Embora alguns refutem a veracidade da frase de que “quanto mais velho o vinho, melhor”, algumas coisas por aí comprovam que o tempo é, sim, um bom agente. Em tempos em que carros altos são tendência e o foco é na conectividade e tecnologia, sentimos falta de ver, ainda que de longe, belos projetos visuais e disruptivos.
É exatamente neste momento que um símbolo do luxo e do belo design completa 50 anos: o Lamborghini Miura SV. Foi no estande da Carrozzeria Bertone, no Salão de Genebra, que o esportivo surgiu, versão essa que se tornaria o maior sucesso da marca do touro.
A nova versão do Miura, que na época já estava no mercado há cinco anos, tinha a denominação SV na qual V significava “velocidade”. A configuração era uma variante ainda mais rápida do aclamado Miura P400 S. Posteriormente, o SV acabou por substituir o P400 S.
Foi pelas mãos de Giampaolo Dallara e Paolo Stanzani, chefes de engenharia da Lamborghini, que a ideia das versões S e SV ganharam forma. A dupla reuniu a experiência dos Miuras P400 e P400 S para criar o melhor protótipo da marca até hoje.
SV percorria 1 km em 24 segundos
Desse modo, o motor central V12 de 4 litros da SV foi atualizado para gerar mais potência- 385 cv a altos 7.850 rpm – e de quebra, tinha uma melhor dirigibilidade graças ao torque bem distribuído de 40,7 mkgf a 5.750 rpm. O trem de força era capaz de levá-lo aos 290 km/h e conseguia acelerar por 1 km em apenas 24 segundos.
Para tanto, as modificações no superesportivo incluíam uma suspensão traseira mais larga e a adoção de um chassi mais rígido. Não tão baixo, o carro tinha uma altura em relação ao solo de 13 cm e empregava tamanhos de rodas diferentes. A traseira tinha 9 polegadas e a dianteira 7. Se agoraas rodas cromadas demonstram requinte, há 50 anos o SV carregaou até rodas com acabamento em ouro.
As diferenças da emblemática desta versão às outras não pararam por aí. Isso porque as modificações técnicas exigiam por uma revisão no visual. Então, os para-lamas traseiros eram mais largos e houve uma alteração no desenho das lanternas. Na dianteira, o longo capô dianteiro, bem como o formato da grade e dos faróis inferiores também mudaram.
“Cílios” não estavam inclusos
Uma das diferenças mais chamativas está na falta dos “cílios” que ficavam em volta dos faróis, característica emblemática das outras versões do esportivo. Neste caso, contudo, a Lamborghini admite que não houve necessidade mecânica para essa alteração. Foi somente uma tentativa para reduzir o tempo da produção do novo Miura, pois o detalhe demandava por horas a mais de trabalho.
Por dentro, o acabamento era ainda mais sofisticado graças ao emprego de couro e detalhes cromados na porta, no volante e no console, por exemplo.
Além do luxo, era de costume que os modelos da Lamborghini ficassem nas mãos de pouquíssimos bem afortunados. Com o Miura SV não foi diferente. Foram construídos apenas 150 unidades entre 1971 e 1973. Embora pouco tempo, a versão não só substituir o P400 como ficou marcado na história como um dos projetos mais bem feitos do mercado.