No fim da década de 1990, a Renault tinha acabado de abrir sua fábrica no Brasil para produzir a minivan Mégane Scénic e o hatch Clio. No entanto, ainda apostava em segmentos superiores com o Laguna, ainda em sua primeira geração. A versão V6 era a mais cara, vendida a R$ 71 mil na época e trazia tudo o que a Renault tinha de melhor para o Brasil. Acima dele, havia apenas o médio-grande Safrane, nunca vendido por aqui. Nas palavras do repórter Glauco Lucena.
Laguna combina conforto e esportividade
Motor garante boa agilidade no trânsito
A Renault ainda não conseguiu transferir para seus modelos mais sofisticados a imagem de sucesso que tem nos segmentos básicos do mercado. Cabe ao médio-grande Laguna fazer o papel de modelo mais luxuoso da linha no Brasil.
Autos avaliou a versão mais cara da linha, com motor V6 3.0 e câmbio automático, e comprovou que ele combina esportividade e conforto na dose certa. A linha Laguna passou por leve reestilização na Europa há um ano. Ganhou novos pára-choques, lanternas e faróis com lentes mais transparentes. A versão mais vendida é a RXE 2.0 16V, que custa cerca de R$ 50 mil. A versão V6 custa R$ 71 mil e já vem completa (sem itens opcionais).
Espaço não é problema para passageiros no banco traseiro. Eles contam com cintos de três pontos, apoio de cabeça, descansa-braço (embutido no encosto) e porta-objetos nas portas. Os vidros traseiros não abrem totalmente.
O carro tem trio-elétrico, computador de bordo (com sintetizador de voz em espanhol), ar-condicionado automático, controles de som no volante e controlador de velocidade, vários porta-objetos e bancos e volante revestidos de couro, entre outros itens de série.
Entre os equipamentos de segurança, destaque para o ABS, par de bolsas infláveis dianteiras, terceira luz de freio, regulagem de altura dos faróis, limpador do vidro traseiro e faróis de neblina. Para conferir um ar esportivo, o Laguna V6 conta com aerofólio traseiro, teto solar, rodas de liga leve e pára-choques na cor da carroceria.
O motorista desfruta de boa visibilidade e posição de dirigir. Mas o porta-objetos lateral atrapalha o acesso às regulagens de altura e inclinação do assento e o ajuste lombar fica espremido entre o banco e o console central.
O motor V6 3.0 é um dos principais atrativos do carro. Com 190 cv e torque de 27,8 mkgf, oferece agilidade de sobra no trânsito. Mas o maior prazer está em conduzir o Laguna V6 por estradas.
No trânsito da cidade a história é diferente. O câmbio provoca alguns trancos nas trocas de marcha. Como o carro embala com facilidade e o câmbio não reduz com rapidez nas frenagens, é preciso forçar bem o freio, que mostrou eficiência, graças aos discos nas quatro rodas e ao auxílio do ABS.
Brasil e Argentina constantemente se desentendem em relação à política automotiva do Mercosul, mas pelo menos um ponto em comum os dois países têm: o Laguna, carro francês que tem um sintetizador de voz falando em espanhol com o motorista. A “tropicalização” da Renault não incluiu a tradução para português, obrigando o brasileiro que comprar o carro a conviver com outra língua.
A insistente voz feminina avisa: “Atención, su cinturón de securidad no está abrochado”. Cabe ao motorista saber que “abrochado” significa “afivelado”. “La puerta delantera derecha no está bien cerrada”, avisa, quando o passageiro não fechou a porta corretamente. O mesmo vale para as outras três portas e também para o maletero (porta-malas). “Las luces están acendidas”, chama a atenção a voz quando o motorista esquece os faróis acesos na hora de desligar o carro.
Mas o mais importante é a função diagnóstico, que avisa da ocorrência de problemas mecânicos, elétricos e eletrônicos. No caso da unidade avaliada, um defeito surgiu no sistema de câmbio e foi acusado pela voz: La caja de cambio está en sistema de securidad; favor dirigirse al concesionário más próximo.
Na extremidade esquerda do painel existem duas teclas relacionadas à voz sintética. Uma serve para repetir a última mensagem. A outra desliga a voz, deixando que apenas os instrumentos do painel se encarreguem de chamar a atenção para defeitos e esquecimentos do motorista.
Top de linha.A Renault ainda não conseguiu transferir para seus modelos mais sofisticados a imagem de sucesso que tem nos segmentos básicos do mercado. O alto custo do dólar inviabiliza a importação de seu modelo de luxo, o Safrane. Com isso, cabe ao médio-grande Laguna fazer o papel de modelo top de linha no Brasil.
Para piorar as coisas para a marca francesa, a crise do real estourou bem na hora em que o renovado Laguna estava desembarcando no Brasil. Resultado: seu custo ficou bem restritivo, apesar de todo o apelo visual e mecânico. O Jornal do Carro avaliou a versão mais cara da linha, com motor V6 3.0 e câmbio automático, e pôde comprovar que ele combina esportividade e conforto na dose certa.
A linha Laguna passou por uma leve reestilização na Europa há um ano. Ganhou novos pára-choques, lanternas e faróis (com lentes mais transparentes). No Brasil, o modelo foi apresentado no Salão do Automóvel, em novembro, e começou a ser vendido no começo do ano. A versão mais vendida é a RXE 2.0 16V, que custa cerca de R$ 50 mil. A versão V6 custa R$ 71 mil e já vem completa (sem itens opcionais).
Um detalhe curioso no Laguna é que ele é um hatchback cinco-portas, configuração pouco comum para carros desse porte. Sua parte traseira não chega a constituir um volume destacado do habitáculo, e a tampa do porta-malas dá acesso ao interior do veículo. Mas esse detalhe não prejudica o ótimo espaço do porta-malas, que pode abrigar 452 litros de carga.