Proprietários de veículos têm a péssima mania de priorizar a estética do carro e dar o famoso “jeitinho” quando aparece algum problema mecânico. E com as suspensões, não é diferente. Por isso, o Jornal do Carro foi atrás de algumas respostas, afinal, deve-se ou não passar de lado em lombadas? Tem prazo de troca? É necessário realizar manutenção preventiva? E por aí vai.
Mas, antes de esclarecer essas e outras dúvidas, melhor explicar o que é suspensão. Embora tenha gente que pense que o conjunto se resume a molas e amortecedores, a história vai muito além disso. Em síntese, ela é composta por vários componentes – dentre eles, bandeja, coxim, barra estabilizadora, etc -, e tem influência sobre o comportamento do veículo em diversos aspectos.
O sistema, em síntese, é responsável por suportar o peso da carroceria do veículo, mantendo distância preestabelecida entre o chassi e as rodas. Na prática (em conjunto com os pneus), sua função é dissipar a perturbação gerada pela irregularidade do solo, filtrando os impactos, a fim de não comprometer o conforto dos ocupantes do carro.
Em síntese, tudo depende do uso do carro. Afinal, cada veículo foi desenvolvido pelos engenheiros das montadoras para desempenhar funções específicas. “Existe variação na regulagem da suspensão, como, por exemplo, para suportar carga ou trafegar em solos acidentados, que exigem mais do conjunto. No caso da suspensão esportiva, pode ser ótima para dirigir em alta velocidade e em pistas lisas, mas pode ser desconfortável em estradas normais”, salienta Ivan Furuya, diretor comercial e de marketing da Volda.
De acordo com a empresa, as suspensões precisam de manutenção preventiva. Isso pode envolver a troca de amortecedores e molas desgastados, bem como o alinhamento do conjunto. Afinal, entre os defeitos mais comuns do sistema estão o vazamento do fluido e a perda de pressão na absorção de choques. Isso serve para amortecedores. Todavia, no caso dos componentes de borracha, o mais comum é haver ressecamentos ou rupturas. Seja como for, siga sempre as recomendações do manual do proprietário.
Mitos
O primeiro mito – que muitos motoristas acreditam ser correto – é dar aquela jogadinha de lado para passar na lombada (primeiro com um pneu e depois com o outro) a fim de não danificar a suspensão. Entretanto, o correto é, em casos de lombadas muito altas, mudar para a primeira marcha (nos casos de carros com câmbio manual) e passar alinhado de frente. Com isso, a distribuição do peso e o impacto serão uniformes sobre todo o conjunto da suspensão, sem sobrecarregar nenhum componente.
Outro mito que sempre surge quando o papo pende para a área das suspensões é o prazo de troca a cada 40 mil km rodados. “Algumas pessoas tendem a esperar o prazo de 40 mil km rodados para realizar a manutenção dos amortecedores. Porém, o desgaste será maior em carros que rodam sempre por vias mal pavimentadas ou em condições severas de uso, como táxis e veículos de transporte”, afirma Juliano Caretta, supervisor de treinamento técnico da Tenneco. Nesses casos, a revisão deve ser feita antes do prazo, periodicamente, no máximo a cada 10 mil km, ou conforme recomendação da montadora.
Amortecedores e molas duram para sempre? A resposta é não. É mito! Os amortecedores e as molas estão sujeitos a desgaste com o tempo e o uso. Se você notar que seu carro está mais molenga ou se ele está batendo mais do que o normal em solavancos, é hora de verificar.
Verdades
Maior desgaste das suspensões leva a menor conforto dentro do carro? Verdade. Amortecedores em más condições causam balanços e trepidações excessivas, dificultando as manobras. “Testes realizados pela Monroe apontam que um equipamento com 50% de desgaste eleva em 26% o cansaço do motorista, o que pode causar acidentes graves”, alerta Caretta.
Algo que nem todo mundo sabe é que se deve trocar os amortecedores sempre aos pares. Ao trocar apenas um amortecedor, utilizando uma peça nova e outra usada com alta quilometragem, haverá um desequilíbrio capaz de prejudicar a dirigibilidade do veículo. Como resultado, o motorista notará perda de eficiência. O ideal é substituir sempre os pares em cada eixo ou, se possível, realizar a manutenção de todo o conjunto.
É também verdade que realizar manutenções regulares e estar ciente de como diferentes ajustes podem afetar a dirigibilidade são passos importantes para maximizar a vida útil e a eficácia da suspensão do seu carro.
Problema na suspensão aumenta a distância de frenagem? Verdade! A frenagem tem relação direta com o estado de conservação da suspensão. Testes realizados pela Monroe comprovam que amortecedores com 50% de desgaste aumentam a distância de frenagem em até 2,6 metros, a uma velocidade de 80 km/h.
Nada de peças recondicionadas
Por fim, cabe um adendo. Peças recondicionadas não têm a mesma eficiência, afinal, não passam pelo mesmo processo de produção, que garante qualidade e segurança. Em geral, elas recebem apenas nova pintura e melhorias estéticas, além de utilizarem lubrificante diferente do recomendado. Por isso, podem apresentar eficiência bem menor quando comparadas às peças originais. Desconfie de preços muito baixos.
Siga o Jornal do Carro no Instagram!