Camisa preta com bolso florido e bota. Esse é o visual escolhido para encarar a Ducati Scrambler. O modelo de desenho retrô, inspirado na década de 1960, merece ser pilotado com um estilo “gentlemen driver” moderno. Mas além de impressionar no belo visual, a moto, fabricada no Brasil e vendida a partir de R$ 36.990, cativa mesmo é na hora de acelerar.
Seu motor de dois cilindros em “L” com 803 cm³ sobra para levar os 170 quilos mais o piloto. São 75 cv e 6,9 kgfm, que empurram a moto para a frente com a pressa de uma esportiva, com acelerações vigorosas desde os 5 mil rpm e excelentes retomadas.
O câmbio de seis marchas também contribui para o bom desempenho, pois é eficiente e tem engates bem mais precisos que de outras Ducati, bem mais caras. Os freios ABS da Brembo, de 320 mm na dianteira e 245 mm na traseira, param a moto com muita rapidez e mantêm o controle total do piloto.
Mas, por mais que ande forte, a Scrambler foi feita mesmo é para passear. Sua posição de pilotagem é toda voltada para o conforto. É possível fazer algumas curvas mais rápidas com ela, mas a suspensão dianteira com o curso longo dificulta essa missão. O guidom largo não é tão indicado para andar rápido, pois faz um efeito vela de barco no piloto. O assento não deixa o condutor escorregar e tem espuma firme, boa para distâncias curtas.
O painel digital com desenho minimalista traz muitas informações e sua visualização é boa, embora ele não seja centralizado na mesa e fique deslocado para a direita. Já os manetes têm muitas protuberâncias de borracha. A intenção era melhorar a pegada, mas acaba incomodando.
Um dos pontos negativos da moto é o arrefecimento a ar, usado para cortar custos. O isolamento do calor do motor para o assento não é suficiente e esse sistema não dá conta de resfriar a alta litragem do propulsor. Isso acaba gerando um grande desconforto para o piloto durante a rodagem.