A vida de Carlos Ghosn não para de se complicar. Depois do conselho de administração da Nissan votar pela demissão do executivo, foi a vez da Mitsubishi. O conselho da outra montadora japonesa também optou pela demissão de Ghosn após as acusações e prisão no Japão.
“Manter Ghosn como nosso presidente poderia representar um risco reputacional para a nossa companhia”, afirmou Osamu Masuko, CEO da Mitsubishi. Ele agora assume também as funções de presidente do conselho.
Diferentemente das duas companhias japonesas que fazem parte da aliança, a francesa Renault, ainda não decidiu pela demissão de Ghosn. Todavia, nomeou um interino uma vez que sua prisão foi prolongada na última quinta-feira (22) por mais dez dias.
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BRIGA DE PODER
Apesar da Nissan, aparentemente ter as provas dos crimes cometidos por Ghosn, a questão toda gira em torno de uma briga por poder. O executivo brasileiro preparava a fusão completa entre as três empresas dentro dos próximos meses.
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Segundo fontes da agência de notícias Reuters, o negócio seria feito de maneira “indissolúvel”. Como hoje a Nissan é maior que a Renault, tanto em vendas, quanto em rentabilidade, a companhia japonesa não gosta da ideia de perder independência – o que hoje tem no atual molde da aliança.
Apesar disso, a Nissan está “nas mãos” da Renault. Quando a aliança foi formada, a Renault estava em melhores condições e salvou a Nissan da crise. Com isso, teve direito a 34% das ações com direito a voto da marca japonesa. Enquanto a nipônica carrega apenas 15% de ações da francesa e sem direito a voto.
AS ACUSAÇÕES
Carlos Ghosn foi preso na última segunda-feira (19) por suspeita de ter usado filiais da Nissan para dissimular pagamento de quase US$ 18 milhões para a compra de um imóvel de luxo no Rio de Janeiro, além de uma casa em Beirute.
O empresário que há quase duas décadas ajudou a orquestrar a união entre a francesa Renault e a japonesa Nissan foi preso na segunda-feira (19), no Japão. Conhecido pela capacidade de cortar custos e recuperar em negócios em crise, Ghosn, de 64 anos, é acusado de fraudar sua declaração de renda e de usar recursos corporativos para benefício pessoal. A investigação foi originada a partir de uma denúncia interna e teve a colaboração da Nissan nos últimos meses.
Na terça-feira (20), o jornal japonês Nikkei revelou parte das investigações que apontam para a suspeita de que a Nissan Motors teria criado uma afiliada na Holanda e que, a partir dessa unidade, US$ 17,8 milhões foram pagos em dois imóveis de luxo, no Rio e no Líbano.
De acordo com o jornal, a subsidiária holandesa foi criada em 2010, com um capital de US$ 53 milhões. O dinheiro seria usado para investimentos. Oficialmente, a empresa indicava que aqueles recursos tinham como objetivo apoiar startups, ainda que existam poucas evidências de que o dinheiro acabou tendo mesmo essa finalidade.
Para se chegar a essas informações, funcionários da Nissan usaram uma nova lei no Japão que permite o mecanismo da delação premiada. Ela foi introduzida em junho e o caso do brasileiro é apenas o segundo a envolver o novo mecanismo.
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