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Tudo sobre o Fiat Brava, lançado no Brasil há 20 anos
História

Tudo sobre o Fiat Brava, lançado no Brasil há 20 anos

Lançado no Brasil em 1999, o Brava era a aposta da Fiat para disputar o concorrido segmento de hatches médios. Confira o dossiê com tudo sobre o modelo

Tião Oliveira

21 de dez, 2019 · 46 minutos de leitura.

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fiat brava
Brava de 2001 é destaque da
Crédito:FELIPE RAU/ESTADÃO

O Fiat Brava foi lançado no Brasil no fim dos anos 90. A marca precisava de um produto do segmento de hatches médios, cujas vendas iam muito bem.

A concorrência estava muito bem posicionada e os novos Chevrolet Astra e Volkswagen Golf haviam sido confirmados para o País. Outros rivais importantes eram o Ford Escort e o Renault Mégane.

A ideia inicial era importar o Bravo (de duas portas) da Itália. Mas por causa do dólar a Fiat acabou produzindo o Brava no Brasil. Confira os detalhes dessa história mais abaixo.

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Andamos no carro do acervo

Passados 20 anos, a Fiat incorporou uma unidade do hatch à sua coleção. A marca mantém, na fábrica de Betim (MG), um acervo com mais de 20 carros.

FIAT BRAVA
FOTOS: FELIPE RAU/ESTADÃO

Há modelos como o primeiro 147 a etanol, Oggi, Uno R e Tempra, entre outros. O objetivo é preservar a história da empresa no Brasil.


fiat brava

Junho de 1998

A Fiat precisava urgentemente de um hatch médio para o mercado brasileiro. O novo Astra já era feito no Brasi. O Golf, que vinha da Alemanha, também passaria a ser feito pela Volkswagen no País. A Fiat, então, anunciou a importação do Bravo.

O hatch de duas portas da família Marea foi lançado na Europa em 1995, juntamente com o Brava (quatro portas). Os dois eram feitos na Itália e na Polônia.


A primeira aparição pública do Bravo no Brasil ficou marcada para o Salão do Automóvel de 1998. A estimativa era de que o modelo teria preço a partir de R$ 22 mil. As primeiras unidades deveriam chegar às concessionárias até dezembro daquele ano.

fiat brava

OSWALDO LUIZ PALERMO/ESTADÃO


Na época, uma reportagem do Jornal do Carro já informava que era grande a chance de o Bravo ser feito no Brasil. Isso porque muitos itens mecânicos do hatch eram iguais aos do Marea. O sedã já era fabricado pela Fiat em Betim (MG).

O Bravo teria duas opções de motor no Brasil. O “menor” seria o 1.6 de quatro cilindros, 16V e 103 cv de potência. A versão de topo traria o 2.0 de cinco cilindros, 20V e 142 cv, o mesmo do Marea. Na Itália, o Bravo tinha sete opções de motor, sendo quatro a gasolina.

No visual, a dianteira do Bravo era igual à do Marea. Com 4,03 metros de comprimento, o hatch era 36 cm mais curto que o sedã. A distância entre os eixos era de bons 2,54 m.


Setembro de 1998

A Fiat anuncia a duas vinda de versões do Bravo ao País. A mais simples, e estreante, seria a SX, com motor 1.6 de 16 válvulas e 106 cv. O Bravo HGT foi prometido para o início de 1999. Teria o mesmo 2.0 de 20 válvulas e 142 cv do Marea.

Além do motor mais forte, Bravo HGT teria visual esportivo. Entre os diferenciais o carro traria pára-choques exclusivos, spoilers nas laterais e traseira, rodas de liga-leve e faróis auxiliares. A Fiat também prometia uma ampla lista de equipamentos.

Novembro de 1998

O Bravo foi lançado no Brasil durante o Salão do Automóvel. E, pela primeira vez, a Fiat mostrou o Brava no País. A marca informou que trouxe o hatch de quatro portas para avaliar o interesse do consumidor brasileiro.


Janeiro de 1999

A Fiat cancela a importação do Bravo, cuja estreia havia sido adiada para março. A mudança nos planos foi atribuída à alta do dólar, que, segundo a marca, tornara inviável manter o modelo competitivo diante de rivais de peso, como o Astra e o Golf.

