Sonho que mora na garagem

Leitor conserva há 30 anos um exemplar 1954 do sedã Chevrolet Bel Air, que diz ser uma de suas lembranças de infância mais fortes. Modelo é equipado com motor de seis-cilindros em linha de 125 cv e antes de "morar" na garagem de Moutinho,...

Por 07 de jan, 2011 · 4m de leitura.

Francisco Moutninho conta que sonhava tocar no sedã quando o via de perto, na infância (Fotos: Sérgio Castro)

Viviane Biondo

O sedã Chevrolet Bel Air é a lembrança mais forte da infância do empresário Francisco Moutinho. “Morava numa fazenda em Leme (no interior), onde meu pai era administrador. O proprietário ia da cidade para lá em um (exemplar) 1954”, conta. Segundo ele, o carro ficava guardado a sete chaves. “Eu sonhava em chegar perto dele e tocá-lo.”


A realização desse sonho levou tempo, quase trinta anos. Foi só em 1980 que Moutinho encontrou um modelo idêntico ao de sua infância. “Andava de bicicleta aos domingos e reparei no carro, guardado em uma garagem. Insisti com o dono e acertamos o negócio.”
O empresário conta que, por pouco, o Bel Air não virou um hot rod (veículo antigo equipado com motorzão).

“Cheguei para fechar negócio e dois rapazes contavam o dinheiro para levar o carro por um valor alto. Ainda bem que eles disseram que trocariam o motor e rebaixariam a suspensão na frente do dono, que na hora tocou os dois de lá”, ri ele. “O Bel Air tinha mesmo de morar na minha garagem.”


Por causa dos cuidados do antigo proprietário – o único, até então -, o sedã não precisou de reparos. “Só fiz melhorias, como colocar outras calotas e trocar o estofamento de couro pelo de casimira”, conta o empresário. O motor seis-cilindros de 125 cv permanece original.


Agora, o carro da vida de Moutinho já está com sua família há 30 anos. Ele fala com muito carinho sobre o Bel Air, que traz algumas soluções típicas da época em que foi feito. “O relógio precisa de corda para funcionar e o rádio, AM, é à válvula. Tem de esquentar para pegar”, afirma ele. “Todo mundo tem um sonho. O meu mora na minha garagem.”