A central multimídia é o item mais desejado pelos brasileiros que compram carros novos, mesmo nos segmentos de entrada. Dados de uma pesquisa encomendada recentemente por uma montadora instalada no Brasil à qual o Jornal do Carro teve acesso apontam que esse tipo de dispositivo está à frente até do ar-condicionado e da direção hidráulica na preferência do consumidor. Na segunda posição entre os equipamentos mais valorizados por clientes desses modelos está o computador de bordo, seguido dos vidros elétricos.
De acordo com informações da Chevrolet, uma das primeiras marcas a adotar a central multimídia em um compacto – o Onix –, isso se deve à popularização dos smartphones, fenômeno que mudou a maneira de o consumidor se relacionar com o veículo – e até mesmo de dirigir. Gerente de produto da Citroën do Brasil, Bianca Lepique diz que esses dispositivos não precisam necessariamente vir com navegador GPS integrado. “Provavelmente porque muitos motoristas já estão acostumados a usar esse recurso no telefone celular.”
Nos segmentos mais caros as prioridades mudam, mas a central multimídia se mantém em primeiro lugar na lista de itens mais desejados. Segundo a Chevrolet, o consumidor de utilitários-esportivos, por exemplo, também faz questão de equipamentos que ressaltem a estética do carro, como faróis de LEDs.
Os clientes de sedãs médios também valorizam as novas tecnologias. Os compradores do Cruze, por exemplo, desejam sistemas de auxílio à direção e carregador da bateria do celular por indução.
De acordo com as montadoras, os itens de segurança mais sofisticados não estão entre as prioridades do consumidor de compactos.
Muitos sabem o que é o ESP, ou sistema eletrônico de estabilidade, que será obrigatório no Brasil a partir do ano que vem. Mas apenas 10% desses clientes têm o recurso no carro.
Os equipamentos de segurança mais valorizados por esses compradores são os vidros elétricos e o travamento remoto das portas. A trava de segurança para crianças, nas portas traseiras, é mais desejada que os air bags, obrigatórios nos carros vendidos no País. “Alguns itens de segurança sofisticados têm de ser explicados ao cliente”, afirma Bianca. “Muitos também não estão dispostos a pagar por eles.”
Gama Toyota mostra preferência do cliente
A gama da Toyota é um bom exemplo do quanto o consumidor brasileiro valoriza a central multimídia e dá pouca importância a itens mais sofisticados de segurança. Até o início deste ano, o Corolla, líder de vendas entre os sedãs médios no País, não tinha ESP – o sistema acaba de chegar à linha 2018. Ainda assim, o modelo fechou 2016 como o quinto mais vendido do Brasil, considerando todos os automóveis e comerciais leves disponíveis no mercado. E não se trata de um carro “popular”. A versão mais emplacada, XEi, tem preço próximo dos R$ 100 mil.
O Etios, por sua vez, não havia caído no gosto do consumidor até o ano passado. Após quatro anos à venda no Brasil, o modelo entrou finalmente na lista dos 20 mais vendidos – e vem se aproximando dos dez mais emplacados.
A “virada” ocorreu após a chegada de uma central multimídia ao modelo, no primeiro semestre de 2016.
Como parte da atualização, a linha Etios também ganhou câmbio automático, importante item de conforto. Nas grandes cidades, onde se concentra a maior parte dos consumidores do modelo, esse recurso é um grande aliado para enfrentar o tráfego intenso.