Ao mesmo tempo, a marca informou que faria o Brava em Betim (MG). A produção começaria em julho do mesmo ano. A versão de estreia, SX, traria motor 1.6 de 106 cv.

 


Março de 1999

Ainda por causa da desvalorização do real e da instabilidade da economia, a Fiat adiou, por tempo indeterminado, o início de produção do Brava. Giovanni Razelli, o então diretor- superintendente da Fiat no Brasil, disse ao JC que enquanto a variação cambial não mudasse, o carro não será feito aqui nem importado.

Para viabilizar a produção, o índice de nacionalização de peças do Brava deveria ser de 70%. O Marea, feito no Brasil desde meados do ano anterior, tinha cerca de 50% de nacionalização.

Julho de 1999

A Fiat anuncia que a produção do Brava começaria em outubro. A retomada do projeto foi possível após a marca conseguir obter os 70% de índice de nacionalização de peças. Os preços não foram revelados, mas a estimativa ficava entre R$ 22 mil e R$ 23 mil.


Pesou a favor da produção o fato de a Fiat estar perdendo espaço para a concorrência. As primeira unidades do Volkswagen Golf nacional chegariam às lojas em agosto.

Outubro de 1999

O lançamento do Brava marcou o início das vendas de carros pela internet. Por meio de um site dedicado, o interessado podia escolher opcionais, cor da carroceria e até a forma de pagamento. Segundo a Fiat, em até 24 horas após receber o pedido um vendedor da concessionária indicada pelo cliente entraria em contato para finalizar o negócio.

Reportagem do JC destacava que o Brava marcava a volta da Fiat ao segmento de hatches médios no País. E citava a demora da marca – o Tipo havia saído de linha há mais de dois anos. A tabela partia de R$ 27.292 (versão SX) e R$ 30.969 (ELX).


Para chegar a esses valores, a Fiat reduziu a potência do motor 1.6 de 106 para 99 cv. Com isso a marca conseguiu enquadrar o hatch em uma faixa mais baixa de IPI, para modelos com motores de até 100 cv. O resultado é que faltava fôlego mover os 1.200 kg.

Estreia com desconto

Logo na estreia, o Brava já era oferecido com descontos. Em uma grande revenda Fiat na capital paulista, uma unidade com opcionais e tabelada a R$ 33.500, saía por R$ 28 mil.

Nesse caso, o abatimento era de 16,4%. O hatch podia ser adquirido por meio do Banco Fiat em planos de financiamento em até 36 meses. As taxas de juros eram de 2,29% (12 meses), 2,4% (24 vezes) e 2,5% (36 parcelas).


Outra concessionária da Grande São Paulo, que recebeu 14 unidades, tinha ofertas a partir de R$ 28.500. “O mercado é que vai definir os porcentuais de abatimento”, disse ao JC o gerente de vendas da empresa.

Motor ganha cavalos perdidos

Poucas semanas após o lançamento do Brava, a Fiat “devolveu” os 7 cv ao motor 1.6. O motivo foram mudanças nas alíquotas do IPI.

Passaram a valer apenas duas faixas de imposto: 10% para os com motor 1.0 e 25% para os demais. Isso criou uma situação inusitada. Havia unidades com motores de 99 cv e outras com o de 106 cv. Mas todas eram ano/modelo 1999/2000.


Quando isso ocorreu, cerca de 600 Brava com o motor “menor” já haviam sido vendidas. Então repórter do JC, Alexandre Carvalho escreveu:

“As unidades mais potentes são esperadas pelos revendedores para as próximas semanas, e sem aumento de preço. O torque também subiu de 14,8 mkgf para 15,1 mkgf.

Mudança no IPI

A decisão de voltar à potência original do motor 1.6 16V, o mesmo que equipa o Palio, foi causada pela mudança nas alíquotas do IPI, em vigor desde o dia 1º de outubro. As 13 alíquotas foram reduzidas a 2.


Isso liberou as montadoras para aumentar a potência de parte dos modelos sem recolher mais imposto por isso. A mudança feita pela Fiat, entretanto, vai causar um problema para o consumidor que no futuro comprar ou vender um Brava usado da linha 1999/2000: distinguir as 600 unidades produzidas com apenas 99 cv, que valerão menos.

