A partir de junho as lojas de carros (concessionárias e independentes) poderão voltar a funcionar, mas sem muito otimismo em relação às vendas. Ao longo dos últimos dois meses, os comerciantes adaptaram-se às vendas realizadas de forma remota, e sabem que não haverá uma corrida atrás dos carros. “A gente tem ido bem na internet”, afirma o diretor da concessionária Chevrolet Nova, Mauro Salerno, que tem lojas na zona sul e leste da capital, além de atuar também em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.
Ele considera que o movimento físico nas lojas não irá aumentar muito em junho. Por causa dos valores envolvidos quando se trata de automóvel, Salerno diz que “nunca teve tumulto” na loja. “Recebemos uma dúzia de clientes por dia”, afirma. Desses, alguns visitam o showroom na hora do almoço, os demais no fim da tarde.
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Inscreva-seDe acordo com ele, junho não deverá ser um bom mês para o setor. E prevê que a disputa no segmento de usados será “feroz”. Salerno estima que os comerciantes que têm lojas de veículos usados vão “brigar muito” para vender. Isso deve ocorrer especialmente entre lojistas menores, que têm pouco capital e sofreram mais com o isolamento social por causa da pandemia.
Concessionárias terão concorrência com lojas de usados
O gerente da loja multimarcas Planetcar, na zona norte de São Paulo, Michel Santos, também garante que as vendas online têm sido boas durante a pandemia. Segundo ele, o maior problema tem sido com as vendas financiadas. “Os bancos estão colocando muitos ‘filtros’ para aprovar o financiamento”, diz. Ele se refere à maior dificuldade para aprovação de cadastro dos compradores.
Santos afirma que as vendas online são uma tendência. Ele não vê muita necessidade de manter uma loja grande, tipo de operação que envolve altos custos, especialmente por causa do aluguel. De acordo com ele, é melhor guardar o estoque de veículos em algum galpão mais barato e manter um ponto de venda menor.
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Embora tenha feito um bom volume de vendas pela internet, Santos diz que a “porta aberta ajuda”. “É melhor ter o cliente dentro da loja”, afirma. “Em casa, o interessado abre várias abas na tela do computador (para pesquisar em diversos estabelecimentos). Na loja, é mais ’emoção’. Tem o test drive, o cafezinho.”
Santos informa que sua loja já está adaptada para o atendimento presencial. Segundo ele, todas as mesas de vendedores têm álcool em gel, e os funcionários irão permanecer de máscara de proteção. “Também teremos máscaras para oferecer para o cliente, caso ele chegue sem.”
Usados devem cair de preço
Quanto aos preços dos usados, a exemplo de Salerno, ele também espera uma queda nas cotações. Indiretamente, essa “guerra” no segmento de usados pode atrair mais compradores para o segmento, fator que pode prejudicar ainda mais a venda dos novos.
De acordo com o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), o Estado permite que municípios possam reabrir as atividades a partir do dia 1º de junho, mas não está decidido se todos os setores irão começar no dia 1°. Segundo ele, a partir de segunda-feira a prefeitura irá começar a receber as propostas de protocolos de cada um dos setores, e só depois de análises das áreas de Desenvolvimento Econômico e Saúde haverá a liberação ou não.
Procurada, a Fenabrave, entidade que representa as concessionárias, não se manifestou sobre o assunto.