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Aceleramos o BMW i4, primeiro elétrico da linha ‘M’ no Brasil; veja o preço
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Aceleramos o BMW i4, primeiro elétrico da linha ‘M’ no Brasil; veja o preço

Cupê elétrico de quatro portas da BMW acelera como o esportivo M3 a gasolina e tem mais de 500 km de autonomia com as baterias carregadas

Eugênio Augusto Brito, Especial para o Jornal do Carro

27 de nov, 2022 · 12 minutos de leitura.

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BMW i4
BMW i4 acelera de zero a 100 km/h em 3,9 segundos e tem autonomia que permite percorrer longas distâncias
Crédito:BMW/Divulgação

A BMW do Brasil celebra neste mês os 50 anos da sua divisão esportiva M. Fundada em maio de 1972, a preparadora já criou maravilhas como, por exemplo, o E9 3.0 CSL, o E30 M3 (1990) e o bestial X6M (2010). Porém, os tempos mudaram, e a eletrificação já domina também o universos dos esportivos. Por isso, a novidade que acaba de chegar é movida por baterias. O i4 estreia no Brasil como o primeiro elétrico da BMW M.

O modelo carrega o nome Grancoupé, para acompanhar a nomenclatura da marca para sedãs com estilo fastback – os chamados “cupês de quatro portas”. Assim, o i4 é uma mistura de Série 4 (no tamanho da carroceria) com M3 (no estilo de grade e, principalmente, na aceleração). O modelo é o quinto carro elétrico (BEV) da BMW no Brasil – aqui contam não só os da marca bávara, mas também da inglesa Mini. No caso do i4, são duas versões:

  • BMW i4 eDrive40 – R$ 496.950
  • BMW i4 M50 – R$ 596.950
BMW i4
BMW/Divulgação

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Como é cada configuração do BMW i4

A primeira versão do esportivo elétrico tem um motor assíncrono de quinta geração e um pacote de baterias robusto, com capacidade de 80,7 kWh. O conjunto envia o equivalente a 340 cv de potência e 43,84 mkgf de torque ao eixo traseiro. Com esses números, a BMW informa aceleração de zero a 100km/h em 5,7 segundos, com a promessa de uma autonomia bem interessante de 590 km no ciclo europeu WLTP.

Por sua vez, a versão topo de linha traz tudo o que se espera de um modelo da linha M. A grade dianteira, por exemplo, é parecida com a do SUV elétrico iX, mas com o emblema “M” – no modelo de entrada eDrive40, o logotipo é o da linha “i”. Nas laterais, sobressaem-se as rodas de liga leve de 19 polegadas, bem como as entradas de ar nas caixas de rodas. Atrás, há um difusor, mas sem as saídas de escape – afinal, não há motor a combustão.

Já no BMW i4 M50, são dois motores elétricos, um em cada eixo. O conjunto gera 544 cv de potência e robustos 81 mkgf, e utiliza a mesma bateria de 80,7 kWh. Assim, faz o zero a 100 km/h em 3,9 segundos, mesma marca do atual M3. Além disso, curiosamente, não perde muita autonomia em relação ao modelo de entrada, alcançando até 510 km.




Sedã tem nova arquitetura

Segundo os engenheiros da BMW do Brasil, o i4 usa uma plataforma própria, a CLAR (Cluster Architecture), que é uma base “coringa”. O conjunto elétrico é o mesmo do iX, enquanto a carroceria lembra a do Série 4, mas com entre-eixos maior e subchassis e conjunto de suspensões do sedã Série 3 – ou do M3, no caso da versão de topo, que tem amortecedores a ar. São 4,78 metros de comprimento e 2,86 m de entre-eixos. O porta-malas tem 470 litros.

O sistema de carregamento do BMW i4 permite fazer a recarga em estações de ultra potência (350 kW), ainda indisponíveis em mercados como o brasileiro. É uma especificação um pouco exagerada, mas é de propósito, para tornar o i4 um modelo “future proof”. Num eletroposto como este, leva-se menos de 20 minutos para recuperar 80% da carga do i4.

