Faz poucos dias, a Volkswagen anunciou que vai lançar seus novos carros elétricos no Brasil. A expectativa é pela chegada do hatch ID.3 e do SUV ID.4 – o primeiro deles, no início de 2022. A dupla, inclusive, já está no País para clínicas. Horas antes da alemã, a Peugeot lançou o 208 elétrico e prometeu mais novidades nos próximos meses – uma delas, a van e-Expert. Isso mostra o quanto o mercado de veículos elétricos está aquecido.
Embora várias marcas, como Audi, BMW, JAC Motors e Porsche, já vendam modelos movidos a eletricidade por aqui, os emplacamentos ainda são modestos. Segundo fontes de mercado, não chegam a 1% do total da frota circulante no País. Em números absolutos, foram vendidos 1.085 carros elétricos de janeiro a agosto. O total que representa 0,08% do mercado brasileiro, que acumula 1,332 milhão no período.
Entretanto, pesquisa recente revelou que o interesse e desejo do brasileiro pelos carros elétricos é crescente. Há um entendimento de que esses veículos têm vários benefícios, como, por exemplo, ausência de ruídos do motor, a neutralidade na emissão de gases e a manutenção mais barata (devido à ausência de dezenas de componentes) – isso fora o custo menor da eletricidade em relação aos combustíveis tradicionais. Contudo, na prática, ter um carro elétrico é caro demais para a realidade do País. Hoje, o modelo mais barato à venda por aqui é o JAC e-JS1, que custa R$ 150 mil.
Incentivo do Governo de São Paulo
Entretanto, a compra do carro elétrico pode ganhar novo fôlego, pelo menos em São Paulo. O Governo do Estado anunciou a redução do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para veículos elétricos de 18% para 14,5%. A alíquota menor entrará em vigor a partir de janeiro de 2022.
O incentivo deve puxar para cima os números do setor. Afinal, de acordo com Evandro Mendes, CEO da Eletricus, empresa especializada em soluções de infraestrutura de recarga, os elétricos serão bons para o bolso e também para o meio ambiente. “O custo com manutenção cai significativamente quando comparamos com caros a combustão. Além disso, o custo da energia elétrica é muito menor que o dos outros combustíveis”, enfatiza.
Números da ABVE
De acordo com a Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), as vendas de elétricos são mais expressivas quando se somam os híbridos. Com eles, o primeiro semestre de 2021 teve 13.899 unidades emplacadas e, portanto, 1,4% de participação. Além dos elétricos puros (732 unidades), somam-se os híbridos comuns (8.065) e os do tipo plug-in (5.102).
Embora os carros elétricos tenham apelo sustentável, torque mais forte e bem menos peças (por isso a manutenção é mais barata), ainda há quem torça o nariz quando o assunto são as baterias. Isso tanto em relação ao preço elevado, quanto no que tange o descarte. Mas o “calcanhar de Aquiles” é a infraestrutura para recarga, ainda em formação.
Atualmente, há mais de 700 eletropostos públicos no Brasil. No entanto, essa quantidade é insuficiente diante da extensão territorial do País, um empecilho para o avanço do carro elétrico. O número de estações (apontado pela ABVE) não considera os pontos semipúblicos em shoppings, estacionamentos privados e pátios de redes de lanchonetes). Ou estações em condomínios residenciais e comerciais, bem como em concessionárias.
Caminho sem volta
Mas, apesar da infraestrutura limitada, especialistas do mercado veem o carro elétrico como um caminho sem volta. Tudo depende da disseminação, assim como foi com equipamentos como airbags e ABS. Segundo Davi Bertoncello, diretor de infraestrutura da ABVE e CEO da Tupinambá, a oferta de eletropostos tem evoluído em sintonia com o crescimento do mercado brasileiro de veículos elétricos.
