Popular e pelado. É o Pé de Boi

Fusca ‘depenado’ na fábrica foi o início da saga dos carros populares no País

O Fusca é um carro que tem como característica a simplicidade. Imagine, então, um completamente pelado, tão depenado que não trazia sequer retrovisor externo e sinalizadores de direção – as setas. Esse carro era o Fusca Pé de Boi, a primeira investida da Volkswagen do Brasil na produção de “populares”.

Fusca Pé de Boi: básico ao extremo

O Pé de Boi foi fabricado em 1965 e 1966. O impulso para as vendas a um público que não tinha acesso ao automóvel zero quilômetro era uma linha especial de financiamento governamental. A indústria produziria veículos mais baratos, a Caixa Econômica Federal daria linha de crédito para pagamento em até 48 meses, a juro de 1% ao mês. Como já mostrado neste blog, os fabricantes da época responderam com produtos como o Gordini Teimoso (Willys), o DKW Pracinha (Vemag) e o Simca Profissional, além do VW Pé de Boi. Nenhum deles chegou a empolgar o mercado, apesar de terem atendido a alguns nichos específicos, como o dos táxis.

Porta-malas sem forração: tudo à mostra

O Pé de Boi ficou em linha apenas dois anos, sempre com o motor 1.200, de 36 cv brutos, e sistema elétrico de 6 volts. Com o peso aliviado em 60 quilos (670, ante 730 da versão standard), o carrinho demonstrava mais agilidade que seus irmãos “equipados”. As opções de cores eram apenas duas: Azul Pastel e Cinza Pérola. O besouro era tão depenado (veja a lista abaixo) que a Volkswagen economizava até na quantidade de tinta aplicada na carroceria. Os vidros eram mais finos que os da versão standard.

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Com tanta economia de materiais, o preço do carro caiu de 4,8 milhões de cruzeiros para 4 milhões. Não existem números oficiais, mas estima-se que menos de três mil unidades tenham sido produzidas, o que tornou a versão rara de se encontrar nos dias de hoje, principalmente se mantiver as características originais.

Um desses sobreviventes pertence ao representante comercial Júlio Heringer, que diz adorar o carro, apesar da penúria. “É um testemunho de época. Ele conta um capítulo da indústria nacional, e foi fabricado no ano em que eu nasci”, afirma. O Fusca 1966, adquirido em um leilão no sul do País, mantém as características originais, com adição de um ou outro item indispensável no trânsito, como retrovisor externo esquerdo. Dirigir o Pé de Boi, segundo Heringer, exige um pouco de adaptação: “Por causa da falta de revestimentos internos, a sensação é de que o motor está dentro do carro”, diz.

 


Maçaneta da tampa do motor sem chave e apenas uma saída de escapamento

 

Esguicho de limpador não existia
Painel: apenas velocímetro, hodômetro e luzes-espia e comandos do farol e dos limpadores de para-brisa
Forração mínima, ruído máximo

 

Painel de portas de chapa, com parafusos à mostra, e maçaneta de Kombi
Talvez a maior curiosidade do carro: torneira para acionar a reserva do tanque de gasolina

O que o Pé de Boi não tem


Na parte externa

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– Cromados


– Frisos

– Emblemas

– Poleiros nos para-choques


– Retrovisores externos

– Esguicho no limpador de para-brisa

– Sinalizadores de direção (setas)


– Chave na maçaneta da tampa do motor

– Escapamento com duas saídas

– Revestimento no porta-malas


Na parte interna

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– Aberturas para rádio


– Telas de alto-falantes

– Marcador de combustível

– Trava de direção


– Para-sóis

– Cinzeiro

– Alças de apoio nas colunas laterais e no painel


– Borrachas nos pedais de embreagem e freio

– Forrações em geral

– Iluminação interna


– Tampa de porta-luvas

– Regulagem nos encostos dos bancos

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