Um ovo é e sempre será um ovo. Em mãos menos habilidosas, pode virar um simples mexido ou até um omelete. Os mais experientes conseguem um poché ou um mollet. Mas há os que são extra-série, capazes de enxergar, na forma do ovo, um futuro Fabergé. Assim são as preparadoras oficiais das três alemãs, a AMG da Mercedes, a RS da Audi e a M da BMW.
Elas fazem carros. Carros são sempre carros. Mas basta chegar perto de um para perceber que elas não fazem carros. O que sai de suas oficinas são obras de arte sobre rodas, preciosas, que brilham e encantam compradores mundo afora.
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Mesmo sendo preparadoras de marcas alemãs, elas têm diferenças entre elas. A AMG, geralmente, transforma os pacatos e classudos da Mercedes em devoradores de asfalto. A AMG foi criada em 1967, para as pistas, e teve o primeiro modelo conjunto feito em 1993, o lendário C36 AMG.
Engenheiros assinam os motores dos carros, há o carimbo da cidade de Affalterbach, onde os AMG são produzidos, e o desempenho de “simples” Classes C beira o de esportivos de grife como Lamborghini e Ferrari. É da AMG a fama de fazer o trabalho mais pesado, ao mutar ovelhas em lobos que aceleram de 0 a 100 km/h em menos de 5 segundos.
É da RS, da Audi, o meio termo. A preparadora costuma trabalhar muito bem a suspensão dos carros sem deixar eles duros demais, e mesmo assim conseguir ótima estabilidade em velocidades elevadas. O conjunto motor e câmbio geralmente deixam seus 0 a 100 km/h muito rápidos, o mais das três. Que o diga o monstro original, a RS2 Avant, de 1994, ou o de hoje, a RS6 Avant.
Isso vem mudando, mas curiosamente, mesmo sendo muito rápido, os RS não são tão impactantes, pelo menos visualmente. A marca é um pouco mais criteriosa na hora de colocar saias, spoilers e coisas do tipo, com o discurso de que o que importa está sob o capô. O interior também segue esta mesma sobriedade e pouco muda em relação ao modelo original.
AMG e M disputam no visual
Até que chegamos à M. A BMW já é conhecida por fazer os carros com pegada mais esportiva dentre os três. Direção, suspensão, comportamento, tudo é mais bruto, duro e cru. Um exemplo disso é que o primeiro carro M foi logo o M1, em 1978, um modelo raríssimo e valioso, praticamente um carro de corrida.
A M foi criada, como todas, para aprimorar os modelos para as pistas. Em suas primeiras décadas, era obrigatório que os M fosse testados no circuito alemão de Nürburgring, um dos mais desafiadores do mundo. E isso explica muita coisa.
Os modelos mudam bastante visualmente em relação aos originais, com para-choques muito mais agressivos e logos da preparadora por toda a parte. Por dentro não há tantas mudanças, assim como na Audi, mas o bancos são sempre muito bonitos. Curiosamente, um dos modelos mais consagrados da M é o M3, basicamente o de entrada da linha. Há um consenso de que ninguém precisa de muito mais que isso para ser feliz.