O Brasil não é um País para amadores. Em todos os mercados e conjunturas, poucas coisas fazem sentido. O mercado de automóveis é mais um exemplo. O que se espera de um País que, embora seja rico de arrecadação, mas que apresenta uma desigualdade muito grande e pouco poder aquisitivo para maior parte da população, é que carros menores e mais baratos sejam os mais vendidos. Não é o que acontece.
Claro, os mais vendidos são Chevrolet Onix, Hyundai HB20 e Ford Ka, ou seja, carros pequenos e de entrada. Mas há os subcompactos, que estão abaixo deles, que amargam posições de vendas pífias. À exceção do Renault Kwid, que vei bem, com 6.273 unidades vendidas em agosto (sexto lugar no ranking de emplacamentos), Fiat Mobi e Volkswagen Up! são meros coadjuvantes nas ruas no Brasil.
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O modelo da Fiat ficou apenas na décima terceira posição, com 4.874 entregas, e o da VW, pior ainda, está em 36ª na lista com 1.784 vendas. Eles ficam atrás de modelos que custam mais de R$ 100 mil, como o Jeep Compass, e de outros com ticket médio de mais de R$ 90 mil, como Toyota Corolla e Honda HR-V. Pior, estão atrás de carros mais caros de suas próprias marcas, como o Argo e Polo.
Há algumas explicações para isso. A oferta de crédito não é mais tão ampla, por isso acaba comprando carro atualmente quem realmente consegue dispor de uma entrada maior. Usando um português bem claro: quem tem mais dinheiro. E quem tem mais dinheiro não compra carro subcompacto.
Muitas famílias também têm um carro só para usar no dia a dia e viajar. Por isso, elas investem em modelos mais caros e um pouco maiores, que acabam sendo mais versáteis, mesmo que elas fiquem com o orçamento mais apertado.
Carros baratos dão pouco lucro
As montadoras também jogam todos os seus holofotes na direção destes carros que custam mais, já que a lucratividade delas com eles é maior. E os vendedores das concessionárias também, pelo mesmo motivo: comissão maior. Então, se você é mais suscetível à propaganda ou lábia de vendedor, acaba gastando R$ 10 mil a mais na parcela para levar um carro mais interessante.
Um outro fator, que aí não é de mercado, é de observação minha, é o design. Um dos maiores motivos de compra de carro do brasileiro é design. Mobi e Up! não são especialmente bonitos. Aí a pessoa chega na Fiat e na Volkswagen na intenção de levar um dos dois para casa, e se depara com Argo e Polo, ou até com Uno e Gol ou Fox. Diante deste diferença estética, fica muito difícil não pagar R$ 150 a mais por um aninho extra e desistir desta ideia subcompacta para o bolso e para a retina.
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