Hoje em dia muito se fala em autonomia. O mercado oferece cada vez mais carros elétricos e híbridos com baterias de longo alcance que, desse modo, dispensam a necessidade de recargas constantes. Porém, mesmo visto como vilão – devido aos índices de poluição emitidos – não podemos esquecer que o diesel cumpre muito bem este papel. Por isso, o Jornal do Carro avaliou a RAM Rampage Laramie com motor 2.0 turbodiesel. Surpreendentemente, mesmo com quase duas toneladas, não é que a picape registrou consumo de carro popular?
Mas, antes de falar de desempenho, vamos aos detalhes da RAM Rampage Laramie. O modelo intermediário custa R$ 262.990, de acordo com o configurador do site brasileiro da marca. Lançada em agosto do ano de 2023, a caminhonete usa a mesma plataforma Small Wide 4×4 de Fiat Toro e dos Jeep Commander, Compass e Renegade. Os modelos são feitos em Goiana (PE), afinal, todos pertencem ao grupo Stellantis.
À época do lançamento, a marca afirmou que a picape não tinha uma adversária específica. Portanto, acreditava que a concorrência seria composta por qualquer carro que custe em torno de R$ 250 mil. Entretanto, é fato que a Rampage, em porte, veio concorrer com Ford Maverick e Fiat Toro. Mas, com motor turbodiesel e muito conteúdo, rivaliza também com picapes médias, por exemplo, Ford Ranger XLS 2.0 diesel 4×4 automática (R$ 259.990) e Toyota Hilux SR, de R$ 272.190.
RAM Rampage chama a atenção nas ruas
A picape tem visual imponente. Vira e mexe, um torce o pescoço para conferir a Rampage. O destaque, claro, vai para a enorme grade com filetes cromados e para o estilo inconfundível da RAM. O logotipo da marca, aliás, vem estampado em letras grandes bem no centro da peça. Os faróis têm iluminação full LEDs. Indo para as laterais, mais detalhes cromados (como maçanetas nas portas e capas dos espelhos retrovisores) e rodas de 18″, que até parecem maiores.
Por fim, atrás, tem lanternas verticais e, novamente, a inscrição “RAM”. Na tampa da caçamba (que tem amortecimento ao abrir e é bem leve), nada de exageros. Porém, a peça esconde um compartimento totalmente revestido e com 980 litros de capacidade. Para ter cobertura completa, no entanto, a capota marítima sai por R$ R$ 1.966, pagos à parte.
A bordo da Rampage
A mecânica da Rampage segue a mesma calibração do Jeep Commander. Trata-se do motor 2.0 Multijet turbodiesel de 170 cv de potência e torque de 38,8 mkgf. De acordo com dados da RAM, faz de 0 a 100 km/h em 10,9 segundos e tem velocidade máxima de 186 km/h.
Ao volante, o motor é suficiente para a maior parte das situações do cotidiano. O torque máximo aparece cedo, aos 1.750 rpm. Ainda assim, em ladeiras íngremes e ultrapassagens, falta um pouco de fôlego mesmo quando afundamos o pé no pedal da direita. E com a caçamba cheia, essa demora para ganhar velocidade é ainda mais notável.
Dessa forma, apesar da força do motor a turbodiesel, esportividade não é o foco da Rampage nesta configuração. Assim, quem quiser aceleração mais forte deve optar pela configuração de topo de linha R/T, que traz o motor 2.0 Hurricane 4 turbo a gasolina com 272 cv.
Mas, dentro do que se propõe, a Rampage Laramie diesel tem conforto de sobra na cabine. O conjunto de suspensões McPherson na dianteira e Multilink atrás dão conta do recado sem prejudicar os ocupantes a bordo. Aliás, a estabilidade surpreende. A picape não “dança” nem sacoleja. Com isso, é bem calibrada na direção. E o isolamento acústico merece destaque, com ótimo trabalho de vedação. A posição de dirigir é boa e elevada, o que garante aquela visão “de cima”. E tem comando elétrico no banco do motorista, uma sofisticação a mais.
