Penso nas palavras de Ayrton Senna: “Todo mundo tem um limite. Não é porque o meu é um pouco acima do dos outros que me considero imortal”, enquanto sigo para o Autódromo de Interlagos, onde vou avaliar a 1199 Panigale S Senna. A série especial da Ducati, feita para homenagear o piloto brasileiro de F1, tem 161 unidades, tabela de R$ 100 mil, motor de 195 cv e pesa só 166,5 kg. Qual será o limite dessa moto?
Nunca saberei a resposta. Não cheguei nem perto de uma dica… O meu foi de 223 km/h na reta, suando, em um misto de respeito, temor e prazer.
O responsável por essa complexa mistura de sentimentos é o motor Superquadro de 1.198 cm3, com comando desmodrômico da Ducati, que gera quase 14 mkgf de torque. Apesar dessa pujança, a italiana não tem manete do acelerador nervoso e é possível andar devagar sem que o dois-cillindros em “L” peça mais giros.
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Aliás, Senna foi o responsável por fazer os ajustes na mítica 916, em 1994, e repetido agora pela marca, que conseguiu deixar a Panigale com a mesma brutalidade da original para rodar em pistas e, ao mesmo tempo, mais dócil e capaz de encarar qualquer situação no uso cotidiano.
O câmbio de seis marchas com modo de trocas rápidas contribui para essa sensação. É tão “macio” que as passagens são feitas sem nenhum esforço.
O comportamento da S Senna em curvas é exemplar. É só apontar, pegar a tangência e deitar, sem forçar a inclinação, de forma tão intuitiva que o piloto até se esquece que está sobre um monstro de força. As suspensões Öhlins, ajustáveis eletronicamente na compressão e retorno, são responsáveis por essa “mágica”.
Claro que os controles de tração e freio-motor estavam ligados, pois há pouquíssimas unidades (uma está com a família de Ayrton) e não dava para abusar, mas a Panigale não prega sustos e transforma a tarefa de acelerar em um prazer sensorial, visual, por causa dos faróis de LEDs e detalhes de fibra de carbono, e até auditivo, já que o som que sai do escapamento 2-1-2 da Termignoni é, no mínimo, lindo.