Porém, na vida real no Brasil, o modelo vem com adaptador doméstico (Wallbox), que suporta 22 kW, além de um adaptador portátil (em case no no porta-malas) de 112 kW. Com eles, o tempo de recarga varia de 23 horas a 11 horas em rede doméstica padrão (110V ou 220V).


BMW i4
BMW/Divulgação

Tecnologia de ponta

Na cabine do i4, visual é similar ao do Série 4, mas com mais de espaço para joelhos e cotovelos, e com tecnologia que encosta no SUV elétrico iX. O sistema semiautônomo, por exemplo, tem mais de 40 assistências, incluindo controle de cruzeiro adaptativo (ACC), faróis Full LEDs adaptativos, e assistentes de ré e de estacionamento.

Da mesma forma, o BMW i4 tem chip de internet 5G e integração com o sistema online da marca e com app myBMW para smartphones. Tem também atualização remota de software (baixa sozinho), ar-condicionado de três zonas e sistema de som premium Harman Kardon com 17 alto-falantes e 464W.


Como carro elétrico não faz ruído, existe uma “assinatura sonora” com dois ajustes, para fazer algum barulho no momento de aceleração. Esse som que sai dos alto-falantes do cupê é de autoria do compositor de Hollywood, Hans Zimmer, assim como no iX.

Também do SUV vem o sistema de telas telas conjuntas, uma com 12,3″ para o quadro de instrumentos, e outra de 14,9″ para multimídia e ajustes gerais, que podem ser comandadas por toque, por botões físicos ou por comando de voz, com Apple Siri e Amazon Alexa.

De exclusivo, o i4 tem um novo sistema de controle da frenagem regenerativa, chamado de 2.0 pela BMW. A tecnologia usa os dados de aceleração e posição em pista do GPS, das câmeras e dos sensores para definir se há outros veículos ou pedestres, e se há obstáculos ou uma rotatória à frente, por exemplo. A partir dessa leitura, o sistema define se vai reduzir a aceleração ou não para começar a usar a energia cinética recarregar as baterias.


BMW i4
EUGÊNIO AUGUSTO BRITO/ESTADÃO

Primeira volta

O Jornal do Carro teve um primeiro contato rápido com o i4 M50 na pista de testes do Circuito Panamericano, na região metropolitana de São Paulo. Foi usada uma das pistas de testes da Pirelli, com uma reta de média velocidade, um trecho de asfalto molhado, além de uma pequena seção em forma de chicane. Duas voltas neste traçado curto, com cerca de 4 minutos no total, não mais que isso, além de alguns minutos de contato estático com o carro.

O objetivo da BMW foi dar um aperitivo do potencial de aceleração do esportivo elétrico, bem como mostrar as diferentes assistências ao condutor. Assim, logo de saída, usamos o controle de largada (launch control). Nesta configuração, o motorista poisa no freio com o pé esquerdo ao mesmo tempo em que afunda o acelerador com o pé direito. A seleção dos modos de condução é feita pela a tela maior, do sistema multimídia.


O mostrador de rotações e velocidade exibe um ícone de bandeira quadriculada, e o barulho artificial lembra o de uma nave do filme Star Wars em modo de hipervelocidade. Ao tirar o pé do freio, o carro sai com torque máximo e faz o zero a 100 km/h em 3,9 segundos. A grande diferença para o M3 está no peso do carro, que é menor, e também na ausência de ronco do motor – sem isso, nosso corpo não se prepara para a “patada” na arrancada.

BMW i4
EUGÊNIO AUGUSTO BRITO/ESTADÃO

Acelerações são brutais

Quando as costas e cabeça são jogadas contra o banco do BMW i4, a sensação acaba sendo quase de surpresa. É muito brutal, mas não chega a ser tão arisco quanto o M3, já que há muitos sistemas de assistência atuando. Embora a tração seja 40/60, com a maior parte no eixo traseiro, na versão M50 tem uma leitura constante das condições de pista e de aceleração lateral. Assim, controla a carga de torque em cada roda dentro da proposta mais esportiva.


