A um mês do início da pré-venda no Brasil, a Honda apresenta a novo HR-V feito na fábrica de Itirapina (SP). Nesta terceira geração, o SUV vai subir de nível em vários aspectos, inclusive nos preços. O modelo promete disputar tanto com os SUVs compactos, como Hyundai Creta, Jeep Renegade e Volkswagen T-Cross, por exemplo, quanto com os médios, como Jeep Compass e Toyota Corolla Cross, em suas versões mais básicas. Será possível?
Para esta missão, o novo Honda HR-V terá dois motores e o câmbio automático do tipo CVT que simula sete marchas. Nas versões de entrada EX e EXL, o SUV terá o 1.5 flex de quatro cilindros e injeção direta de combustível, que estreou em 2021 na nova linha City. Este desenvolve até 126 cv de potência com etanol ou gasolina, e torques máximos de 15,8 mkgf (E) e 15,5 mkgf (G) a 4.600 rotações. Já as versões Advance e Touring terão o 1.5 turbo flex.
Por ora, a marca japonesa ainda não detalhou o novo motor turbo. Entretanto, com tropicalização para beber etanol, é esperado que fique mais potente. No HR-V anterior, que saiu de linha no início do ano, o 1.5 turbo a gasolina rendia 173 cv e 22,4 mkgf de torque a 1.700 rpm. A Honda só vai divulgar as especificações técnicas mais adiante, porque as versões Advance e Touring só chegarão às lojas em outubro, quando terão pré-venda.
Honda HR-V vem primeiro com motor 1.5 flex
Diferente do que costuma acontecer nos lançamentos de carros, a Honda vai iniciar as vendas do novo HR-V pelas versões de entrada. Para quem se familiarizou com a geração anterior, há uma grande mudança mecânica. Antes, o SUV trazia o motor 1.8 flex aspirado de até 140 cv e 17,4 mkgf que era da linha Civic. Entretanto, desta vez, traz o 1.5 flex de 126 cv e 15,8 mkgf da linha City. Ou seja, temos aí um “downsizing sem turbo”.
Por ora, não há como saber o efeito prático, pois a marca não divulgou dados de desempenho. Mas uma coisa é certa: essa troca veio em função dos novos limites de emissões de poluentes, o Proconve L7. Assim, o novo HR-V, embora menos potente, será um dos SUVs mais econômicos pelo Inmetro. Com motor 1.5 flex e câmbio CVT, faz 8,8 km/l na cidade e 9,8 km/l na estrada com etanol, e 12,7 km/l e até 13,9 km/l com gasolina, na ordem.
A Honda também vai lançar seu SUV recheado de equipamentos inéditos e alguns até avançados. Desde as versões EX e EXL, o novo HR-V terá faróis com iluminação Full LEDs, bem como o pacote Sensing, que reúne os sistemas de condução semiautônoma. Ele funciona por meio de uma câmera de longo alcance e de visão grande angular que fica à frente do retrovisor interno. O dispositivo traz um microprocessador de imagem de alta capacidade.
SUV acelera e freia sozinho
Com o pacote Sensing, o Honda HR-V terá frenagem automática de emergência com detecção de pedestres, assistente de permanência em faixa com correção do volante e farol alto com ajuste automático. Todos estes disponíveis na linha City. Outra novidade no SUV é o controle de descida em rampas (HDC), que atua no acelerador e no freio a velocidades de até 20 km/h, enquanto o motorista mantém o foco no controle da direção.
Outro recurso importante no novo HR-V é o controle de cruzeiro adaptativo (ACC), que passa a ter a função “Stop and Go”. Ou seja, o sistema é capaz de parar totalmente o SUV, e retomar a aceleração em congestionamentos. Na prática, o motorista fica livre de acelerar e frear, e pode controlar o ACC pelos botões no volante.
Nova multimídia de 8 polegadas conectada
Tal como o Jornal do Carro contou ainda em março, o novo HR-V vai estrear os serviços conectados da Honda no Brasil. Porém, de início, somente as versões Advance e Touring terão a plataforma “myHonda Connect”. Por isso, a marca ainda não informou de qual operadora será o chip de internet. É por meio dele que a nova multimídia e o veículo irão se conectar ao aplicativo no smartphone, permitindo acessar dados em tempo real e a executar comandos.
Segundo a japonesa, no app myHonda Connect do celular será possível ver o status do veículo, dar a partida no motor ou ligar o ar-condicionado para climatizar a cabine à distância, por exemplo. Os usuários também poderão encontrar o carro com suporte de mapa, receber alertas de segurança e fazer agendamentos de revisões. A marca diz que o serviço será rapidamente ampliado para as demais versões do New HR-V, assim como para a linha City.
