Maior, mais bonita, mais confortável e com dose adicional de tecnologia. A nova Fiat Strada evoluiu em todos os quesitos. A picape compacta mais vendida do Brasil seria lançada este mês, mas, por causa do novo coronavírus, a Fiat adiou o lançamento para o segundo semestre. A linha 2021 chega em três versões: Endurance (básica), Freedom (intermediária) e Volcano (de topo, que substitui a Adventure). Os preços deverão partir de R$ 70 mil. O modelo antigo permanece na versão básica, com cabine simples, voltada ao trabalho.
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O motor 1.3 Firefly de quatro cilindros (até 109 cv) estará nos modelos mais caros. Já o velho Fire 1.4, de até 88 cv, irá permanecer nas versões mais acessíveis. Por enquanto haverá somente câmbio manual de cinco marchas. O automático CVT deve chegar no fim do ano, na Strada conhecida internamente na Fiat como “fase 2”. Também na “fila” de melhorias previstas para o ano que vem estão itens como carregamento de celular sem fio e caçamba com cobertura rígida (como na Toro Ultra).
Se ainda não dá para conhecer a picape nas lojas, nós antecipamos todos os detalhes. O Jornal do Carro avaliou a Strada 2021 na pista de testes da Fiat, em Betim (MG).
Para começo de conversa, esqueça o visual que vem sendo retocado há mais de 20 anos. A segunda geração da Strada pode ter demorado muito para chegar, mas ao menos vem com boas novidades.
Vista de frente, lembra o Argo. Há semelhanças no capô, para-lamas, grade, faróis e portas dianteiras. Não é mero acaso. Além de preservar a identidade visual da marca, na frente a nova Strada utiliza a plataforma do hatch. É a base conhecida internamente como MPP (o último “P” refere-se a picape). A do Argo chama-se MP, e a do Cronos, MPS (“S” de sedã).
Nova Fiat Strada cresceu
Apesar da familiaridade, a Strada tem aspecto bem mais robusto que o do hatch. Tanto que as peças não são intercambiáveis. O modelo de cabine dupla tem 4,47 m de comprimento, 3 cm a mais que o atual. A distância entre eixos foi de 2,72 m para 2,74 m (2 cm a mais). A maior expansão ocorreu na largura, que foi de 1,66 m para 1,73 m, ou 7 cm a mais. Já a altura diminuiu 1 cm, para 1,57 m.
Se na parte frontal a Strada guarda alguma familiaridade com o Argo, vista de lado não há como não se lembrar da Toro – pelo menos nessa versão de cabine dupla. Porém, embora ela possa ser chamada de “mini-Toro” em alguns aspectos, a possibilidade de o novo modelo roubar compradores da picape maior é muito remota. Afinal, a Toro tem 4,94 m de comprimento (quase meio metro a mais).
Neste primeiro momento, a Fiat privilegiou as informações referentes ao modelo topo de linha, Volcano, com cabine dupla e quatro portas. A picape compacta, pioneira ao oferecer cabine dupla no segmento, ganha uma porta a mais. E nada de porta “suicida”, com abertura invertida. Na linha 2021, as portas têm sistema convencional. O espaço atrás continua apertado para três pessoas, mas o acesso melhorou, já que as portas têm ângulo de abertura de 80°.
Motor 1.3 dá agilidade, mas no plano e sem carga
A versão Volcano vem equipada com motor 1.3 Firefly e câmbio manual de cinco marchas. Embora a dianteira guarde certa semelhança com o Argo e a lateral, com a Toro, o painel lembra muito – mas muito mesmo – o do Mobi. O velocímetro engloba o display digital que traz computador de bordo e outras informações, como pressão dos pneus.
O acabamento é simples, mas os plásticos têm texturas bem trabalhadas, e os tecidos que revestem os bancos têm padronagem de bom gosto. A tela da central multimídia tem 7”, e acima dela a picape tem teclas para bloqueio do diferencial, acionamento da luz da caçamba, dos faróis de neblina e desativação do sensor de obstáculos, além do pisca-alerta. O ar-condicionado é manual. As pedaleiras e as teclas do vidros elétricos são do Argo. O volante de base plana facilita entrada e saída do motorista, e a coluna de direção é ajustável apenas em altura.
