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Câmbios automatizados estão em extinção
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Câmbios automatizados estão em extinção

Com o encerramento da produção dos Fiat Argo e Mobi GSR automatizados, só o Cronos ainda oferece esse tipo de sistema

Redação

29 de jan, 2020 · 6 minutos de leitura.

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Mobi trazia câmbio automatizado na versão de topo Drive 1.0
Crédito:Rafael Arbex/Estadão
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A Fiat encerrou a produção do Argo e do Mobi automatizados, com câmbio batizado de GSR. Com isso, o Cronos Drive 1.3, que custa a partir de R$ 66.690, passa a ser não apenas o único remanescente da marca com esse tipo de tecnologia, mas também o último automatizado de uma embreagem do País. Assim, o ciclo que começou em 2007, com o pioneiro Chevrolet Meriva Easytronic, vai acabando.

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O câmbio automatizado de embreagem simples é um meio-termo entre o manual e o automático. Dispensa as trocas feitas pelo motorista sem o custo de uma caixa automática convencional. O sistema parecia uma ótima solução para automóveis mais baratos. Mas havia um fator negativo: as passagens de marcha não eram tão suaves. Por isso, pouco a pouco as marcas foram abandonando a tecnologia, e optaram pelo câmbio automático convencional ou pelo sistema CVT, de variação contínua.

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Nas transmissões automatizadas, a caixa de câmbio é a mesma do sistema manual. A diferença é que o comando está a cargo da eletrônica. É ela que decide o momento de reduzir a rotação do motor, acionar a embreagem, mudar a marcha e liberar a embreagem. Ou seja: faz a função do pé esquerdo e da mão direita. Não há pedal do lado esquerdo, mas alguns modelos vinham com borboletas no volante, para trocas manuais.

Robotizado

Além de proporcionar conforto a quem não poderia pagar por um automóvel automático convencional, o sistema automatizado (também conhecido como robotizado) é mais leve e não aumenta o consumo. Isso porque nos automáticos tradicionais há um conversor de torque, que sacrifica um pouco a potência do motor e eleva o gasto de combustível. No entanto, a falta de suavidade nas trocas e a manutenção acabaram comprometendo o sucesso dos automatizados.


Várias marcas

Após o pioneiro Easytronic da Chevrolet, diversas montadoras seguiram a tendência. A Fiat lançou o sistema Dualogic em boa parte de seus carros. A Volkswagen fez o mesmo com o câmbio I-Motion. A Renault lançou o Easy’R. Na tentativa de reduzir as críticas, a Fiat chegou a promover alterações na caixa Dualogic e até trocou o nome, para GSR (iniciais de Gear Smart Ride, algo como câmbio de condução inteligente, em tradução livre). Houve melhora, mas não solução definitiva nos sintomas.

A Ford apostou em um câmbio automatizado mais sofisticado, equipado com duas embreagens, batizado de Powershift. Porém, a caixa passou a dar muitos problemas, como vibrações, perda de força em aclives e até travamento. As falhas foram tantas que a montadora acabou abandonando o sistema, e optando pelo automático convencional no Ka e no EcoSport. O Fiesta não teve a mesma sorte e saiu de linha.


Outras marcas também acabaram optando pelos automáticos verdadeiros. A Volkswagen, por exemplo, registrou bom aumento nas vendas do Gol e do Voyage quando passou a equipar a dupla com esse tipo de câmbio, em 2018.

Desvalorização

Por causa desses problemas, veículos com câmbios automatizados usados acabaram sendo desvalorizados, independentemente da marca. Foi o que aconteceu com o representante comercial Mauro Angelini Filho. Ao tentar vender seu Fiat Punto 2011 Dualogic, encontrou pouca receptividade nas lojas por onde passou. “A concessionária Fiat onde comprei o carro não quis nem avaliar”, disse. O representante comercial afirma que visitou dez lojas, e conseguiu uma oferta de R$ 10 mil, muito abaixo do valor do automóvel, que na época, segundo ele, tinha preço médio de R$ 23 mil. Ele garante, porém, que o carro – que acabou entrando como parte de pagamento na compra de um Jeep Renegade – nunca deu problema no câmbio.


Modelos importados que empregam sistemas de dupla embreagem, caso de Audi, por exemplo, não são afetados por esse tipo de problema.

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