TEXTO: MILENE RIOS
E LUÍS FELIPE FIGUEIREDO
FOTO: SÉRGIO CASTRO/AE
Parente (acima) teve de esperar três meses pela entrega do friso lateral de seu CrossFox 2009/2010
Um em cada dez veículos submetidos a consertos no Estado está parado na oficina por falta de peças – há casos em que a espera chega a seis meses. Os números, apurados pelo Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo (Sindirepa), indicam que isso tende a piorar. “O problema começou em 2009 e se agravou no ano passado”, diz o presidente da entidade, Antonio Fiola.
O Sindirepa elaborou uma lista com as marcas com mais reclamações. Não há, no entanto, um número exato de queixas. O ranking é liderado pela Ford, seguida por Peugeot e Hyundai. A Ford informou que não irá se manifestar sobre o assunto. A marca francesa avisou que está aguardando detalhes sobre os critérios e conteúdo do estudo e a sul-coreana comunicou que não há registro de falta de peças em suas autorizadas.
O aposentado Osvaldo Parente teve de esperar três meses por um friso lateral para seu Volkswagen CrossFox 2009/2010 – segundo a assistência técnica, o item havia saído de linha. “Como não há peças para um carro com um ano de fabricação? Fiquei indignado”, diz. “Só depois que reclamei ao Procon deram um jeito de ‘produzir’ o componente”. A Volkswagen informou que a questão foi resolvida.
A falta de componentes viola o artigo 32 do Código de Defesa do Consumidor (CDC). De acordo com a legislação, as fabricantes e importadores são obrigados a assegurar o fornecimento de peças enquanto o produto for feito ou importado.
Reclamações sobre falta de peças raramente são formalizadas nas entidades de defesa do consumidor. Um levantamento do Procon-SP aponta que até julho deste ano foram registrados apenas 76 casos a respeito. “O consumidor não reclama para evitar mais uma dor de cabeça, mas essa é a única forma de punir as fabricantes”, diz Maria Inês Dolci, do Proteste.