Aceleramos: Discovery Sport muda pouco, mas continua bom

A linha 2024 do Discovery Sport chega às lojas de cara nova… ou nem tanto. As mudanças no visual foram tão discretas, mas tão discretas, que você mal vai perceber as diferenças em relação ao modelo anterior. A não ser que você entre no carro, aí sim algumas diferenças podem ser notadas com mais facilidade. Mas digamos que seja assim, quase um jogo de sete erros.

O que mudou no novo Discovery Sport?

Em relação ao design externo, o SUV tem novidades pontuais. A grade dianteira, por exemplo, agora traz acabamento preto brilhante, mas continua com o mesmo formato. Nas saídas de ar a novidade são os três filetes também pretos, como se fossem “garrinhas”. Há novas rodas e pequenas alterações na disposição de luzes da lanterna, além de uma nova opção de pintura no catálogo, Veresine Blue. As rodas de 20 polegadas também têm novo desenho. E só.

Já por dentro, o estilo ficou mais “clean”. O console central foi redesenhado e o câmbio é novo, menor e mais largo. Há também um nicho para o carregador de celular por indução. Já o painel de instrumentos passa a ser totalmente digital e configurável.

Mas o que mais contribui para essa simplicidade na cabine é que não há mais botões físicos: praticamente todas as funções do veículo são controladas por meio da nova tela de vidro curvo da central multimídia Pivi Pro 2 de 11,4 polegadas. Por lá, é possível selecionar os modos de condução, as opções de tração para o off-road e até ajustar o ar-condicionado. Botões, mesmo, apenas no volante multifuncional, e ainda são sensíveis ao toque.

Espaço e equipamentos

Com 4,60 metros de comprimento e entre-eixos, 1,73 m de altura, 1,90 m de largura e 2,74 m de entre-eixos, o Discovery Sport é bem confortável, especialmente quando falamos da versão de cinco lugares. Há um bom porta-malas de 454 litros e bastante espaço para os passageiros de trás – apesar do túnel central mais alto. Mas quem viaja atrás tem o benefício de saídas de ar-condicionado e duas entradas USB-C. Entretanto, o banco é mais estreito para acomodar os assentos sobressalentes quando falamos das configurações de sete assentos.

Nesse caso em que o carro está com lotação máxima, não é surpresa que as coisas fiquem mais apertadas. A segunda fileira de bancos é corrediça para dar mais conforto a quem vai na terceira fileira, mas mesmo assim apenas crianças ficam bem acomodadas. A capacidade do bagageiro com todos os bancos armados cai para irrisórios 157 l, mas nada que fuja muito do oferecido em outros modelos de sete lugares.

Na boa lista de equipamentos de série, há muitos itens que compõem o pacote de auxílio à condução, como controle de cruzeiro adaptativo, monitoramento de ponto cego, assistente de faixa com correção e frenagem autônoma de emergência. Outros destaques são o sistema de câmeras 360^o para auxiliar em manobras de estacionamento e a tecnologia de capô transparente, em que o motorista consegue ver sob o veículo e evitar eventuais obstáculos e buracos. Por fim, a sofisticação se completa com os bancos revestidos de couro e o belo teto panorâmico.

Versões e motorizações

Há duas opções de motor para o SUV. A primeira é a P250, um 2.0 turboflex que entrega 249 cv e 37,2 mkgf com ambos os combustíveis. Já a 200D traz um 2.0 turbodiesel de 204 cv e 43,8 mkgf aliado a um sistema híbrido leve (MHEV) – a versão avaliada, aliás. As duas recebem câmbio automático de nove marchas e trazem sistema de tração integral sob demanda.

Independentemente do trem de força, a lista de equipamentos se mantém a mesma. A única diferença é que as duas estão disponíveis tanto com cinco como com sete assentos. Os dois bancos extras acrescentam R$ 13 mil ao preço final do modelo.

Como roda o Discovery Sport

O Discovery Sport não tem pretensões esportivas. Nem é sua proposta; o SUV é um carro totalmente familiar – e famílias que gostem de aventura. Tanto que em seus modos de condução, há apenas as alternativas “Eco” e “Comfort”, ou seja, nada de modo “Sport”, como é comum encontrar em modelos dessa categoria.

Mas isso não significa que a performance seja prejudicada. Na estrada, por exemplo, o SUV equipado com motor a diesel tem um comportamento absolutamente correto, mantendo uma crescente de velocidade linear e força quando é necessário – muito graças ao bom torque de 43,8 mkgf. Apenas em arrancadas mais fortes há uma certa lentidão, mesmo com a ajudinha do sistema híbrido leve, que dá um boost na potência. E isso com o carro com apenas dois passageiros. Com sete, carregar seus mais de 1.800 kg e o peso extra deve evidenciar essa característica.

Off-road conquista

A suspensão é mais voltada para o conforto, absorvendo com destreza os obstáculos e oferecendo uma viagem suave para os passageiros da frente. Já quem vai no banco de trás sente o carro balançar um pouco mais que o necessário. Mas é justificável, já que o conjunto precisa ter uma calibração que equilibre o desempenho quando o carro estiver cheio. De qualquer forma, o modelo passa uma sensação de estabilidade e segurança mesmo em curvas mais fechadas. E mesmo com motor a diesel sob o capô, impressiona o silêncio na cabine, o que demonstra um ótimo isolamento acústico.

Contudo, é no off-road que o carro mostra suas armas. Apesar de a trilha na qual ocorreu o test-drive (e por isso o carro “sujinho” das fotos) não ser exatamente desafiadora, dá para sentir o que o Discovery Sport é capaz de fazer em situações em que o bicho pega. Seu comportamento transmite segurança extrema, mesmo quando uma das rodas perde a tração, já que a correção é imediata. Dirigir na terra é uma experiência muito tranquila quando os devidos modos de condução estão ativados – há opções para rodar na lama, areia e até para atravessar trechos alagados, com capacidade de imersão de 60 cm. Ou seja, mesmo com toda a sofisticação que o carro oferece, seu coração bate mais alto quando ele sai da estrada.