O Nissan Sentra nunca chegou perto de vender como Honda Civic e Toyota Corolla no Brasil. Ao longo da última década, quando os sedãs médios ainda eram o sonho de consumo de muita gente, a dupla rival dominou o mercado brasileiro, e deixou uma pequena fatia das vendas para outros modelos, como Chevrolet Cruze e Volkswagen Jetta. Assim, o Sentra tinha pouco espaço para crescer. Entretanto, o mercado mudou bastante desde então.
Agora, os SUVs são os favoritos do público. Por causa disso, várias montadoras simplesmente abandonaram o segmento dos sedãs médios, que rapidamente perdeu força. Em 2023, o Corolla sedã concentra as vendas da categoria. O modelo da Toyota, aliás, mantém o fôlego de forma surpreendente, enquanto os demais concorrentes entregam volumes cada vez menores. É nesse contexto que o novo Nissan Sentra pode se dar bem.
Feito no México, o sedã chega livre de taxa de importação e com preço competitivo (para os padrões atuais, é claro). Para ser preciso, o Sentra 2023 vem na cola do Corolla sedã. Tal como contamos aqui Jornal do Carro no lançamento em março, o modelo da Nissan tem preço inicial de R$ 148.490 na versão Advance. Ou seja, bem próximo do adversário da Toyota, que tem produção em Indaiatuba (SP) e tabela a partir de R$ 146.890 na versão GLI.
Entretanto, neste primeiro contato com a nova geração do sedã da Nissan, avaliamos o Sentra Exclusive, versão topo de linha que custa R$ 171.590. Seu único opcional é o “interior premium”, que estava presente e adiciona R$ 1.700 ao preço. Assim, custa R$ 173.290, novamente um valor bem próximo ao do Corolla sedã, que tem tabela de R$ 175.590 na versão GR Sport. Detalhe: os dois modelos usam motor 2.0 e câmbio automático do tipo CVT.
Nissan Sentra tem receita clássica
Se a proposta é fisgar os tradicionais clientes de sedãs médios, nada melhor (e mais seguro) que apostar em uma receita clássica no segmento. Assim é o conjunto mecânico que une motor 2.0 e câmbio automático. É isso que temos neste novo Sentra, mas pelo menos em versão mais moderna. O novo 2.0 a gasolina tem sistema injeção direta e entrega desempenho honesto. São 151 cv de potência e 20 mkgf de torque a 4.000 rpm.
O câmbio automático, por sua vez, é do tipo CVT, com variação contínua e simulação de oito marchas. Tem paddle-shifts no volante para trocas manuais, mas isso não garante desempenho esportivo ao sedã, que, segundo a Nissan, tem aceleração de zero a 100 km/h feita em 9,4 segundos e alcança velocidade máxima de 200 km/h. De toda forma, o conjunto entrega força nas acelerações e retomadas, e bom consumo, com 11 km/l (cidade) e 13,9 km/l (estrada).
Ao volante, o novo Sentra é como um clássico sedã médio. A cabine capricha no acabamento, com muitas peças macias ao toque e arremates bem feitos. A posição de dirigir é mais baixa, o que acompanha a altura do modelo, com 1,45 metro – é 18 cm mais baixo que o Jeep Compass Sport, por exemplo. Ao mesmo tempo, o Sentra é comprido (4,65 m) e largo (1,81 m), mas isso não atrapalha o motorista, que conta com vários eletrônicos.
Por exemplo, a versão Exclusive tem câmera de visão 360º, que facilita muito ao manobrar. A configuração também traz sistemas semiautônomos, como frenagem de emergência, farol alto automático e assistente de manutenção de faixa. Há ainda alerta de ponto cego, seis airbags e controles de estabilidade e de tração. Assim, o novo Sentra é seguro e espaçoso. São 2,70 m de entre-eixos e um porta-malas de 466 litros, maior que o de qualquer SUV nesta faixa.
Visual moderno é trunfo
As medidas dão ao Nissan Sentra um porte interessante e elegante, que fica ainda melhor com o estilo moderno da nova geração. O desenho foi feito com base no sedã grande Altima e tem faróis bem estreitos que se prolongam pelas laterais e aumentam a impressão de largura. Ao mesmo tempo, a grade tem uma enorme boca de ar central contornada pelo “V” cromado e por moldura black piano. O capô longo e com vincos deixa o sedã imponente.
Nas laterais, as rodas de 17″ com acabamento diamantado também dão um toque esportivo. Mas o ponto alto do desenho deste novo Nissan Sentra é o ressalto da carroceria nas colunas traseiras, que deixam a linha de cintura mais alta. Com essas “ombreiras”, o teto pintado em preto brilhante parece flutuar enquanto cai em direção à traseira. Esta tem desenho mais tradicional, com lanternas horizontais que invadem a tampa do porta-malas.
Novo Sentra já é o terceiro sedã mais vendido
Lançado no meio do mês de março, o novo Nissan Sentra já é o terceiro sedã médio mais vendido do Brasil em 2023. Segundo o balanço da Fenabrave, a associação dos concessionários de veículos no País, o modelo mexicano registrou 453 emplacamentos no último mês. Assim, ficou atrás apenas do Corolla sedã, líder absoluto com 3.865 unidades, e do BMW Série 3, sedã premium que somou 671 exemplares no mesmo período.
Ainda é cedo para avaliar o desempenho nas vendas, mas o Nissan Sentra chega com mais apetite que os antigos rivais. Por exemplo, o Honda Civic, que também ganhou nova geração no início de 2023, somou apenas 76 unidades em março. Uma das explicações é que o modelo veio exclusivamente em versão híbrida e bem mais caro, com preço de R$ 244.900. Já o Chevrolet Cruze tem valores próximos aos de Sentra e Corolla, mas vive ostracismo e teve só 83 emplacamentos.
Por fim, com 145 unidades em março, o VW Jetta também deixou a disputa por volume e virou carro de nicho (mas sem eletrificação, como o novo Civic). O sedã da marca alemã vem do México apenas na versão esportiva GLI 350, com preço de R$ 232.390.
Vale a compra?
O novo Nissan Sentra chega claramente para ser a opção ao rival Toyota Corolla na disputa por volume. O modelo importado do México reúne os atributos que se espera de um sedã médio. Ou seja, visual executivo, dimensões generosas e cabine caprichada. Para um projeto recente, certos itens desapontam, como o arcaico freio de estacionamento por pedal e as lanternas com luzes halógenas. Mas isso se torna um detalhe diante do pacote da versão Exclusive.
O Jornal do Carro está no Instagram, confira!