ABS em motos é item de luxo

Sistema só está disponível em modelos acima de 300 cm³, mas há tecnologia mais em conta

Por 12 de nov, 2013 · 4m de leitura.
30% dos acidentes com moto ocorrem durante a frenagem

A partir de 1º de janeiro, todo carro vendido no Brasil deverá sair da fábrica com ABS. No mundo das motos, contudo, a obrigatoriedade do dispositivo está bem distante da realidade, embora os freios antitravamento sejam oferecidos como opcionais em alguns modelos. Segundo especialistas, o alto preço é o principal empecilho para a popularização desse equipamento de segurança.

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Instrutor chefe do curso de pilotagem da Triumph, Pablo Berardi diz que o acesso ao ABS em motos no Brasil é bastante restrito. De acordo com ele, o sistema só está disponível para modelos com motor a partir de 300 cm³, que representam apenas 20% das vendas – e o consumidor nem sempre está disposto a pagar. Na superesportiva Kawasaki Z1000, por exemplo, o ABS tem preço de R$ 4 mil.

Um sistema mais em conta é o que modula a força empregada nos freios dianteiro e traseiro, aumentando a eficiência da frenagem. Batizado pela Honda de C-ABS, custa R$ 1.700 nas motos da marca.

Berardi afirma que o ABS é um item fundamental para a segurança do motociclista. “Diferentemente do que ocorre nos carros, qualquer derrapagem com moto é perigosa. Em condições perfeitas de pista e clima, um modelo com o sistema pode ter frenagem até 30% mais eficiente.”


Para o diretor executivo da Abraciclo, associação que reúne parte das fabricantes de motos do País, José Eduardo Gonçalves, um bom sistema de frenagem não resolve o problema da imprudência de alguns motociclistas.

Estudo recente feito pela entidade aponta que a irresponsabilidade é a causa de 88% dos acidentes com modelos de duas rodas na zona oeste da capital (em universo de 326 casos). “O que vale para carros não vale para motos”, afirma.

O gerente de vendas e marketing da Bosch – que fabrica sistemas de ABS -, Carlo Gibran, diz que 60% dos acidentes com motos no País envolvem frenagens de emergência. De acordo com o executivo, as fabricantes já podem escolher se querem o sistema de um ou dois canais (ou rodas). O dispositivo mais simples custa menos, embora ainda assim seja caro.


Na Europa, a legislação está mais avançada. O sistema que evita o travamento das rodas em frenagens será obrigatório para motos a partir de 2016.