A Fiat exime-se de responsabilidade por esse problema, alegando que não podia  parar a  produção à espera da mudança de alíquota. Revendedores estimam que, se ainda houver estoque quando o Brava de 106 cv chegar, o de 99 cv terá até dois pontos porcentuais a mais de desconto. Atualmente, o abatimento chega a 9%.

Para saber a potência do Brava novo ou usado, o comprador deve perguntar ao vendedor. A nota fiscal de compra deve trazer essa informação. O documento de propriedade também informa a potência.”


Novembro de 1999

Por causa das fracas vendas, a Fiat passou a oferecer bônus de R$ 1 mil para o Brava.

Dezembro de 1999

Até o dia 31, parte dos revendedores Fiat davam ar-condicionado grátis para as versões SX de Brava e Marea, perua e sedã. Isso representava desconto de R$ 1.525,00.

Janeiro de 2000

A primeira semana de 2000 começou com cerca de 100 mil carros encalhados nos pátios das montadoras e revendas do País. Esse número correspondia a pelo menos 30 dias de vendas. Um Brava SX com vidros elétricos, faróis de neblina, toca-fitas e ar-condicionado saía por R$ 26.800 em uma autorizada Fiat da capital.


Fevereiro de 2000

Fiat lança a versão HGT do Brava no Brasil. O motor 1.8 16V gerava 132 cv de potência. Com tabela inicial de R$ 33.950, a nova opção tinha como rivais esportivos como o VW Golf 2.0 e 1.8 Turbo, Chevrolet Astra GLS 2.0, Ford Escort RS e Peugeot 306 Rallye.

Entre os destaques, o Brava HGT vinha de série com direção hidráulica, spoiler traseiro, grade dianteira pintada de cinza. Rodas de liga leve de 15 polegadas, maçanetas e retrovisores externos da mesma cor da carroceria e toca-CDs faziam parte do pacote.


A lista de opcionais trazia freios antitravamento ABS, “pintura especial”, vidros traseiros com acionamento elétrico e air bags laterais para motorista e passageiro.

Março de 2000

Embora os estreantes fossem vendidos pelo preço de tabela ou acima, poucas semanas após chegar às lojas o Brava HGT podia ser encontrado com descontos de até 7%.

Junho de 2000

No 68.º Salão do Automóvel de Turim (Itália), a Fiat mostrou o Brava e o Bravo Steel.


Julho de 2000

A linha 2001 do Fiat Brava chegava às lojas com novos itens de série. A versão SX passou a ter volante de quatro raios (igual ao do Marea) e vidros dianteiros elétricos.

Novos apoios de cabeça, luz no porta-luvas e abertura interna do porta-malas, que passou a ser iluminado, também passaram a ser oferecidos.

A versão ELX ganhou o mesmo volante, toca-CDs, pára-brisa degradê e pára-sol do motorista com cobertura e espelho, que já estava no Brava HGT. Outra novidade eram os revestimentos de tecido nos painéis das portas e bancos.


Outubro de 2000

No Salão do Automóvel de 2000, um Brava HGT blindado em fase de desenvolvimento estava no estande da Fiat. O objetivo, segundo a marca, era avaliar a aceitação do público. A blindagem, feita pela Imbra, pesava menos de 100 kg, segundo a blindadora.

Novembro de 2000

Reportagem publicada no JC mostrava alguns equipamentos sofisticados pouco conhecidos da maioria dos motoristas. Era o caso da regulagem elétrica da altura dos faróis e abertura do porta-malas por comando interno, disponíveis no Brava.


Dezembro de 2000

Para desovar estoques, parte das concessionárias Fiat de São Paulo ofereciam o Brava com ar-condicionado grátis.

Março de 2001

Na 71ª edição do Salão de Genebra (Suíça), a Fiat apresentou o Stilo. A expectativa era de o modelo, que iria substituir Brava e Bravo, chegaria ao Brasil em 2003.


Enquanto isso, o Brava SX era oferecido com desconto de R$ 1.480 no Brasil. Nesse caso, o modelo saía por a partir de R$ 28.108,00 (mais frete de R$ 813, em média).