Por sinal, é do hatch e do sedã compactos que vem a tela multimídia de 8 polegadas que fica no topo central do painel. Ela tem espelhamento sem fio com Android Auto e Apple Carplay, e conta com botões físicos, o que sempre ajuda na hora de mexer no equipamento ao volante. A central é feita em Manaus (AM) e tem uma adaptação semelhante à do Corolla sedã. Ela não é “flutuante”, como na Europa, e tem um tampão que a faz parecer uma “tela de tubo”.
Outro equipamento herdado da linha City é a tela de 7 polegadas configurável do quadro de instrumentos. Entretanto, o visor TFT de alta resolução estará disponível apenas nas versões turbo. Na EX e na EXL, o quadro de instrumentos é mais simples, com um pequeno visor central ladeado pelos relógios do conta-giros e do velocímetro. Mas a opção EXL já virá de fábrica com bancos e volante revestidos com couro, bem como com paddle-shifts.
Ao volante do novo Honda HR-V
Nosso primeiro contato com o SUV foi dentro da fábrica da Honda em Sumaré (SP), sede da empresa no Brasil. Pudemos conferir – e acelerar brevemente – unidades pré-série do modelo no campo de provas que fica dentro das instalações da marca. Tal como o cronograma de vendas, por ora experimentamos apenas a versão EXL com motor 1.5 flex aspirado. E ele até surpreendeu ao volante, com saídas espertas e boas respostas ao acelerador.
Dentre os rivais diretos do novo HR-V, o Nissan Kicks é o que tem comportamento mais parecido. Inclusive, ambos têm dimensões próximas, rodar leve, bem como aceleram no compasso do câmbio CVT com marchas virtuais. Entretanto, o motor da Honda é mais moderno, com injeção direta, e também mais potente, com 126 cv. Enquanto isso, o modelo da conterrânea é 1.6 flex, mas desenvolve 113 cv com etanol, e 110 cv com gasolina.
Alguns exercícios na pista permitiram sentir o comportamento dinâmico do New HR-V. Sua carroceria continua muito sólida e estável em movimento, mas a direção está mais direta, tal qual a Honda anuncia. A marca também diz que o novo monobloco está 10% mais rígido, com mais aços de alta-ultra resistência em sua arquitetura. Ao mesmo tempo, no trecho que piso irregular, o utilitário mostrou-se macio e confortável.
Um dos motivos é que o novo HR-V virá de fábrica com pneus de perfil mais alto (215/60), que ajudam a filtrar o asfalto ruim. Eles calçam as rodas de liga leve de 17 polegadas. Os desenhos mudam conforme as versões, mas todas têm o mesmo diâmetro. Outro ponto interessante é o campo de visão do motorista, que ficou maior com o deslocamento dos espelhos retrovisores mais para dentro das portas. Antes, eles ficavam próximos das colunas dianteiras.
Porta-malas encolheu
Ao mesmo tempo em que apresenta muitas evoluções, o novo Honda HR-V também tem mudanças que podem desagradar. Uma delas, tal como contamos, é a redução de potência e torque com a troca do motor 1.8 flex pelo 1.5 flex de injeção direta. Mas o ponto crítico é o porta-malas. Nesta nova geração, ele tem 354 litros de volume, ou seja, 83 litros a menos que no modelo anterior, que tinha compartimento com 437 litros de capacidade.
A Honda alega que, apesar dessa redução expressiva, o novo HR-V continua a cumprir o padrão de antes e acomoda três malas grandes, por exemplo. Ao menos, o SUV mantém um dos itens mais apreciados pelos clientes da marca, que é o sistema modular dos bancos traseiros (Magic Seat). Assim, é possível dobrar os assentos de várias formas e levar objetos compridos, como uma prancha de surf, até outros mais altos, como um vaso de planta.
Uma notícia ruim para quem curte teto solar: o novo HR-V não terá a opção nem nas versões mais caras. Segundo a Honda, o SUV tem teto de vidro (sem abertura) em outros mercados, porém isso aumentaria o custo do projeto – bem como envolve questões de segurança. Por isso, está descartado para o Brasil. Em compensação, há equipamentos de SUVs médios, como ajuste elétrico do banco do motorista e abertura elétrica da tampa do porta-malas.
O destaque final fica com o novo estilo. Por fora e por dentro, o Honda New HR-V entrega visual moderno e elegante. Assim como na geração anterior, transmite requinte a bordo, com excelente construção, materiais macios ao toque e arremates precisos. A bordo, há quatro portas USB na frente, e outras duas atrás, assim como difusores de ar. O espaço no banco traseiro cresceu com a redução do porta-malas, e acomoda bem cinco adultos.
Preços em agosto
Neste pré-lançamento, a Honda não revelou os preços da nova geração do HR-V. Mas é esperado que o novo modelo custe acima da linha City. Ou seja, a versão EX deverá custar na faixa de R$ 125 mil. Já as versões 1.5 turbo só terão os valores revelados em outubro. Estas devem subir bastante e alcançar os SUVs médios. Ou seja, vai superar os R$ 160 mil cobrados no início de 2022 pela geração anterior, e ficar na cola de Compass e Corolla Cross.