
NÍCOLAS BORGES
No mar de carros prata, cinza e preto que é o trânsito paulistano, um automóvel dourado sempre vai se destacar. Ainda mais se estiver brilhando como este Chevette SL 1979, que há cinco anos pertence ao engenheiro mecânico Carlos Tamura, de 47 anos.
Dono de oficina, ele “ganhou” o pequeno Chevrolet meio por acaso. “Um amigo meu foi comprar um Opala e uma Caravan. Chegando lá, o antigo proprietário disse que só aceitava vendê-los se o Chevette fosse junto”, diz Tamura. Não era o que estava previsto, mas o negócio foi fechado e o sedãzinho foi o pagamento que o mecânico recebeu para consertar os dois novos carros grandes do amigo.
“O Chevetinho não rodava há muito tempo, tinha até placa amarela ainda, mas o estado geral era bom”, comenta. “Só precisei dar um verniz na pintura e desmontar o motor, que estava com vazamentos.” Original, o propulsor é 1.4 de 68 cv (brutos). A opção 1.6 só surgiu em 1981, com a versão S/R.
Outra medida tomada por Tamura foi trocar o revestimento dos bancos. “Demorei para encontrar o tecido original, que acabei comprando em Porto Alegre”, afirma. O esforço valeu a pena, pois o estofamento bege é fundamental para compor o interior tom sobre tom, com o painel marrom.
No mais, o mecânico só correu atrás de detalhes que deixassem o Chevette ainda mais bonito. As rodas, por exemplo, ganharam sobrearo cromado, acessório típico da década de 70. Por dentro, outra peça de época é o rádio AM, “garimpado” de um Chevette 1975. “O carro estava acabado, mas o dono não queria tirar o rádio. Foi difícil convencê-lo”, afirma Tamura.
Entender o motivo da preocupação com os pormenores é fácil. “Sempre gostei de Chevette, tanto que desde os anos 80 já tive uns dez”, conta o mecânico, sem lembrar do número exato. Por ter outros três carros antigos, que, segundo Tamura, dão muitas despesas, o Chevrolet dourado foi colocado à venda.
“Só que agora estou em dúvida. Depois dessa voltinha (para fazer as fotos da reportagem), estou pensando em ficar com ele por mais um ano, pelo menos. Ele está bom demais.” Concordamos.