No caso de financiamento, o sinal era de 30% do valor do carro (R$ 8.432). O saldo poderia ser pago em 36 parcelas fixas de R$ 742.

Maio de 2001

Assim como o Marea, o Brava ganhou nova chave de ignição e o chamado kit comfort. Por R$ 265, o pacote trazia vidros com acionamento elétrico, antiesmagamento, sistema de alívio da pressão interna, sistema um toque para subida e descida total, chave com telecomando e travamento automático das portas a partir dos 30 km/h.


De série, todas as versões do Bravo traziam travas e vidros dianteiros elétricos, direção hidráulica, ar-condicionado, volante regulável, abertura interna do porta-malas, terceira luz de freio e luz traseira de neblina, entre outros itens.

No fim do mês, a Fiat lançou a linha 2002 do Brava. Não houve reajuste nos preços. A versão SX tinha tabela a partir de R$ 29.588, a ELX de R$ 32.512 e a HGT, de R$ 35.114.

Motor atualizado

A alteração mais importante foi feita no motor 1.6 16V. O quatro-cilindros Corsa Lunga teve o curso dos pistões aumentado e o diâmetro dos cilindros reduzido.


A cilindrada passou de 1.580 cm³ para 1.596 cm³. O torque aumentou de 15,1 mkgf para 15,4 mkgf a 4.500 rpm.

Segundo dados da Fiat, a 1.500 rpm o motor gerava 13 mkgf, ou 82,5% da força máxima. A potência, de 106 cv, foi mantida e o consumo de combustível baixou 10%.

Coletor de plástico

Virabrequim e comando de válvulas eram novos. O coletor de admissão passou a ser  de plástico. As alterações foram feitas para dar sobrevida ao Brava até a chegada do Stilo. A estreia do sucessor do hatch feito em Betim (MG) era esperada para 2003.


Segundo o JC, o Brava 2002 ficou um pouco mais rápido nas saídas e retomadas de velocidade. Resultado da maior oferta de força principalmente em baixas e médias rotações, faixas mais usadas no trânsito.

A suspensão traseira foi recalibrada, para melhorar a estabilidade. O motor 1.8 16V da versão HGT não mudou, mas o quadro de instrumentos passou a ter fundo branco.

Lista de equipamentos

Por fora, o Brava ganhou novas logomarca e rodas de liga leve de 15 polegadas de série para a versão ELX ,além de piscas laterais na cor branca. Os bancos foram remodelados e, segundo informações da Fiat, o espaço para os passageiros de rás foi ampliado.


Na linha 2002, todas as versões ganharam regulagem de altura do banco do motorista e novos alto-falantes e tweeters. A configuração ELX recebeu faróis de neblina de série.

Julho de 2001

Quem foi ao Festival de Inverno de Campos do Jordão (SP) de 2001 pôde ver de perto a linha 2020 do Brava. Havia unidades do hatch para test drive.

Nem bem o Brava 2002 chegou às lojas, já havia promoções. O JC encontrou uma unidade da versão SX em uma autorizada da capital paulista por R$ 28,5 mil. Esse preço era quase R$ 1,8 mil menor que o da tabela, de R$ 30.279.


O comprador também ganhava seis meses de seguro e documentação grátis, além de tanque cheio. Isso representa R$ 1.700.

Setembro de 2001

Reportagem do JC informava que o Stilo seria feito no Brasil a partir do segundo semestre de 2002. Uma das opções de motor seria 1.8. De acordo com informações da Fiat, no Brasil o Stilo não substituiria o Brava, mas ficaria posicionado entre o veterano e o Marea.

Novembro de 2001

A linha Bravo teve os preços reajustados em média, 0,3%. Com isso, a tabela da versão SX, de entrada, passou a ser de R$ 30.665.


Abril de 2002

Patrocinadora da primeira edição do Big Brother Brasil, a Fiat premiou cada um dos três finalistas do reality show com um Brava SX. Com 68% dos votos, Kléber “Bambam” faturou também um prêmio no valor de R$ 500 mil.

