Um nome à frente do seu tempo
Reconhecida como principal fabricante de esportivos do mundo, a Porsche tem um passado que vai além de carros potentes e arrebatadores
A associação é imediata. Quando se menciona o nome Porsche, imediatamente vêm à cabeça as imagens do modelo 911, do superesportivo 918 Spyder ou do 919 Hybrid, bólido que conquistou o tricampeonato na lendária prova 24 Horas de Le Mans em 2015, 2016 e 2017. O que nem todos sabem é que a Porsche está totalmente ligada à história do automóvel. O engenheiro Ferdinand Porsche (1875-1951) foi responsável por modelos históricos de diversas marcas, como o Mercedes-Benz S Type, de 1926, o carro de GP da Auto Union, em 1933, e o mais popular de todos, o VW Fusca, de 1934.
A carreira de Ferdinand começou aos 18 anos, ao ingressar na Béla Egger Co., empresa austríaca de engenharia elétrica. Talentoso, em apenas quatro anos ele já liderava o departamento de testes da companhia. Conheceu, então, Ludwig Lohner, proprietário de uma fábrica de carruagens luxuosas, que antevia o fim dos veículos de tração animal e sonhava construir um modelo elétrico. O resultado foi o Egger-Lohner C.2, exposto no recém-fundado Automóvel Clube Austríaco, em 1898. Desenvolvido com o auxílio de Ferdinand, o modelo possuía um motor elétrico instalado transversalmente entre os eixos, mas estava longe de poder ser produzido em série.
Em 1900, Ferdinand Porsche apresentou o Lohner Porsche, veículo equipado com quatro motores elétricos, um para cada roda. Ou seja, o primeiro automóvel no mundo a contar com tração integral e freios nas quatro rodas, outra criação de Porsche. Não foi à toa que o modelo destacou-se na Exposição Mundial de Paris. A mente criativa de Porsche não parava de fervilhar. Ainda em 1900, ele combinou os motores elétricos de cada roda do Lohner Porsche com outro a gasolina. Estava criado o princípio do automóvel híbrido.
O passo seguinte foi desenvolver o automóvel híbrido funcional Semper Vivus (Sempre Vivo, em latim), que possuía dois geradores conectados a motores a gasolina, formando uma unidade de carregamento. Ela fornecia energia aos motores elétricos instalados em cada uma das rodas, além das baterias. Graças ao revolucionário sistema, o Semper Vivus percorreu distâncias maiores que as dos modelos 100% elétricos da época.
Ferdinand não parou de projetar automóveis híbridos. Um problema que sempre o atormentou foi o peso dos veículos. Para tentar resolver isso, em 1902 dispensou o modo de condução puramente elétrico e reduziu ao máximo o tamanho da bateria, de modo que ela garantisse apenas o funcionamento do motor de arranque. Ele também substituiu a capacidade de armazenamento perdida por outra inovação — o gerador – e diminuiu o diâmetro dos motores nas rodas para aliviar a carga.
Mas nem tanto empenho impulsionou as vendas do automóvel híbrido. O principal motivo era o preço elevado. Dependendo do design e dos equipamentos, cada unidade do Lohner Porsche custava o dobro de um modelo convencional similar. Para piorar, havia o alto custo de manutenção do sistema híbrido, que não acompanhava a confiabilidade crescente dos motores convencionais. Tudo isso culminou com o fim da produção, em 1905.
Hoje, a preocupação ambiental levou todas as grandes fabricantes de automóveis do mundo a se voltarem para as fontes alternativas de propulsão. Para a Ford, o movimento tem sido um retorno às origens, pois a experiência com os modelos Lohner Porsche ajudou o professor Ferdinand a criar as bases da sua própria empresa, fundada em 1931.
Em 2010, a Porsche lançou a versão híbrida do Cayenne, modelo de grande sucesso mundial que alavancou as vendas da marca. Inicialmente, o SUV era um híbrido convencional e em 2014 tornou-se Plug-In, ou seja, capaz de ter sua bateria recarregada também por meio de tomada externa.
Disponível no Brasil, o Cayene S E-Hybrid possui motor a combustão V6 turbo de 3.0 litros de 333 cv e torque de 44,9 kgfm. Em conjunto com o propulsor elétrico, a potência combinada é de 416 cv e 60,2 kgfm. Outra opção híbrida disponível no mercado brasileiro é o Panamera 4 E-Hybrid e que conta com V6 biturbo sob o capô. A potência combinada do modelo é de impressionantes 462 cv e o torque é de 71,4 kgfm .
A tradicional Casa de Stuttgart aposta nos veículos totalmente limpos e já apresentou o Mission E, protótipo de quatro portas com quatro bancos individuais, que oferece muito conforto e sofisticação, sem esquecer o DNA esportivo da Porsche. O objetivo é que o modelo supere 600 cv, o que o faria acelerar de 0 a 100 km/h em menos de 3,5 segundos, além da autonomia de mais de 500 quilômetros.
Outra meta ambiciosa é permitir que 80% do conjunto de baterias de íons de lítio – instaladas no assoalho do MIssion E – sejam recarregados em 15 minutos por um sistema desenvolvido especialmente para o veículo. “Com o Mission E, estamos estabelecendo uma posição clara sobre o futuro da marca. Mesmo com o mundo automotivo passando por grandes mudanças, a Porsche mantém a sua posição de vanguarda com esse fascinante esportivo”, diz Wolfgang Porsche, presidente do conselho supervisor do grupo Porsche.