Muitas vezes, a escolha entre um carro zero-km e um seminovo acaba sendo decidida pelo preço. Afinal, um novo promete durabilidade e qualidade muito maiores do que um usado. Porém, há situações em que o barato pode sair mais caro.
Justamente por já ter rodado muitos quilômetros, no carro usado alguns aspectos devem ser considerados antes da compra. Isso reduz o risco de levar uma bomba para casa. O Jornal do Carro conversou com profissionais de oficinas de São Paulo para saber quais são os cinco itens mais importantes a serem checados no modelo de segunda mão.
Continua depois do anúncioAnalisar o histórico de manutenção
Uma das primeiras e mais importantes coisas a serem verificadas é o histórico de manutenção. “É onde começa a verificação mais técnica do carro, com o manual do proprietário. Ele mostra o que foi feito de revisão em concessionária e qual plano de manutenção foi feito”, explica Pedro Scopino, responsável técnico da Auto Mecânica Scopino.
“É importante ficar atento à data de fabricação dos pneus, desgaste de estofados, volante e pedais. Estes itens podem indicar alteração de hodômetro”. A dica é do engenheiro de Produtos e Serviços da DPaschoal Danilo da Costa Ribeiro. Ele recomenda evitar veículos que não tenham esse histórico.
“Atualmente, existem muitos aplicativos que auxiliam na manutenção do veículo. Em muitos desses programas, o proprietário pode visualizar as revisões realizadas, as futuras e as atrasadas. Há o histórico completo de todas as trocas”, destaca Ribeiro.
O especialista lembra que há aplicativos para celular que ajudam o motorista a saber o momento de fazer as principais intervenções. Isso inclui troca de óleo, pneus e amortecedores, entre 40 itens.
Verificar eventuais barulhos, ruídos e sinais de batidas
O histórico de manutenção traz várias informações. Porém, alguns problemas só serão descobertos quando colocar o carro para andar. “Dê uma volta com carro para identificar possíveis barulhos, ruídos”, recomenda Scopino.
Nesse momento, é bom olhar a quilometragem e conferir se o número que está no hodômetro confere com a etiqueta colada no vidro. É possível comparar a média ponderada de quilômetros rodados por ano com as revisões que estão no manual do proprietário”.
Também é recomendado observar eventuais sinais de batidas e outros pontos importantes. Entre eles, faróis de marcas diferentes, painéis com diferença de cor e retoques na pintura. Outros sinais são desalinhamento de portas e painéis, emblemas em posições diferentes das originais e vidros sem demarcação de chassi.
Qualquer cheiro forte também merece atenção, segundo Ribeiro. “Odor de mofo e cheiros fortes podem indicar que o carro foi recuperado de enchente. Procure sempre por pontos de ferrugem. Lugar do estepe e assoalho do porta-malas são bons pontos para procurar a ferrugem.
Fazer uma avaliação técnica
“Para ter certeza de uma compra com mais qualidade, segurança e confiabilidade, é fundamental um bate-papo com seu mecânico de confiança. Se possível, agende com ele uma avaliação técnica”, recomenda Scopino.
Esse tipo de avaliação detalhada é uma forma simples de dar uma geral no carro e verificar todas as partes principais. Avalia-se longarinas, sinais de batidas, eventuais vazamentos e possíveis falhas dos módulos eletrônicos, como freios ABS, injeção eletrônica, air bag, entre outros.
Ribeiro ainda reforça a realização do laudo cautelar e, dependendo do seu Estado, a vistoria de transferência. “Exigir este serviço faz com que você economize lá na frente”, afirma.
Ele explica que o laudo cautelar vai certificar que o carro está aprovado para circular com as devidas identificações. Entre elas, chassi, motor, lataria e vidros. Já a vistoria de transferência verifica as condições mínimas do veículo.
Contratar uma perícia automotiva
Outra dica de ambos os especialistas é justamente uma perícia para análise de documentos e outros pontos essenciais para evitar problemas futuros, tanto de documentação quanto de funcionamento do próprio carro.
“Há várias empresas que fazem análise de documentos, número de chassis e as perícias automotivas”, explica Scopino. “Também é importante a análise de numeração de motor e câmbio para ver se é tudo original. A perícia mostra se houve troca dos itens.”
“Busque uma empresa especializada para realizar toda a verificação necessária. Contratar um serviço de vistoria vai trazer mais certeza para um negócio seguro quanto a vários itens importantes”, complementa Ribeiro.
Alguns desses itens citados por ele são estrutura, lataria, chassi, longarina, vidros, sinistro e integridade das colunas. Leilão, roubo, clonagem, documentação, histórico de quilometragem e recall pendente são outros itens averiguados. A avaliação chega até a partes móveis, como portas e dobradiças. “É importante ressaltar que essas empresas fazem avaliação à distância”, ressalta.
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Cesta básica de peças de reposição do veículo usado
Danilo Ribeiro ainda traz uma última dica para garantir uma maior vida útil para o carro usado: ver quais são as principais peças de reposição do veículo.
“Pesquise a cesta básica de peças do veículo, como pastilhas de freio, amortecedores, filtros e pneus. Isso ajuda a projetar o seu gasto com futuras revisões e o preço do seguro”. Ele alerta que o gasto vai variar e a diferença varia bastante conforme o modelo.
Ribeiro indica evitar carros importados e modelos fora de linha. “A dificuldade de peças de reposição e mão de obra especializada é maior”, completa.