No mesmo mês, a Fiat lançou a linha 2003 do sedã Marea, da perua Marea Weekend e do Brava. A única novidade era a opção de Prata Bari.


Duas concessionárias consultadas pela reportagem já ofereciam descontos para os três modelos. Os abatimentos variavam de 2% a 10% do valor da tabela sugerida pela Fiat.

Novembro de 2002

No penúltimo mês do ano, vários carros já não eram mais oferecidos aos concessionários, mas ainda apareciam nas tabelas das montadoras. Entre eles estavam o Volkswagen Polo com motor 1.0 16V, a picape Ford Ranger SuperCab e o Fiat Brava.

A saída de cena do hatch foi decretada pela estreia do Stilo. A Fiat não confirmou o fim da oferta do Brava. A marca anunciou que havia feito uma “parada estratégica” na linha de produção. Contudo, concessionários disseram ao JC que o hatch não era mais fabricado.


Abril de 2003

Para desovar as últimas unidades do Brava disponíveis nos estoques, autorizadas da Fiat ofereciam descontos de até 6,5% nos preços. De R$ 34.332, o hatch saía por R$ 32.115.

Setembro de 2003

Após um ano do lançamento do Stilo no Brasil, a Fiat finalmente anunciou a aposentadoria do Brava. A oferta do hatch estava oficialmente encerrada no País.

Avaliação do Brava 1.6

Após avaliar o modelo, em outubro de 1999, o então repórter do JC, Glauco Lucena escreveu:
“As respostas do motor carecem de agilidade, sobretudo nas retomadas e em trechos de subida. A situação piora muito com o ar-condicionado ligado. O torque máximo de 14,8 mkgf apresenta-se em giro elevado (4.750 rpm).


As relações de marcha foram trabalhadas para compensar esse problema, mas com isso o ruído do motor fica bem elevado. Se o motor não corresponde ao visual agressivo do carro, não há do que reclamar do câmbio.

O do Brava tem engates precisos. Os freios (com opção de ABS) permitem paradas firmes. A direção, agradável para manobras, mostrou-se muito leve em alta velocidade. A suspensão exagera um pouco na maciez, fazendo o carro balançar demais.”

“A dianteira é quase idêntica à do Marea. Os dois dividem a plataforma, só que a do Brava é encurtada em 20 cm. Os traços mais marcantes estão na traseira, com as lanternas em forma de três filetes incrustados na carroceria e o break-light no porta-malas.


O interior do Brava segue a ousadia das linhas externas. O painel tem desenho moderno, com comandos de som e climatização totalmente incorporados, o que dificulta o furto.

O banco do motorista tem regulagem de altura, assim como a coluna de direção, o que ajuda a encontrar uma boa posição ao volante. O espaço traseiro é bom para um médio.

Em equipamentos, o Brava está bem servido. Os principais opcionais são air bags frontais e laterais, ar-condicionado, faróis auxiliares, toca-discos e rodas de liga leve.”


Avaliação Brava HGT

Após avaliar a versão esportiva HGT do Fiat Brava, em março de 2000, o repórter Alexandre Carvalho escreveu no Jornal do Carro:

“Com o novo regime de alíquotas de IPI, Fiat pôde equipar o Brava com motor de 132 cv. O carro tem boas respostas, mas consumo e ruído do motor são altos.”


Uma das maiores limitações do Brava está resolvida: o motor acanhado, que impedia um desempenho satisfatório. A falta de força do 1.6, de 106 cv, ganhou uma alternativa com o lançamento da versão HGT, com motor 1.8 16V de 132 cv, o mesmo do Marea SX.

Visual esportivo

O Brava passa a ser o carro mais potente na categoria e também o de visual mais esportivo. O barulho do motor em alta rotação ainda incomoda, como na versão 1.6. E, se é mais ágil no trânsito, tem consumo maior.

Com ar-condicionado ligado, fez 8,4 km/l (10,07 km/l com o 1.6 16V). Mas as respostas às acelerações são mais rápidas, o que garante ultrapassagens seguras.


Esse motor seria o que Brava traria no lançamento. Mas com as várias alíquotas de IPI, que variavam com a potência, o preço ficaria fora de mercado.

