A função de avaliar veículos nos obriga a rodar pela cidade inteira, para verificar como o carro se comporta em pisos diferentes, curvas mais fechadas e diversos outros parâmetros. Só ir e voltar para casa de “naves” não resolve a questão. E nessas de ir e vir, estas andanças pela cidade me levam a lugares cercados de mansões e por outros onde revestimento de massa na parede de tijolo é luxo.
E há dois modelos, que estão longe de serem os mais vendidos de seus segmentos, que fazem muito sucesso em locais mais humildes: Honda Civic e Volkswagen. É muito curioso constatar que esses dois carros são sonho de consumo absoluto para pessoas que não podem comprá-lo. E sejam deixados de lado pelos que podem.
Continua depois do anúncioNo caso do Civic, ele teve 2.084 unidades vendidas em julho, contra 4.364 do Corolla, seu grande rival. Para o Golf, o segmento já é mais restrito, com o líder Chevrolet Cruze indo parar em 405 garagens. Mesmo assim, o Golf teve menos da metade disso, com 187 entregas. Mas vá perguntar de Corolla e Cruze na “quebrada” para ver se alguém liga? Eu perguntei e a resposta é não, ninguém liga.
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Também perguntei os motivos. Os do Civic são design mais moderno e motor turbo (que o pessoal geralmente não sabe que é só na versão de topo, mas sabe que tem). No do Golf, bem… Gol é Golf, é sonho de consumo desde o GTi dos anos 2000. “O Golf anda muito” é sempre a resposta.
As “naves” dos sonhos
No campo dos sonhos, coisas como manutenção, durabilidade, cesta de peças, seguro e consumo não entram na conta. Facilidade de revenda e desvalorização também não. E fica ainda mais difícil elucidar esse mistério porque os carros citados não são ruins nestes aspectos, muito pelo contrário.
Há alguma outra coisa que faz com que os líderes sejam líderes e as “naves” não. Preço de tabela pode ser um e boca a boca também. Para Civic e Golf, a falha talvez seja um mero erro de público alvo em aspectos essenciais, já que sucesso eles fazem, só que com o público “errado”.