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Dá para entender?

Deve ter fábrica por aí torcendo para ser contemplada com a pior classificação no crash test...

Boris Feldman

11 de dez, 2017 · 6 minutos de leitura.

Inacreditável" >
Inacreditável
Crédito: Fabricantes ainda tomam decisões equivocadas

Há decisões tomadas pelas fábricas que surpreendem. Por manter em linha um modelo obsoleto, negar um problema óbvio de projeto ou não investir num novo segmento que virou febre do mercado.

Fiesta – A Ford acaba de lançar o novo (?) New Fiesta. Apesar de enfrentar dois concorrentes de peso que acabam de chegar (Argo e Polo), e de ter uma nova geração na Europa, a Ford manteve no Brasil o modelo antigo e ainda aumentou seu preço. Além de insistir no traumático câmbio Powershift, já substituído no Ecosport.

SsangYong – Esta coreana começou mal por aqui: já desembarcou duas vezes no nosso mercado, desistiu e deixou 17 mil clientes desamparados. Seus carros se destacavam negativamente pela feiura do design, e positivamente por serem equipados com powertrain da Mercedes-Benz. A terceira tentativa acaba de ser anunciada pela empresa paulista Venko. Chega uma nova geração com design refeito e mais palatável. Mas perdeu a joia da coroa, a mecânica Mercedes. Serão três SUVs e uma picape, com motores gasolina e diesel. Nada muito moderno, pois o 2.2 (gasolina) só oferece os mesmos 128 cv do 1.0 TSI da VW. A rede de concessionárias é modesta e a dúvida do mercado é se a Venko vai efetivamente apoiar os 17 mil órfãos das aventuras anteriores, ou somar a eles mais alguns milhares de clientes sem assistência.

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Fiat – A italiana, depois de liderar o mercado brasileiro, cortou investimentos em Betim e os concentrou na construção da fábrica da Jeep em Pernambuco. O resultado não demorou: despencou para o terceiro lugar com uma obsoleta linha de modelos e só apresentou, em quase dez anos, o Mobi e a picape Toro (Jeep com o logo Fiat). Este ano, lançou finalmente o Argo, um hatch considerado o melhor automóvel já produzido em Betim, e lança sua versão sedã, o Cronos, no início de 2018. Outro resultado é que a empresa enfrenta na Justiça vários processos de seus concessionários, num valor superior a R$ 5 bilhões. Cobram devolução de impostos, excesso de vendas diretas e falta de modelos atualizados. Enquanto a rede Fiat vai mal, a Jeep vai muito bem, obrigado…

Picapes – Além da coqueluche dos SUVs, as picapes também vendem bem no Brasil. Que o diga a Fiat com Toro e Strada. Mas, além dela, só a VW com a Saveiro e a Renault Duster Oroch. Ford abandonou o segmento há anos, GM mantém sua velha Montana e nem a Honda – que tem uma ótima picape nos EUA (Ridgeline) – animou-se a trazer uma concorrente para a Toyota Hilux.

Efeito contrário – Causa perplexidade a reação do mercado brasileiro quando se fala em segurança veicular. Dois compactos, Chevrolet Onix e Ford Ka, tomaram bomba no crash test lateral, com nota zero na proteção de adultos. Resultado? Ambos reagiram com um pulo nas vendas…


Deve ter fábrica por aí torcendo para que seus modelos sejam também levados ao crash test e contemplados com a pior classificação…

Defeitos crônicos – Alguns modelos da Mitsubishi, Land Rover e Volvo aborrecem e causam prejuízos ao proprietários, mas as fábricas “preferem” desconhecer os problemas. Na japonesa, o câmbio CVT esquenta e o carro para. A fábrica oferece um resfriador (cooler), mas costuma cobrar para instalar o equipamento que corrige uma deficiência de projeto. Os utilitários ingleses tiveram dezenas de motores V6 a diesel literalmente explodidos com enormes prejuízos para os donos. Este motor foi substituído e, agora, o que explode no Land Rover Evoque (2.0 turbo) é a turbina. O Volvo XC60 tem mesmo motor e sofre do mesmo mal. O sueco tem outro calcanhar de aquiles: a junta homocinética do XC60 se desgasta prematuramente. A fábrica tem o desplante de culpar o dono. Será que só quem dirige este modelo da marca sueca não cuida bem do carro?

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Oficina Mobilidade

Sistemas de assistência do carro podem apresentar falhas

Autodiagnóstico geralmente ajuda a solucionar um problema, mas condutor precisa estar atento

22 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Os veículos modernos mais caros estão repletos de facilidades para a vida do motorista e, dependendo do nível, podem até ser considerados semiautônomos. Câmeras, sensores, radares e softwares avançados permitem que eles executem uma série de funções sem a intervenção do condutor.

As tecnologias incluem controlador de velocidade que monitora o carro à frente e mantém a velocidade, assistente para deixar o veículo entre as faixas de rolagem, detectores de pontos cegos e até sistemas que estacionam o automóvel, calculando o tamanho da vaga e movimentando volante, freio e acelerador para uma baliza perfeita.

Tais sistemas são chamados de Adas, sigla em inglês de sistemas avançados de assistência ao motorista. São vários níveis de funcionamento presentes em boa parte dos veículos premium disponíveis no mercado. Esses recursos, no entanto, não estão livres de falhas e podem custar caro para o proprietário se o carro estiver fora da garantia.

“Os defeitos mais comuns dos sistemas de assistência ao motorista estão relacionados ao funcionamento dos sensores e às limitações do sistema ao interpretar o ambiente”, explica André Mendes, professor de Engenharia Mecânica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

Recalibragem necessária

O professor explica que o motorista precisa manter sempre os sensores limpos e calibrados. “O software embarcado deve estar atualizado, e a manutenção mecânica e elétrica, ser realizada conforme recomendações do fabricante”, recomenda.

Alguns sistemas conseguem fazer um autodiagnóstico assim que o carro é ligado, ou seja, eventuais avarias são avisadas ao motorista por meio de mensagens no painel. As oficinas especializadas e as concessionárias também podem encontrar falhas ao escanear o veículo. Como esses sistemas são todos interligados, os defeitos serão informados pela central eletrônica.

A recalibragem é necessária sempre que houver a troca de um desses dispositivos, como sensores e radares. Vale também ficar atento ao uso de peças por razões estéticas, como a das rodas originais por outras de aro maior. É prudente levar o carro a uma oficina especializada para fazer a checagem.

Condução atenta

A forma de dirigir também pode piorar o funcionamento dos sensores, causando acidentes. É muito comum, por exemplo, o motorista ligar o piloto automático adaptativo e se distrair ao volante. Caso a frenagem automática não funcione por qualquer motivo, ele precisará agir rapidamente para evitar uma batida ou atropelamento.

Então, é fundamental usar o equipamento com responsabilidade, mantendo sempre os olhos na via, prestando atenção à ação dos outros motoristas. A maioria dos carros possui sensores no volante e desabilita o Adas se “perceber” que o condutor não está segurando a direção.

A desativação ocorre em quase todos os modelos se o assistente de faixa de rolagem precisar agir continuamente, sinal de que o motorista está distraído. Alguns carros, ao “perceber” a ausência do condutor, param no acostamento e acionam o sistema de emergência. “O usuário deve conhecer os limites do sistema e guiar o veículo de forma cautelosa, dentro desses limites”, diz Mendes.