As montadoras já viraram a chave para a eletrificação. Por outro lado, isso não acontecerá de uma hora para outra no Brasil. Além da rede de recarga ainda modesta, há uma clientela que não abre mão da alta performance dos motores a combustão. Nesse bolo se destacam, principalmente, as divisões esportivas de marcas alemãs. Quanto mais alto o ronco, melhor. É de olho nesse público que a Mercedes-AMG lança duas novidades no mercado brasileiro: GLA 35 4Matic e GLB 35 4Matic.
Antes de falar dos carros em si, vale contar a história da preparadora. Muita gente fala nos AMG, mas poucos sabem que a sigla veio dos sobrenomes dos dois engenheiros que se juntaram para fazer a marca nascer: Hans-Werner Aufrecht e Erhard Melcher. Já a letra “G” vem da cidade onde eles moravam, Grossaspach, um vilarejo na região de Württemberg.
E essa história – datada de 1967 – que acaba de completar 55 anos é recheada de ícones, como C 63 AMG, SL 55 AMG e o SLS (foto acima), que em 2010 se tornou o primeiro veículo desenvolvido exclusivamente pela divisão de alta performance. A próxima cartada atende pelo nome de AMG-One, mas segue em fase de protótipo desde 2018.
Motores menores
Mas nem só de superesportivos vive a AMG. Há quase dez anos, a marca resolveu apostar num novo público alvo e entrou no segmento de compactos com o A 45 e CLA 45. Foi daí que veio o motor 2.0 com 4 cilindros mais potente do mundo de produção em série. Tinha, portanto, 361 cv.
E é numa fatia um pouquinho mais abaixo que a Mercedes-AMG aposta nesse fechamento do 1º trimestre de 2022. Ao lado do hatch A 35 e dos sedãs A 35 Sedan e CLA 35, a marca dá aquele toque apimentado também em seus SUVs de entrada.
Para informação, os dois já existem na Europa e o GLA já tem até versão AMG 45 – que não deve vir ao Brasil. No caso do GLB 35, é a primeira vez que o SUV familiar com assentos para sete ocupantes recebe a consagrada mãozinha da AMG.
Dá para notar logo de cara as diferenças de ambos em comparação com suas versões convencionais. Basta olhar os detalhes como a grade frontal com barras verticais, o para-choque mais largo, assim como spoiler e saias laterais. Todas as mudanças se aplicam aos dois modelos. Aliás, por dentro, tem tapete e pedaleiras diferenciadas, cintos de segurança em tom vermelho e tecido dos bancos herdados da Fórmula 1, que dão maior aderência aos ocupantes.
Na pista
O Jornal do Carro conferiu, na prática, que o tamanhão do GLB em nada compromete a esportividade do sobrenome AMG. O SUV de 4,63 metros de comprimento tem mecânica toda nova. Sai de cena o motor 1.3 turbo, a gasolina, de 163 cv da versão 200 Progressive para dar lugar ao 2.0 turbo, 4 cilindros de 306 cv. Só de torque, são 40,8 mkgf, de acordo com a marca. As mesmas credenciais valem para o GLA 200.
E não é só isso. O câmbio de sete marchas e dupla embreagem dá lugar ao AMG Speedshift 8G-DCT. Na pista, é possível reduzir até duas marchas, funcionando como um freio-motor. Assim, poupa os freios e sobe aquele estalo a cada redução. Som, inclusive, acompanhado pelo roncão que vaza pelas saídas de escape e soa como música. E, por falar nisso, a função Loud Start deixa o ronco ainda mais encorpado.
A suspensão AMG Ride Control pode ter comportamento modificado mesmo sem mexer nos modos de condução (Individual, Comfort, Sport e Sport+). Por meio de um botão no console, dá para deixar o conjunto mais confortável (para uso diário), mais esportivo ou mesmo totalmente rígido. Uma inédita tecla no volante também faz o ajuste.
Ao entrar no carro, não é difícil encontrar a melhor posição de dirigir. O banco abraça e tem ajustes nas portas – como nos demais Mercedes-Benz. A alavanca de câmbio atrás do volante também é comum na marca. Em compensação, a empunhadura do volante – de base achatada – é imbatível. Sem contar as enormes aletas que ficam na parte de trás para ajudar na troca de marchas. Mesmo quem não tem o costume de usar esse recurso, não resiste. O GLB 35 AMG leva 5,3 segundos para chegar aos 100 km/h.
Única diferença entre SUVs é o 0 a 100 km/h
Com exatamente as mesmas credenciais do GLB 35 (salvo o tamanho e o estilo, claro), o GLA 35 é apenas 1 milésimo mais rápido que o irmão no 0 a 100 km/h. Precisa de 5,2 segundos. Já a velocidade máxima, em ambos, alcança aos 250 km/h (limitada automaticamente). Na pista não chegamos a isso. Mas não por falta de incentivo e vontade.
Com direção bem direta e conforto de tirar o chapéu, ambos SUVs cumpriram muito bem seu papel, seja pisando forte, ou mesmo passeando pela pista. Sim, guiamos de todas as formas para ter a certeza de que os SUVs podem agradar todos os tipos de público, desde aquele cliente que faz uma “brincadeira” na pista aos fins de semana, àquele que roda apenas pela cidade e, vez ou outra, dá uma esticada na estrada.
Mimos e outras coisinhas mais
Em síntese, seja qual for o perfil do cliente, todos querem mimos a bordo e uma lista bem rechada de itens de conforto, segurança e tecnologia. Os dois têm teto solar panorâmico, ar-condicionado de duas zonas, carregador de smartphone por indução, além de telas digitais no quadro de instrumentos e central multimídia, com 10,2″ cada uma. O porta-malas é elétrico e pode ser aberto com aquele movimento de passar o pé sob o para-choque.
Por fim, hora de falar do que boa parte da clientela mais preza, a assistência de condução. Tanto o GLA 35 quanto o GLB 35 têm assistentes de direção, frenagem, manutenção de faixa, ponto-cego e distância do carro à frente. Tráfego cruzado e aviso de desembarque também estão na lista, assim como os faróis de LEDs automáticos.
Por fim, ambos já estão nas concessionárias e – com tanto a oferecer – custam meio milhão de reais. Afinal, o Mercedes-AMG GLA 35 4Matic sai por R$ 494.900. E o Mercedes-AMG GLB 35 4Matic tem preço de R$ 504.900. A fabricante não fala em estimativas, mas garante que ambos triplicarão as vendas da gama AMG 35 neste ano.
Um adendo. Faltou falar porque o sobrenome da dupla é 4Matic. É assim que a marca chama seu sistema de tração integral, capaz de distribuir força entre os eixos dianteiro e traseiro.