As suspensões são novas. Na traseira, ela preserva as molas semielípticas, mais apropriadas para aguentar carga. O modelo de cabine dupla leva 650 kg, capacidade que sobe para 770 kg na picape de cabine simples. A caçamba acomoda 844 litros no modelo de cabine dupla e 1.350 l na Strada destinada ao trabalho.
No plano e com duas pessoas a bordo, a Strada Volcano mostrou bom desempenho na pista. O motor 1.3 sobe de giro rapidamente, e garante agilidade à picape de 1.179 kg. Segundo a Fiat, o modelo equipado com rodas aro 15 e pneus de uso misto, como o avaliado, faz 0 a 100 km/h em 11,2 segundos e alcança 168,4 km/h, com etanol. Há opção de rodas aro 16.
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O câmbio manual de cinco marchas tem alavanca com curso longo, mas com bons engates. A suspensão macia faz a carroceria balançar um pouco, especialmente em frenagens. A direção elétrica mostrou precisão em desvios rápidos de trajetória. Enfim, um conjunto suficiente para mantê-la na liderança, sem sustos.
Projeção de celular na tela sem cabo é novidade
Um dos destaques da segunda geração da Strada é a projeção do conteúdo de smartphones sem necessidade de utilização de cabo, como ocorre atualmente. O sistema funciona para Android Auto e Apple CarPlay, e faz a conexão automática do aparelho cadastrado, assim que o usuário entra no carro.
Além desse dispositivo – exclusivo entre automóveis nacionais –, a Strada 2021 tem outros trunfos sobre a concorrência. De série, todas as versões vêm com controles de tração e estabilidade, além de sistema auxiliar de partida em rampa. As versões com cabine dupla também recebem air bags laterais e têm duas portas USB (uma na frente e uma atrás).
Neste primeiro contato com o carro, um encontro que reuniu poucos jornalistas e que a Fiat chama de “anteprima”, apresentação antecipada, a montadora não detalhou o conteúdo de cada versão. Mas a Volcano terá faróis de LEDs. A tecnologia estará presente nas luzes principais e nas de iluminação diurna. Os piscas por enquanto terão lâmpadas convencionais, com filamentos, mas já há previsão de inclusão de LEDs também para eles, na chamada Strada “fase 2”, prevista para estrear no fim do ano (se não atrasar, por causa da pandemia de covid-19).
Cores da Itália e proteção a pedestres
A dianteira da Strada chama atenção também por outros detalhes. É o caso das pequenas listras diagonais no canto esquerdo da grade, com as cores da bandeira da Itália. Outro ponto que chama atenção é a extensão na parte inferior do para-choque, semelhante a um spoiler. Embora pareça ser um detalhe puramente estético, ele tem função de segurança. Em caso de atropelamento, ele está lá para projetar a vítima para cima do carro, e evitar que ela vá para baixo do veículo.
De acordo com a Fiat, as clínicas realizadas com clientes indicaram que cada público da picape tem necessidades específicas. Por isso, a montadora dividiu os compradores da Strada em duas grandes categorias: “Work”, formado por pessoas que buscam a picape para trabalho, e “Play”, que querem o modelo para lazer. O primeiro grupo reúne frotistas e particulares, que utilizam a picape no campo e na cidade. Como é um veículo de trabalho, a preferência recai para o modelo de cabine simples. As pesquisas feitas pela Fiat indicaram que esse público tem necessidades específicas. É o caso, por exemplo, de um porta-objetos que acomode máquina de cartão, para uso comercial.
Prós e contras
Prós: Estilo
Já estava mais do que na hora de a picape mudar, mas ao menos as alterações foram sensíveis.
Contras: Espaço atrás
O acesso ao banco traseiro melhorou, mas três pessoas vão ficar desconfortáveis ali.
Ficha técnica
Motor: 1.3, 4 cil., 8V, flexível
Potência (cv)*: 109 a 6.250 rpm
Torque (mkgf)*: 14,2 a 3.500 rpm
Câmbio: Manual, 5 m.
Comprimento: 4,48 metros
Entre-eixos: 2,74 metros
Capacidade de carga: 650 kg
*Dados com etanol; Fonte: Fiat
O JORNALISTA VIAJOU A CONVITE DA FIAT