Desenho moderno

O Fiat Brava tem limitações de visibilidade. Na frente, por causa do desenho moderno, de linha rebaixadas como as do Marea, ao estacionar não é possível ter noção exata de quando se está encostando em outro veículo.

Atrás, o problema é parecido. Como a área envidraçada é limitada pelas colunas, é difícil manobrar de ré. Quem senta nos bancos traseiros tem problema parecido com o do Clio.


O teto começa a cair suavemente da metade do carro para trás. Isso reduz o espaço para a cabeça e forçando o passageiro mais alto a curvá-la.

O acabamento do Brava é bom e o painel de instrumentos traz hodômetro parcial, marcador de temperatura e conta-giros.

Outro problema que chama a atenção é a altura em relação ao solo na parte frontal. Em qualquer lombada ou valeta há risco de o Brava raspar a proteção do cárter no solo.”


Comparativo: Brava x Mégane

Em comparativo de versões com motores 1.6, publicado no JC em setembro de 2000, o Brava venceu o Mégane. O texto é assinado pela repórter Laurimar Coelho:

“A montadora que quiser entrar na briga dos médios, que tem concorrentes do porte de Escort, Golf e Astra, precisa oferecer modelos com bom desempenho e itens de conforto e segurança como diferenciais. É este o caso de dois exemplares avaliados pelo Jornal do Carro: o argentino Renault Mégane RT 1.6 16V e o brasileiro Fiat Brava SX 1.6 16V.


Eles são praticamente similares em desempenho, mas têm nos itens de série e nos opcionais o principal critério de desempate. O desempenho dos dois carros é equivalente porque a diferença de potência é mínima.

Potência parecida

O Mégane oferece 110 cv com seu motor espanhol, enquanto o do Brava rende 106 cv. Os números divulgados pelos fabricantes mostram que o Mégane acelera de 0 a 100 km/h em 10,6 segundos, e o Brava, em 10,7 segundos.

Na avaliação, ambos apresentaram aceleração acanhada, sentida principalmente nas ultrapassagens.


No quesito consumo urbano, o Mégane chegou a 11,9 km/l e o Brava, a 10,5 km/l. O Mégane tem preço inicial sugerido inferior ao do carro da Fiat. São R$ 28.300 para a versão básica e R$ 32.440 para a completa.

O Brava tem preço sugerido de R$ 29.151 a R$ 36.718. O Fiat oferece mais opcionais importantes, como air bags laterais, freios ABS e vidros elétricos traseiros, equipamentos não disponíveis no carro da Renault. Air bags para motorista e passageiro, entretanto, são itens de série no Mégane e opcionais no Brava.

Equipamentos

A direção hidráulica é equipamento de série em ambos os modelos, aspecto que otimiza o conforto ao dirigir. No Brava, há uma vantagem extra, já que o volante tem regulagem de altura de série. No Mégane, é opcional.


Vem dentro de um pacote chamado pack luxo. O kit inclui ar-condicionado, banco do motorista com regulagem de altura e lombar, e rádio/toca-discos com comando satélite.

Visibilidade é outro quesito importante. Tanto no Mégane quanto no Brava, é prejudicada na traseira pela pequena área envidraçada e pelos encostos de cabeça. O equipamento ´de série nesses carros.

A Fiat encontrou uma boa alternativa para minimizar o problema. Os encostos (para os três passageiros) são bem mais afilados.


Visibilidade

Na dianteira, os dois carros apresentam boa visibilidade. O Mégane traz retrovisores externos com ajuste manual.

Para compensar a menor sofisticação (no Brava são elétricos, opcionalmente), a Renault oferece o modelo com espelho do lado do motorista que permite ver a terceira faixa. Afrente em cunha com faróis afilados dá ao Brava um aspecto mais moderno e agressivo.

Porém, para motoristas de baixa estatura, pode dificultar a percepção dos limites do pára-choque dianteiro, principalmente em manobras de estacionamento.


Não é à toa que a Fiat oferece banco com regulagem de altura opcionalmente para o modelo. No Mégane, a frente mais arredondada e a posição de dirigir elevada dispensam este recurso.

