Na última sexta-feira (24), a cidade de São Paulo registrou o terceiro maior volume de chuva da história. Quilômetros e mais quilômetros de congestionamento, trens parados, pessoas ilhadas, caos. Sem contar as centenas de carros perdidos em meio à enchente. Mas, a fim de evitar esse tipo de situação, o motorista deve ficar atento para não ser surpreendido e acabar engolido pela água. Ademais, se for comprovado que isso aconteceu por imprudência de quem estava ao volante, a seguradora não vai pagar indenização em caso de dano ao veículo. Algo que está previsto em qualquer apólice.
A princípio, a recomendação é nunca entrar em áreas alagadas. Até porque não dá para saber se há buracos ou pedras pelo caminho. Nestes casos, o carro pode parar e ficar preso, vulnerável à enchente. Em síntese, além de prejuízo financeiro, há riscos à saúde e à integridade dos ocupantes.
Dicas para direção segura
Porém, nem sempre é possível evitar entrar em áreas alagadas. Afinal, é grande o risco de o motorista ser surpreendido pela água, que, muitas vezes, sobe rapidamente. Além disso, dirigir sob chuva forte também requer cuidados. Portanto, nestes casos, dirija com o máximo de segurança possível.
A primeira dica para reduzir os riscos ao dirigir na chuva é mudar a maneira de guiar. Afinal, a visibilidade fica reduzida e esse é um dos maiores problemas para quem está ao volante. Além disso, com as pistas molhadas o veículo precisa de mais espaço para frear. Dessa forma, o motorista precisa manter distância segura do veículo à frente.
Contudo, se a chuva for tão intensa que o motorista sinta dificuldade de ver a via, deve buscar um local seguro e parar até que as condições melhorem. Contanto que seja em pontos mais altos. Todavia, se não der para parar, a dica é evitar mudanças de faixa – no caso de impossibilidade, sinalize a ação com antecedência.
Atenção às palhetas e aos pneus
Os limpadores de para-brisa merecem atenção total. Mas, em épocas de chuva, isso deve ser redobrado. Afinal, precisam ficar sempre limpos e em bom estado. Cabe salientar que a durabilidade pode ser reduzida em carros que ficam sob sol intenso. Da mesma forma, o acúmulo de poeira e sujeira nos vidros também danificam essas peças. Outra dica é completar o nível dos tanquinhos dos limpadores entre as marcas “mínimo” e “máximo”. E nada de detergente de cozinha. Na falta de produto específico para esse fim, use apenas água limpa.
Seja como for, o estado das palhetas pode ser conferido pelo próprio motorista. Bem como dá para trocar a peça em casa. Para isso, basta seguir as orientações na embalagem do produto. Aliás, sempre haverá um profissional que instale o componente para o cliente que adquire a peça em autopeças e postos de gasolina. Em supermercados também é fácil encontrar esses componentes.
Embora seja o item mais importante do carro, os pneus são, muitas vezes, negligenciados. São essas peças que fazem a ligação do veículo com o solo. Assim, pneus ruins fazem aumentar o consumo de combustível, por exemplo. Bem como prejudicam a frenagem. Além disso, sob chuva intensa ou em caso de alagamento, aumenta muito o risco de perda de controle. Portanto, antes de pegar a estrada, sobretudo sob chuva, é fundamental conferir o estado dos pneus. Faça a calibragem seguindo as recomendações da fabricante e considerando a carga transportada.
Calibre de forma correta
Em geral, informações sobre a calibragem dos pneus estão no manual do proprietário, bem como na parte interna dos batentes das portas. Em caso de dúvida, faça uma busca na internet para encontrar o site da montadora ou da fabricante dos pneus.
Aliás, pneu careca é muito perigoso. Para saber se os sulcos têm profundidade adequada, basta checar o TWI. Ou seja, uma espécie de calombo dentro dos sulcos, que devem ter, no mínimo, 1,6 milímetro de profundidade. Assim, quando a banda de rodagem gastar a ponto de ficar alinhada com essa marca, está na hora de trocar o componente. Faça alinhamento e balanceamento a cada 10 mil km. Bem como quando os pneus forem trocados. Da mesma forma, toda vez que o veículo cair em um buracos profundos ou se os pneus sofrerem impactos fortes.
Como dirigir o carro na chuva
Pneus em dia evitam o risco de aquaplanagem. Ou seja, quando uma lâmina de água surge sobre o asfalto, fazendo com que os pneus percam o contato com o piso. Caso isso aconteça, não pise no pedal de freio – o veículo pode ficar descontrolado após passar pela água. O primeiro passo é manter a calma e segurar o volante com firmeza. Depois, tire o pé do acelerador e espere até que os pneus voltem a tocar o solo.
Ligar o pisca-alerta com o carro em movimento é um erro comum. Em síntese, isso só deve ser feito se o veículo estiver parado no acostamento. Caso contrário, há risco de confundir os motoristas que vêm atrás, inclusive em caso de alagamento. Da mesma forma, os faróis de neblina só devem ser ligados sob serração. Já os faróis altos não devem ser ligados se houver carros à frente ou no sentido contrário.
Nos dois casos, o motorista estará cometendo infração média. Assim, se for flagrado fica sujeito à multa de R$ 130,16. Bem como a receber quatro pontos no prontuário da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Se surgir um temporal na estrada, o ideal é reduzir a velocidade de forma suave e gradual. E sinalizar as manobras, como mudanças de faixa, por exemplo, com bastante antecedência.
O estrago por partes
Se durante uma enchente a água invadir apenas a parte do assoalho do carro, o reparo fica um pouco mais simples e uma higienização já resolve. Mesmo assim, será preciso desmontar o interior do automóvel, retirando console, carpetes e outros itens para secagem individual. O ideal é recorrer às oficinas especializadas.
Nos casos em que a água alcança o painel, todo o cuidado é necessário para secar os módulos eletrônicos. Quanto mais sofisticado for o carro, mais salgado é o preço do serviço. Portanto, ao se deparar com um alagamento, o melhor é dar meia volta. Se não for possível, só tente atravessar a enchente se a água não ultrapassar a metade da roda.
Atravessando a enchente
Caso esteja abaixo deste limite, mantenha o câmbio em primeira marcha e o giro do motor bem alto. A aceleração deve ser constante. Não dê a partida novamente se o carro morrer. Durante a travessia, não mude de marcha. Se o fizer, pode entrar água pelo escapamento e causar calço hidráulico. Caso o câmbio seja automático, mantenha a alavanca na posição 1 ou “L”. Para modelos que têm apenas a posição “D”, deve-se alterná-la manualmente com a “N”, de modo a manter a rotação do motor acima das 2.000 rpm. Por fim, se a inundação subir rapidamente, desligue o veículo, saia do carro e procure abrigo.
Em caso de chuva e alagamento, nunca circule atrás de caminhões e ônibus em áreas alagadas. A passagem de veículos grandes tende a formar ondas, que podem encobrir carros menores. Se houver enxurrada, ligue imediatamente para o serviço de emergência. O telefone dos bombeiros é 193. O telefone da Polícia Militar é o 190.
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