Portanto, é certa a presença cada vez maior desses modelos no País. Confira abaixo os novos carros elétricos que chegarão ao Brasil em 2022:
Volkswagen ID.3
Para cumprir a missão de neutralizar a emissão de carbono até 2050, a Volkswagen já vende no exterior os modelos elétricos da família ID. Revelado ao público durante a edição 2019 do Salão de Frankfurt (Alemanha), o hatch ID.3 tem origem na plataforma modular elétrica (MEB). Há três tipos de baterias: 45 kWh, 58 kWh e 77 kWh. As respectivas autonomias são de 352 km, 426 km e 549 km. São, no entanto, três opções de potência. Em síntese, 110 kW (150 cv), 107 kW (146 cv) e 150 kW (204 cv). Deve, por fim, chegar ainda este ano por aqui.
Volkswagen ID.4
O Volkswagen ID.4 é um SUV totalmente elétrico baseado no conceito ID.Crozz. Apresentado ao mundo no começo do ano passado, o modelo promete autonomia de até 520 km dependendo da versão escolhida. O SUV oferece duas opções de potência: 204 cv e 300 cv. A versão topo de linha promete até tração nas quatro rodas. A princípio, a estreia deve ficar para 2022.
Ford Mustang Mach-E
O Mach-E nada mais é que um SUV baseado no Mustang. Tem gente que torceu o nariz, mas a esportividade não será deixada de lado no modelo da Ford, que deve chegar ao Brasil em breve (ainda não há data específica). Com versões entre 260 cv e 487 cv de potência, o modelo fabricado no México, deve ser mais barato que outros exemplares disponíveis no Brasil. A autonomia pode ultrapassar os 600 km.
Cheveolet Bolt EUV
A Chevrolet não vai ficar só no Bolt e, para avançar no mercado de carros elétricos, deve trazer a versão SUV. Previsto para o ano que vem, o Bolt EUV (Eletric Utility Vehicle) tem 16 centímetros a mais que o modelo atual (4,30 metros de comprimento). Na prática, carrega o mesmo conjunto elétrico do irmão porém, a autonomia salta para 402 km. De acordo com a GM, o SUV têm baterias de íons de lítio de 65 kWh. Como no hatch, o modelo gera o equivalente a 201 cv de potência e 35,7 mkgf de torque.
JAC E50A
A JAC Motors vem apostando forte no mercado de veículos elétricos. Com opções no catálogo que passam por compacto, SUVs e picape, a chinesa tem um sedã elétrico na manga. Com estreia prevista para este ano (ou 2022), o modelo ainda não tem nome definido para o mercado local. Lá fora é conhecido por iC5 ou Si Hao E50A. Derivado do J7 (sucessor do J5, que foi vendido aqui), o elétrico gera 193 cv e 34,7 mkgf. De acordo com a fabricante, vai de 0 a 100 km/h em 7,6 s. Com baterias de 64,5 kWh, tem autonomia de 530 km.
BMW iX e i4
Recentemente, a BMW confirmou a chegada de dois novos modelos elétricos ao mercado brasileiro. Trata-se da dupla i4 e iX. Ainda sem data específica, os modelos, a princípio, devem ser lançados entre este ano e o ano que vem. Os preços não foram divulgados pela marca, entretanto, não devem ficar abaixo de R$ 500 mil.
O BMW i4 tem duas variantes. O i4 eDrive40 tem 340 cv e tração traseira- são 42,6 mkgf e um 0 a 100 km/h em 5,7 segundos. O sedã de estilo cupê, em suma, tem 590 km de autonomia. Já o i4 M50 (esportivo com tração nas quatro rodas) tem, no entanto, dois motores elétricos que geram 544 cv e 80,8 mkgf. De 0 a 100 km/h: 3,9 segundos. A autonomia fica em 510 km.
Com visual de gosto duvidoso, o BMW iX, a princípio, é um SUV que também chegará em duas versões de acabamento. Com baixíssimo coeficiente aerodinâmico para um SUV (apenas 0,25), o novato opta pela sustentabilidade desde a concepção. Tem utilização de energia solar e eólica durante a produção, uso de plásticos reciclados e uma pegada de carbono 45% menor que a de um SUV similar.