Dessa forma, mesmo com toda esportividade, o i4 parece manter o controle, com respostas equilibradas ao condutor, seja na aceleração, seja em uma mudança rápida de pista, como na chicane. É uma situação em que o M3 poderia dar uma “rabeada”.

No fim das contas, o i4 é uma máquina incrível com visual executivo e arrojado, e que poderá servir facilmente a viagens de longa distância – desde que não se use o launch control. E isso pode ser o diferencial para convencer os clientes de sedãs tradicionais, que ainda não aderiram totalmente aos carros elétricos.

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Testes de colisão validam a segurança de um carro; entenda como são feitos

Saiba quais são os critérios utilizados para considerar um automóvel totalmente seguro ou não

03 de mai, 2024 · 2 minutos de leitura.

Na hora de comprar um carro zero-quilômetro, muitos itens são levados em conta pelo consumidor: preço, complexidade de equipamentos, consumo, potência e conforto. Mas o ponto mais importante que deve ser considerado é a segurança. E só há uma maneira de verificar isso: os testes de colisão.

A principal organização que realiza esse tipo de avaliação com os automóveis vendidos na América Latina é a Latin NCAP, que executa batidas frontal, lateral e lateral em poste, assim como impactos traseiro e no pescoço dos ocupantes. Há também a preocupação com os pedestres e usuários vulneráveis às vias, ou seja, pedestres, motociclistas e ciclistas.

“Os testes de colisão são absolutamente relevantes, porque muitas vezes são a única forma de comprovar se o veículo tem alguma falha e se os sistemas de segurança instalados são efetivos para oferecer boa proteção”, afirma Alejandro Furas, secretário-geral da Latin NCAP.

As fabricantes também costumam fazer testes internos para homologar um carro, mas com métodos que divergem do que pensa a organização. Furas destaca as provas virtuais apresentadas por algumas marcas.

“Sabemos que as montadoras têm muita simulação digital, e isso é bom para desenvolver um carro, mas o teste de colisão não somente avalia o desenho do veículo, como também a produção. Muitas vezes o carro possui bom design e boa engenharia, mas no processo de produção ele passa por mudanças que não coincidem com o desenho original”, explica. 

Além das batidas, há os testes de dispositivos de segurança ativa: controle eletrônico de estabilidade, frenagem autônoma de emergência, limitador de velocidade, detecção de pontos cegos e assistência de faixas. 

O resultado final é avaliado pelos especialistas que realizaram os testes. A nota é dada em estrelas, que vão de zero a cinco. Recentemente, por exemplo, o Citroën C3 obteve nota zero, enquanto o Volkswagen T-Cross ficou com a classificação máxima de cinco estrelas.

O que o carro precisa ter para ser seguro?

Segundo a Latin NCAP, para receber cinco estrelas, o veículo deve ter cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça em todos os assentos e, no mínimo, dois airbags frontais, dois laterais ao corpo e dois laterais de cabeça e de proteção para o pedestre. 

“O carro também precisa ter controle eletrônico de estabilidade, ancoragens para cadeirinhas de crianças, limitador de velocidade, detecção de ponto cego e frenagem autônoma de emergência em todas as suas modalidades”, revela Furas.

Os testes na América Latina são feitos à custa da própria Latin NCAP. O dinheiro vem principalmente da Fundação Towards Zero Foundation, da Fundação FIA, da Global NCAP e da Filantropias Bloomberg. Segundo o secretário-geral da entidade, em algumas ocasiões as montadoras cedem o veículo para testes e se encarregam das despesas. Nesses casos, o critério utilizado é o mesmo.

“Na Europa as fabricantes cedem os carros sempre que lançam um veículo”, diz Furas. “Não existe nenhuma lei que as obrigue a isso, mas é como um compromisso, um entendimento do mercado. Gostaríamos de ter esse nível aqui na América Latina, mas infelizmente isso ainda não ocorre.”