A tração é sempre 4×4 automática, com opção de reduzida por meio de um botão no console. Quando acionado, o carro oferta mais força em terrenos difíceis. De série, a RAM Rampage também conta com o sistema Hill Descent Control (HDC), que aciona os freios de forma automática e auxilia o motorista em descidas off-road, íngremes e com terreno acidentado e escorregadio.
Consumo melhor do que carro híbrido
O câmbio automático de nove marchas tem trocas rápidas, que não geram incômodo ou trancos. Embora não tenha alavanca (o seletor é um botão giratório no console central), dá para trocar as relações por aletas atrás do volante.
E é justamente o trabalho do câmbio um dos maiores aliados no ótimo consumo da picape. De acordo medições do Inmetro, a Rampage faz 9,9 km/l na cidade e 12,4 km/l na estrada. Mas, na prática, os números são melhores. Durante a avaliação, rodamos quase 1.500 km e ficamos 90% do tempo em estradas. Assim, chegamos à média de quase 15 km/l. Mais precisamente, 14,9 km/l. Ou seja, o consumo não fica devendo à modelos com motor 1.0 tricilíndrico turbo.
É, por exemplo, o caso do Chevrolet Onix. Referência em consumo, o hatch – em sua versão de topo de linha LTZ – faz os mesmos 14,9 km/l com gasolina, na estrada. A picape é melhor até do que carro híbrido. O Kia Stonic, por exemplo, faz 13,8 km/l.
Outro destaque é a robustez herdada dos Jeep. Dá para encarar buracos, lombadas e valetas sem medo. Tem ângulo de ataque de 25,7 graus, com a vantagem de não sair “pulando” como as picapes médias de construção sobre chassi.
Por dentro
Por ser mais alta e robusta, a Rampage ganha em espaço da Toro. Distribuídos em 2,99 de entre-eixos, os ocupantes não viajam apertados na picape da RAM. Entretanto, como de praxe na categoria, o banco traseiro com encosto quase reto incomoda em viagens longas. Ali, tem descansa braço com porta-copos, saídas de ar-condicionado (digital, de duas zonas) e entradas USB (têm seis espalhadas pela cabine) para recarregamento de eletrônicos.
Na frente, bastante semelhança com modelos das outras marcas da Stellantis, afinal, compartilha componentes. Além disso, ponto para o acabamento. O painel tem materiais sensíveis ao toque e os bancos têm revestimento com couro ecológico. No console central, detalhes em black piano dão um ar mais elegante. Tem carregador de celular por indução e diversos porta-objetos.
O quadro de instrumentos de 10,3″ é totalmente digital e permite customização. Já o multimídia tem tela de 12,3″ com conexão sem fio com Android Auto e Apple CarPlay, bem como navegador próprio – ideal para viagens por locais com sinal de internet ruim. Assim, caso fiquem sem conexão no meio do caminho (o sempre acontece, afinal, o Brasil é imenso), o motorista não vai ficar sem coordenadas de GPS.
Opcionais e itens de segurança
Embora seja bem completa, a lista da Rampage Laramie Diesel não traz, de série, (além da extremamente útil capota marítima) o Pack Elite. Por R$ 6.000, este acrescenta luzes ambiente de LEDs na cabine, regulagem elétrica para o banco do passageiro e sistema de som premium com 10 alto-falantes e subwoofer, da Harman Kardon.
Na lista de segurança, a picape oferece sete airbags, controle de estabilidade, mitigação de rolagem da carroceria, comutação automática do farol alto, monitoramento da pressão dos pneus, sensores de chuva e de luminosidade, bem como auxílios à condução, como controle de velocidade adaptativo com Stop&Go, alerta de colisão frontal com frenagem autônoma de emergência e detecção de pedestres e ciclistas. Por fim, monitoramento de pontos cegos, detecção de tráfego cruzado traseiro e alerta de saída de faixa com correção completam a lista.
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