A Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) autorizou a blindagem de veículos para quatro deputados estaduais na última semana. São eles: Tomé Abduch (Republicanos), Lucas Bove (PL), Gil Diniz (PL) e Daniel Soares (União Brasil). A deliberação para o uso de carros blindados por parlamentares foi publicada no Diário Oficial da sexta-feira (11). Mas como é essa blindagem? O Jornal do Carro conta a seguir suas principais características. Afinal, é o dinheiro público que está em jogo.
A princípio, a Alesp explica que o aluguel dos carros blindados só pode ser feito por meio da verba de gabinete dos próprios deputados, e que não houve aumento de repasses. Desse modo, as solicitações dos parlamentares que justificam “receber ameaças” só são aceitas após a análise técnica da Polícia Militar.
O que é a blindagem?
A princípio, para entender como funciona a blindagem, cabe explicar que o procedimento reúne diferentes níveis de proteção. O parâmetro é estabelecido por uma tabela de resistência balística. A regulamentação cabe ao Exército Brasileiro.
“No Brasil, a norma vigente é a NBR 15000, regulamentada pelo Exército Brasileiro, órgão responsável por fiscalizar o setor, e contempla especificações tanto baseadas na realidade brasileira quanto obedecendo aos padrões internacionais. Ela categoriza a blindagem em seis diferentes níveis, de acordo com o poder de retenção de balas, tendo como parâmetros o armamento, a munição, massa e velocidade do projétil, energia cinética, entre outros fatores”, explica Marcelo Silva, presidente da Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin).
Questionada pelo Jornal do Carro, a Alesp respondeu que o nível de blindagem dos veículos dos deputados terão do Nível III-A. É justamente a blindagem automotiva mais procurada no Brasil. Segundo a Abrablin, ela protege os ocupantes do veículo contra disparos de pistolas 9 mm e revólveres 44 Magnum.
Entretanto, há outros níveis mais baixos: I, II-A e II. Estes, portanto, protegem contra armas de menor calibre. Já os níveis maiores de blindagem, como III e IV, chegam a suportar disparos de armas longas e até fuzis – contudo, não estão disponíveis para qualquer interessado, uma vez que é encontrada geralmente em veículos militares e também nos de transporte de valores. “O nível IV, porém, tem sua aplicação proibida para uso civil”, salienta Silva.
Demanda em alta
De acordo com a Abrablin, a violência urbana tem feito a procura por blindagem subir consideravelmente no Brasil. No ano passado, o País bateu recorde na procura por esse tipo de serviço, com 25.916 procedimentos. Em 2021, foram mais de 20 mil. E a demanda só cresce, afinal, já nos primeiros seis meses de 2023, 13.936 veículos receberam a proteção. Número quase 20% maior do que o registrado entre janeiro e junho de 2022, com 11.710 procedimentos.
Números do Exército Brasileiro mostram que os maiores registros de blindagens automotivas no primeiro semestre deste ano foram em São Paulo, com 11.810 veículos blindados. Na sequência, vêm Rio de Janeiro (834), Ceará (521), Pernambuco (313) e Rio Grande do Sul (220).
Entre 2019 e 2022, as marcas que mais tiveram carros blindados foram Toyota, Jeep, Volkswagen, BMW e Volvo. Atualmente, os SUVs são os que mais demandam esse tipo de serviço. A Abrablin estima que a frota blindada no Brasil esteja em cerca de 325 mil carros.
Blindagem exige atenção e esforços na direção
Cabe salientar que a blindagem não tem proteção ilimitada. Afinal, seu objetivo e eficácia exigem atenção constante no momento da direção e ação rápida em caso de abordagem. “Os veículos blindados para uso civil utilizados em nosso País servem para que os ocupantes tenham condição de fuga em situações de risco”, argumenta Silva.
Aumento de peso
Quem dirige carro blindado, além de atenção constante, precisa entender que a forma de guiar e o consumo sofrerão variações. Afinal, o processo acrescenta cerca de 150 kg ao peso do veículo. Ademais, os vidros mais pesados mudam o centro de gravidade do carro. Por fim, não basta ir até uma blindadora e fazer a instalação. Afinal, o processo exige a desmontagem total do veículo e a mudança de documentação. O passo-a-passo consta no site da Abrablin.
Em relação a preços, impossível cravar um valor. Afinal, varia bastante. Tudo depende do modelo do carro, do material usado e dos próprios níveis de blindagem. Portanto, o jeito é consultar as blindadoras, que analisam caso a caso.