O calvário do executivo Carlos Ghosn ficou mais leve hoje. O ex-CEO da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi deixou a prisão após pagar a fiança estipulada em 1 bilhão de yen, cerca de US$ 8,9 milhões ou algo em torno de R$ 34 milhões.
A justiça de Tóquio recusou o pedido da promotoria para manter Ghosn preso por mais tempo e estipulou o valor a ser pago como fiança. O executivo ficou preso por 108 dias desde sua prisão em 19 de novembro de 2018, após desembarcar de seu jato particular.
Ghosn que está sendo acusado de uso impróprio de valores da Nissan em seu benefício e ocultação de valores do sistema financeiro japonês. Segundo a Bloomberg, os advogados de Ghosn disseram que “com maior liberdade” poderá se defender de maneira justa.
Entenda o caso
Em janeiro, durante uma audiência, Ghosn afirmou que a Nissan sabia das operações financeiras e negou as acusações. “Eu fui acusado erroneamente e fui injustamente detido com base em alegações sem mérito e sem substância”
Na audiência, o juiz Yuichi Tada leu as acusações e disse que o executivo está preso por causa do risco de fuga e para evitar que ele esconda provas. Os promotores de Tóquio denunciaram o executivo por subestimar, intencionalmente, sua remuneração em dezenas de milhões de dólares nas demonstrações financeiras da Nissan.
Os promotores também acusam Ghosn de se aproveitar de sua posição para conseguir ganhos pessoais. Eles suspeitam que o executivo forçou a empresa a assumir perdas pessoais em investimentos com derivativos.
Nissan sabia de tudo
Segundo o chefe da equipe de advogados de Carlos Ghosn à época, Motonari Otsuru, a Nissan sabia das operações das quais Ghosn está sendo acusado pela companhia e a justiça japonesa. Otsuru afirmou também que a Nissan concordou em assumir os contratos de empréstimos tomados pelo ex-executivo da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi.
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Briga de poder
Apesar de a Nissan informar ter as provas dos crimes cometidos por Ghosn, a questão toda gira em torno de uma briga por poder. O executivo brasileiro preparava a fusão completa entre as três empresas dentro dos próximos meses.
Segundo fontes da agência de notícias Reuters, o negócio seria feito de maneira “indissolúvel”. Como hoje a Nissan é maior que a Renault tanto em vendas quanto em rentabilidade, a companhia japonesa não estaria de acordo com a ideia de perder a independência que tem na atual conjuntura da companhia.
Apesar disso, a Nissan está “nas mãos” da Renault. Quando a aliança foi formada, a empresa francesa estava em melhores condições e salvou a Nissan da crise. Com isso, teve direito a 34% das ações com direito a voto da marca japonesa. Enquanto isso, a nipônica carrega apenas 15% de ações da francesa – e sem direito a voto.