Thiago Lasco
O TL 1971 destas fotos faz parte da história da família do comerciante Marcelo Soldan há quase 40 anos. O Volkswagen foi comprado pelo pai dele em 1975, com apenas 10 mil km rodados, e se tornou o item predileto de sua coleção de carros. “O TL sempre foi o xodó do meu pai, mesmo quando ele chegou a ter 20 antigos na garagem”, lembra o atual dono do cupê azul, que é exibido com orgulho, como se fosse uma joia.
Mas nem sempre foi assim. Nos anos 90, o VW não era exatamente um motivo de orgulho para Soldan e seus irmãos, então pequenos. “Estudávamos no Colégio Dante Alighieri (no Jardim Paulista), onde só tinha carrão, e meu pai vinha nos buscar com o TL. Meus irmãos ficavam com vergonha de entrar no carro.”
Atualmente com 44.400 km, o VW está totalmente original. Tem chave reserva, manual do proprietário e nota fiscal. A placa preta foi colocada em 2002.
O exemplar é da última série com a “dianteira alta”. Em 1972, o cupê e a Variant foram reestilizados e ganharam frente baixa parecida com a qual a Brasília se imortalizou a partir de 1973.
Soldan afirma que roda com o carro pelo uma vez por mês, “para fazer o óleo e a gasolina circularem”. De acordo com ele, o TL não dá trabalho. “É só trocar a bateria, limpar o carburador de tempos em tempos e colocar gasolina.” Como o carro fica muito tempo parado, ele deixa o câmbio engatado e o freio de estacionamento solto. “É para as lonas traseiras não grudarem”, conta.
Mesmo tendo uma vida discreta, o cupê de Soldan protagonizou um momento emblemático junto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Quando começou a namorar a dona Marisa, ele tinha um TL dessa cor. Daí a VW pediu meu carro emprestado para um evento em que ele participou quando era presidente.”
O comerciante afirma que as propostas de compra são recorrentes, mas ele não se dobra. “Tenho amigos de olho nele. Mas é um carro da família e, pelo valor afetivo, é invendável. Eu olho para o TL e vejo meu pai nele.”
História
O TL foi lançado no Brasil no fim de 1970. Foi o terceiro membro da família VW 1600, que incluía o sedã, que ficou conhecido como “Zé do Caixão”, e a perua Variant, de 1969.
A mecânica era a mesma do Fusca, com motor boxer traseiro refrigerado a ar. O compartimento de carga na dianteira é característica também do besouro. Houve uma versão de quatro portas, destinada principalmente para taxistas.
A produção do TL foi encerrada em 1975. Pesaram contra o carro a idade do projeto – o alemão VW Typ 3, do qual deriva, é de 1961 – e o surgimento de modelos mais competitivos dentro da própria linha de produtos Volkswagen, como a Brasília (1973), um grande sucesso de vendas, e o Passat (1974), que foi o sucessor natural do TL.
(Confira a fan page do Jornal do Carro no Facebook: https://www.facebook.com/JornaldoCarro)