As férias de fim de ano têm uma diferença fundamental em relação ao período de descanso do meio do ano. Estamos em plena temporada de chuvas, o que torna as viagens mais perigosas, sob vários aspectos. Para começar, chuvas tendem a diminuir a visibilidade. Além disso, o piso encharcado é muito mais escorregadio, o que aumenta a possibilidade de perda de controle. Hoje, dentro de nossa série de reportagens sobre cuidados a serem tomados antes de viajar, vamos falar sobre pneus. Ontem, a série abordou faróis e limpadores.
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Por mais tecnologia que um automóvel tenha, os pneus são o único ponto de contato entre o automóvel e o piso. E a área desse contato é bem pequena. Por isso, eles precisam de atenção máxima. Antes de viajar, faça uma inspeção visual em cada um deles. Em condições normais, o desgaste da banda de rodagem deve ser regular. Se um dos lados estiver mais gasto que outro, é recomendável fazer uma revisão na geometria da suspensão (alinhamento de direção, convergência/divergência e cambagem).
Quando o carro “puxa” para um dos lados, é sinal de direção desalinhada. As rodas devem estar paralelas. Caso contrário, o desgaste dos pneus tende a ser maior, porque cada uma tende a ir “para um lado”, fazer seu próprio caminho. Quem sofre o atrito, nesse caso, são os pneus, que vão se desgastar. Como efeito colateral, o consumo de combustível aumenta. Uma análise visual cuidadosa da banda de rodagem costuma revelar se há algum problema de regulagem. Ao menor sinal de desgaste irregular, revise o sistema.
Confira a profundidade dos sulcos e faça a calibragem
Por lei, os sulcos precisam ter pelo menos 1,6 mm de profundidade. Os sulcos são canais por onde a água deve escoar, para melhorar a estabilidade na chuva. Quando os pneus estão desgastados e há pouca profundidade desses canais, eles não dão conta de canalizar a água, e o risco de aquaplanagem aumenta.
Caso tudo esteja em ordem, verifique a pressão de todos os pneus, incluindo o estepe. De acordo com a Bridgestone, pneu com pressão baixa pode ter redução de até 30% na vida útil. Estima-se que, na média, os pneus perdem duas libras de pressão por mês. Por ser uma perda lenta e constante, não se deve confiar no visual para avaliar o momento de conferir a calibragem. Um pneu só dá sinais visuais de que está murcho quando tem cerca de 20 libras.
A calibração deve ser feita com os pneus frios, e pode ser verificada a cada abastecimento de combustível, por exemplo. Alguns fabricantes recomendam pressão diferente para os pneus dianteiros e traseiros. Procure seguir a orientação, que pode ser encontrada no próprio veículo ou no manual do proprietário.
Se o veículo for viajar carregado, normalmente os fabricantes recomendam que se utilize pressão superior à normal. Se esse for o caso, respeite a indicação, e lembre-se de voltar à regulagem normal no retorno das férias.
Pressão de ar insuficiente provoca desgaste nas laterais da banda de rodagem, e aumenta o consumo. Excesso de ar desgasta o centro da banda e diminui a estabilidade.
Outra operação que deve ser feita com regularidade é o rodízio dos pneus. A operação consiste em inverter periodicamente os pneus dianteiros com os traseiros (mantendo-se o mesmo lado do veículo), para equalizar o desgaste. Isso porque normalmente o desgaste é maior na dianteira, onde estão o maior peso do automóvel (por causa do motor) e a tração. É também o eixo direcional do automóvel. Siga as instruções do fabricante do veículo quanto ao período recomendado para o rodízio. Em média, ele deve ser feito a cada 10 mil km.
O risco da aquaplanagem
Um dos maiores perigos de viajar na época mais chuvosa do ano é o risco de aquaplanagem. O fenômeno ocorre quando os pneus perdem contato com o pavimento e “sobem” na lâmina de água. Nessa situação, o motorista torna-se passageiro, e o veículo não responde aos comandos, seja de direção, freios ou acelerador.
Em curva, a aquaplanagem é ainda mais perigosa. Se os pneus perderem a aderência com o piso, o carro sairá da trajetória e seguirá em linha reta, mesmo com o motorista esterçando o volante.
Para evitar o perigo, em caso de chuva, a primeira providência é reduzir a velocidade. Sobre piso molhado as distâncias de frenagem aumentam, o que eleva também o risco de acidentes. Segundo dados da Bridgestone, um carro a 80 km/h precisa de 27 metros até parar sobre piso seco. Se a pista estiver molhada, a distância é de 35 m, em média.
Os primeiros indícios de que o veículo entrou em aquaplanagem são a direção leve e a elevação do giro do motor (indicando redução do atrito com o piso). Se isso acontecer, não freie. Tire o pé do acelerador e deixe a velocidade cair sozinha. Ao mesmo tempo, mova levemente o volante para os dois lados para ajudar os pneus a retomarem o contato com o piso.