Com porte de X5, o SUV tem duas versões de acabamento, ambas, com dois motores elétricos – um em cada eixo. Na xDrive40 são 326 cv e 64 mkgf. Vai da inércia aos 100 km/h em 6 segundos. No entanto, a potência do iX xDrive 50 pula para 523 cv e o torque fica em 77,7 mkgf. Atinge os 100 km/h em 4,6 segundos. A autonomia, por fim, é de 630 km.
Muda, também, a capacidade de carga do conjunto de baterias. No primeiro, são 76,6 kWh e at´é 425 km de autonomia. Já na topo de linha, capacidade de carga de 111,5 kWh. Pode, todavia, percorrer até 630 km. Para ter 80% da bateria carregada – em pontos de recarga rápida -, a dupla precisa de pouco mais de 30 minutos.
BYD agora para o público
No Brasil, a BYD vende seus modelos apenas para empresas e frotistas, e nunca chegou a vender carros ao público geral – nem mesmo o sedã e5 e a minivan e6 chegaram às mãos do consumidor comum. Mas esse quadro promete ser revertido em 2022. Afinal, a marca chinesa anunciou, nos últimos dias, que vai lançar alguns de seus exemplares no País.
Na lista, estão os SUVs elétricos Tang e Song Plus, e o sedã Han. O primeiro deles é o que mais promete no País. Lançado na Noruega em março, o utilitário tem chegada prevista para o início do próximo ano por aqui. O modelo conta com dois motores elétricos (um na frente e outro atrás, ou seja, tração integral) que têm potência equivalente a 496 cv. Alimentado por baterias de 82,8 kWh, é capaz de fazer quase 600 km com apenas uma recarga. O modelo tem sete assentos e faz de 0 a 100 km/h em 4,6 segundos.
O Han fica cotado para invadir o segmento de sedãs grandes ainda no primeiro semestre do ano que vem. Tem 4,98 metros de comprimento, o que rende um generoso espaço de 2,92 metros no entre-eixos. Para se mover, o modelo de entrada, a princípio, tem motor dianteiro de 221 cv de potência e torque de 33,6 mkgf. Já versão topo de linha (um motor em cada eixo e tração integral) gera 493 cv e 69,3 mkgf, capaz de ir da inércia aos 100 km/h em 3,9 segundos. Ambas têm bateria de 76,9 kWh e autonomia média de 555 km.
O Song Plus, por fim, tem uma versão com motor elétrico (há, contudo, configuração híbrida no portfólio) de 183 cv e torque de 28,6 mkgf. Com bateria de 71,7 kWh, em suma, rende autonomia de 380 km. Cabe salientar, no entanto, que a marca não deixou claro seu posicionamento e a cronologia de lançamentos por aqui. Os preços, todavia, não devem ficar abaixo dos R$ 300 mil.
Volvo C40 Recharge
A Volvo, que está totalmente engajada em termos de eletrificação, trará o C40 Recharge ao Brasil. Derivado do XC40, o segundo modelo da marca alimentado por energia elétrica já está confirmado no País. Deve, no entanto, chegar até o início de 2022.
O principal destaque é, a princípio, o estilo “SUV-cupê”. Ou seja, um SUV com caída do teto em direção a traseira. Nele, dois motores elétricos (alimentados por bateria de 78 kWh que pode ter 80% de recarga em 40 minutos) prometem potência de 408 cv. A autonomia é de até 420 km. Mesmo com aerodinâmica diferenciada, o desempenho é o mesmo do SUV: 67,3 mkgf de torque. São 4,7 segundos no 0 a 100 km/h e velocidade máxima de 180 km/h (limitada). Deve rondar os R$ 400 mil, visto que o XC40 elétrico não sai por menos de R$ 389.950