Com 6,75 milhões de motos vendidas em 2016, o que a coloca como maior fabricante do mundo em volume, a indiana Hero MotoCorp iniciou suas operações na Argentina com o lançamento mundial da segunda geração da Ignitor 125. O modelo, que em outros mercados (fora da América Latina) vai adotar o nome de Glamour, mira na entrada no mercado brasileiro, onde o segmento com motos de motor até 160 cm³ representa 85% das vendas.
A Ignitor tem motor monocilíndrico de 124,9 cm³ arrefecido a ar que gera 11,4 cv de potência a 7.500 rpm e 1,1 mkgf de torque. Esse propulsor terá duas opções de alimentação, dependendo do mercado: carburador ou injeção eletrônica.
Na primeira opção, a marca desenvolveu um sistema de start-stop para economizar mais e reduzir o consumo e promete 60 km/l com um 1 litro de gasolina e 62 km/l na versão com injeção eletrônica. O câmbio é do tipo rotativo (aumenta todas as marchas em uma direção e reduz em outra) com embreagem, como na Honda Pop.
Atualmente esse motor não atende as regras de emissões de poluente do Brasil, que está na segunda fase do Promot4, que é no mesmo nível do Euro4 – regra utilizada para os países da União Europeia. Para se encaixar, a versão com injeção eletrônica precisaria receber o start-stop.
Outros problemas que, por enquanto, afastam a Ignitor e a Hero da chegada ao Brasil é que a marca não conseguiu se acertar com nosso combustível, já que a gasolina tem 27,5% de etanol e exige uma calibragem diferente para o motor. Há ainda a adoção da tecnologia flexível, que virou padrão para as motos dessa categoria, e o uso da transmissão rotativa, que não é aceita pelo consumidor desse tipo de moto.
O porte da motocicleta é semelhante ao da quarta geração da Honda CG, fazendo com que pilotos com mais de 1,80 metro fiquem pouco confortáveis se comparada a ergonomia da moto mais vendida do Brasil. A posição das pedaleiras é boa e do guidom também, assim como o banco, confortável.
No visual ela também se aproveita de referências antigas de motos conhecidas do consumidor brasileiro. O farol que fica sempre aceso, como é obrigatório no Brasil, tem o mesmo formato do que era utilizado pela quinta geração da Honda CG. Nas laterais ela se assemelha à Yamaha Fazer 250 da primeira geração, com painéis presos as laterais do tanque para passar a impressão de mais esportividade e as laterais, sob o banco, mais bojudas. A lanterna de lâmpada convencional imita LED.
O painel tem velocímetro analógico e uma tela digital simples, com marcador de combustível, média de consumo e hodômetro total. O acabamento das peças plásticas deixa a desejar pois há rebarbas e está um pouco abaixo do que o consumidor brasileiro está acostumado.
Há partida elétrica e por pedal, mas não há o botão para cortar a ignição, que precisa ser feita diretamente pela chave. O lado bom é o protetor de corrente, que ajuda a manter ela lubrificada. Os freios são a disco na frente e a tambor atrás e funcionam bem para parar a moto, mas é preciso tomar cuidado com o traseiro que trava facilmente.
Na condução, o modelo que tem 135 quilos em ordem de marcha, cerca de 15 kg a mais que Honda CG Titan, se mostrou mais ágil que o esperado pelo peso superior à média do segmento. Ela troca de trajetória com facilidade.
Mercado e Brasil. Além dela, a Hero vai oferecer no país vizinho os modelos Hunk, Hunk Sport, ambas street de 125 cm³ também, e o scooter Dash, que tem motor de 110 cm³ e se assemelha ao Honda Lead, que saiu de linha recentemente no Brasil.
O presidente do conselho da companhia, Pawan Munjal, disse que a Hero tem planos de entrar também no mercado brasileiro, mas que o momento não é o adequado, visto que as vendas de motocicletas estão em queda, principalmente no segmento de baixa cilindrada, onde a marca atua.
Com um parceiro local, que será o responsável pela montagem das motos em processo de CKD (Completely Knockdown) na Argentina, a empresa está investindo US$ 10 milhões de dólares para os próximos cinco anos, o que para o mercado portenho é uma quantia substancial. Por enquanto, a fábrica ainda não funciona e aguarda o fim da homologação junto ao governo argentino para iniciar a produção.
O mercado argentino de motocicletas fechou 2016 com cerca de 500 mil motos vendidas, sendo composto em mais de 90% por modelos de baixa cilindrada, a maioria de fabricação chinesa, ainda que sejam vendidas aqui com outras marcas, que não as originais.
VIAGEM A CONVITE DA HERO MOTOCORP