Espaço interno

Tanto Brava quanto Mégane oferecem bom espaço interno para quem viaja na frente ou para quem vai atrás. O passageiro do meio no banco traseiro do Mégane conta com maior conforto graças à reduzida altura do túnel, o que permite acomodar melhor as pernas.

No Brava, o túnel é um pouco mais alto. Porém, para o passageiro do meio há encosto de cabeça regulável, um ponto a favor da segurança. Além disso, em ambos há apenas cintos abdominais (os demais passageiros têm cintos de segurança de três pontos).


Para quem leva em conta a capacidade do porta-malas, o Brava sai ganhando. São 370 litros, ante 348 litros no Renault.

O estepe fica sob o carpete nos dois modelos. No painel do Brava, a regulagem de altura dos faróis reduz as chances de ofuscamento quando o porta-malas está lotado, já que neste caso a parte traseira do carro tende a baixar. Estilo

Apelo esportivo

O Brava tem forte apelo esportivo e o destaque fica por conta das três lanternas estreitas nas laterais da traseira, que formam um conjunto harmonioso com o brake-light longo sobre a tampa do porta-malas.


No Mégane, as linhas têm desenho menos agressivo, com formas arredondadas tanto nos faróis (que acompanham a nova grade de ar com elementos cromados) quanto nas lanternas traseiras.

O Brava avaliado veio com rodas de liga leve, ar-condicionado com regulagem de temperatura entre 18 e 30 graus e toca-discos, equipamentos opcionais. O Mégane tinha rodas de aço aro 15 e ar-condicionado com regulagem mais simples (opcional).

Avaliação do Brava HGT blindado

O JC avaliou um Brava HGT blindado pela Inbra em abril de 2001. O modelo havia sido apresentado pela Fiat durante o Salão do Automóvel, em outubro de 2000.


A blindagem podia, segundo informações da blindadora, resistir a projéteis de armas curtas, como revólveres de calibre 38, pistolas 9 mm, 357, Magnum e Magnum 44.

Os vidros tinham 18 mm de espessura. Os das portas traseiras eram fixos e os da frente desciam apenas 95% de seu curso normal. Segundo o engenheiro responsável pelo projeto, o Brava não recebeu alterações nas suspensões nem nos freios.

Garantia foi mantida

Por causa do aumento de peso, a reportagem avaliou que o carro ficou mais lento nas saídas e em aclives. Com o motor girando a partir das 2.500 rpm, contudo, o Brava desenvolvia boa velocidade.


O consumo aferido na cidade foi de 8,8 km/l com o ar-condicionado ligado, algo imperativo por causa da limitação da abertura dos vidros.

A garantia do Brava blindado era mantida pela Fiat. Já a garantia da blindagem era de dois anos. Por meio de uma promoção oferecida aos 50 primeiros compradores, a blindagem saía por R$ 35 mil (fora o preço do carro).

No mesmo mês, a alta da Selic fez os financiamentos de veículos ficarem mais caros. A taxa passou de 15,25% a 15,75% ao ano. Mesmo assim, alguns bancos de montadoras ofereciam taxas especiais. No caso do Brava, os juros eram de 1,67% ao mês.


Comparativo: Brava e Golf 1.6

Em outubro de 2001, o JC publicou um comparativo entre as  versões com motores 1.6 de Brava e Golf. O Fiat venceu. O texto é do repórter igor Thomaz.

A disputa no segmento de hatches médios fez a Volkswagen e a Fiat darem trabalho aos seus engenheiros. Ao contrário do que ocorre com maior freqüência, não foi o visual, mas os propulsores 1.6 do Golf Plus e do Brava ELX (tabelados a R$ 28.264 e R$ 33.428, respectivamente) que receberam  mudanças importantes para continuarem competitivos.


Com desempenho parecido, o confronto entre eles foi decidido nos detalhes. O nível mais elevado de conforto e equipamentos e o espaço um pouco maior deram a vitória ao Fiat.

Novos motores

O hatch da VW teve o antigo motor EA 113, com bloco de alumínio, substituído pelo EA 111, que tem bloco de ferro fundido, cabeçote de alumínio e é 1,5 kg mais leve (104,5 kg).

Esse projeto partiu do motor 1.0 16V Turbo que equipa o Gol. A potência se manteve em 101 cv, atingida a 5.500 rpm. O torque (força) passou de 14,7 a 14,3 mkgf a 3.250 rpm.


