagem, detectores de pontos cegos e até sistemas que estacionam o automóvel, calculando o tamanho da vaga e movimentando volante, freio e acelerador para uma baliza perfeita.

Tais sistemas são chamados de Adas, sigla em inglês de sistemas avançados de assistência ao motorista. São vários níveis de funcionamento presentes em boa parte dos veículos premium disponíveis no mercado. Esses recursos, no entanto, não estão livres de falhas e podem custar caro para o proprietário se o carro estiver fora da garantia.

“Os defeitos mais comuns dos sistemas de assistência ao motorista estão relacionados ao funcionamento dos sensores e às limitações do sistema ao interpretar o ambiente”, explica André Mendes, professor de Engenharia Mecânica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

Recalibragem necessária

O professor explica que o motorista precisa manter sempre os sensores limpos e calibrados. “O software embarcado deve estar atualizado, e a manutenção mecânica e elétrica, ser realizada conforme recomendações do fabricante”, recomenda.

Alguns sistemas conseguem fazer um autodiagnóstico assim que o carro é ligado, ou seja, eventuais avarias são avisadas ao motorista por meio de mensagens no painel. As oficinas especializadas e as concessionárias também podem encontrar falhas ao escanear o veículo. Como esses sistemas são todos interligados, os defeitos serão informados pela central eletrônica.

A recalibragem é necessária sempre que houver a troca de um desses dispositivos, como sensores e radares. Vale também ficar atento ao uso de peças por razões estéticas, como a das rodas originais por outras de aro maior. É prudente levar o carro a uma oficina especializada para fazer a checagem.

Condução atenta

A forma de dirigir também pode piorar o funcionamento dos sensores, causando acidentes. É muito comum, por exemplo, o motorista ligar o piloto automático adaptativo e se distrair ao volante. Caso a frenagem automática não funcione por qualquer motivo, ele precisará agir rapidamente para evitar uma batida ou atropelamento.

Então, é fundamental usar o equipamento com responsabilidade, mantendo sempre os olhos na via, prestando atenção à ação dos outros motoristas. A maioria dos carros possui sensores no volante e desabilita o Adas se “perceber” que o condutor não está segurando a direção.

A desativação ocorre em quase todos os modelos se o assistente de faixa de rolagem precisar agir continuamente, sinal de que o motorista está distraído. Alguns carros, ao “perceber” a ausência do condutor, param no acostamento e acionam o sistema de emergência. “O usuário deve conhecer os limites do sistema e guiar o veículo de forma cautelosa, dentro desses limites”, diz Mendes.