O novo motor tornou o VW mais suave sem deixá-lo menos ágil. Assim como a aceleração, as retomadas de velocidade são boas.

O Golf vai de 0 a 100 km/h em 11,7 segundos e chega a 184 km/h de velocidade máxima. O consumo na cidade, medido pela reportagem, foi de 9,9 km/l.

Câmbio do Golf é destaque

Mas a maior qualidade mecânica do Golf é o câmbio, também novo. Os engates são mais suaves, assim como o pedal da embreagem. A direção é mais firme.


Já a Fiat modificou seu motor 1.6 16V (o do Golf tem oito válvulas), em vez de trocá-lo por outro. A mudança principal foi o aumento da cilindrada, de 1.580 cm³ para 1.596 cm³, com o aumento do curso dos pistões e a diminuição do diâmetro dos cilindros.

Os 106 cv de potência (a 5.500 rpm) foram mantidos. O ganho no torque, de 15,1 mkgf para 15,4 mkgf a 4.500 rpm, é tão imperceptível quanto a perda que ocorreu no Golf.

No Brava, a vantagem é que 82,5% do torque máximo, de 13 mkgf, surgem quando o motor atinge 1.500 rpm. Isso deixa o modelo bem ágil. A mudança deu sobrevida ao Brava, que deverá continuar no mercado após a chegada do Stilo, que será feito no País a partir de 2002 e deverá ficar posicionado entre o Brava e Marea.


Brava supera Golf

Mesmo sendo mais caro, o Brava ganhou por ter maior espaço e pelo melhor nível de conforto e equipamentos

O Fiat é mais arisco que o VW. Com o acelerador pressionado ao máximo, o motor rende com maior vigor a partir das 3.000 rpm.

Outro ponto que reforça a esportividade do Brava é o ronco do motor, mais forte que o do Golf. De acordo com dados da Fiat, o Brava é mais rápido que o Golf.


A aceleração de 0 a 100 km/h é feita em 10,7 segundos e a velocidade máxima é de 186 km/h. O consumo urbano ficou em 9,4 km/l pela medição do JC.

Bons de curva

Os dois hatches são bons de curva, mas a suspensão do Golf, um pouco mais firme, passa mais confiança. O Volkswagen tem rodas de aço de 14 polegadas e pneus 175/80. O Fiat traz rodas de liga leve de 15 polegadas e pneus 195/55.

Se no desempenho eles ficam praticamente empatados, o desenho pode ser determinante na hora da escolha. Reestilizado em 1998, o Golf, de visual mais conservador, ganhou linhas suaves e contornos arredondados. Os faróis ficaram menores e receberam lentes transparentes e as lanternas traseiras estão rentes à carroceria.


Apesar de manter o visual de quando foi lançado no Brasil, em 1999, o Brava apresenta um estilo mais agressivo. Isso é reforçado pelo formato dos faróis e os pára-lamas abaulados. Além da frente parecida com a do Marea, chamam a atenção as lanternas traseiras, que são separadas em três partes.

Espaço adequado

Por dentro, os dois oferecem bom espaço. Mas o Brava é mais confortável e acomoda melhor os passageiros no banco de trás. A maior oferta de espaço se repete no porta-malas do Fiat, que leva 370 litros de bagagem. No rival são 330 litros.

A versão ELX do Brava vem de série como itens como regulagem de altura do banco do motorista, travas e vidros dianteiros elétricos, direção hidráulica, ar-condicionado, volante com regulagem de altura, abertura interna do porta-malas, lanterna de neblina e rádio com toca CDs. Entre os opcionais há freios ABS, air bags frontais e laterais e vidros elétricos com função antiesmagamento. Completo, o modelo tem tabela de R$ 41.757


Bom recheio

De série o Golf tem banco do motorista com ajuste de altura, direção hidráulica, volante com regulagem de altura e profundidade e imobilizador eletrônico de ignição.

Opcionalmente há ar-condicionado, air bags frontais, freios ABS e rodas de liga de 15 polegadas, entre outros. Com todos os itens, o VW é tabelado em R$ 38.878.

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