Conforto e esportividade são virtudes que muitas vezes se opõem, inclusive em motos. Na Bonneville, linha de clássicas da Triumph, o conforto e a ergonomia se destacam, tornando o passeio muito agradável. Já a Thruxton, no estilo cafe racer, carece dessas virtudes. Mas tem esportividade de sobra.
A nova Speed Twin, que chega em maio ao Brasil, é uma espécie de cruzamento desses modelos e conseguiu combinar o melhor de cada um. Posicionada acima da Bonneville, terá preço na casa dos R$ 50 mil. O nome já foi usado pela marca inglesa na década de 1930.
Em comparação com a Thruxton, a Speed Twin é 10 kg mais leve (no caso da versão R, única oferecida no Brasil, a diferença cai para 7 kg). O entre-eixos é maior (1.430 mm contra 1.415 mm), assim como o ângulo de cáster (trail), de 93,5 mm (na Thruxton, são 92 mm).
O objetivo, de acordo com a marca, foi deixar o comportamento da moto mais neutro. Caso contrário, ela teria respostas agressivas demais, especialmente em trocas de direção.
As suspensões da Kayaba têm 120 mm de curso na frente e atrás. Sem ajustes na dianteira, receberam calibragem mais firme, com novas molas e mais óleo, mas sem comprometer o conforto. Na traseira, houve apenas ajuste de pré-carga.
Agilidade e ergonomia
Em avaliação, a Speed Twin se mostrou ágil, mas sem brigar com os comandos do piloto quando este aponta em direção à curva ou troca de direção.
A adoção do guidom mais largo e reto da naked Speed Triple e o reposicionamento das pedaleiras (que ficaram 38 mm mais avançadas e 4 mm mais baixas) proporcionaram ótima ergonomia.
Na prática, o guidom permite que o condutor mantenha a coluna reta e uma postura mais ereta. Já as pedaleiras deixam as pernas menos retraídas. Isso aumenta o conforto em longos trechos, com uma esportividade comedida.
O inconveniente desse guidom são os espelhos fixados nas extremidades. Com eles, fica mais difícil transitar por passagens estreitas sem acertar objetos.
Motor mais leve que da Thruxton R
O motor da Speed Twin é um bicilíndrico de 1.200 cm³. Como na Thruxton, tem virabrequim aliviado e cabeçote com maior compressão, para entregar uma potência de 97 cv a 6.750 rpm e um torque de 11,4 mkgf a 4.750 rpm. Com novas coberturas para o motor, embreagem revisada e tampas de magnésio para os comandos o conjunto ficou 2,5 kg mais leve que o da Thruxton R.
Nas sinuosas estradas de Mallorca, na Espanha, o propulsor entregou bom torque desde as rotações mais baixas. E esteve sempre disponível para retomadas, sem precisar reduzir marcha. Com cilindros em paralelo, não vibra e tem funcionamento suave, com crescimento linear.
A transmissão de seis velocidades tem engates fáceis e macios e o escalonamento das marchas casa bem com o motor elástico. Há três modos de pilotagem: chuva (rain), normal (road) e esportivo (Sport). Eles não mudam a potência, mas sim a curva de entrega e a resposta de abertura do acelerador.
De série, há sistema ABS e controle de tração que podem ser desligados. O freio dianteiro, da grife Brembo, tem pinças flutuantes e discos duplos de 305 mm. Atrás, o disco simples de 220 mm é da Nissin. O farol é halógeno, mas tem assinatura de LED diurno, assim como as setas e a lanterna traseira.
Visual clássico tem detalhes interessantes
À primeira vista, são poucas as diferenças entre a Speed Twin e a Bonneville. Uma delas é o banco, com formato diferente que ajusta melhor as pernas no tanque. Depois de um dia inteiro sobre a moto, o conforto do assento é bem maior.
O painel tem dois mostradores analógicos e pequenas telas digitais com informações como consumo, odômetro e autonomia. O fundo dos gráficos é diferente do da Bonneville. Na versão inglesa, tem mostrador em km/h e contagem em milhas/hora, o que torna a leitura confusa.
As rodas de liga leve têm desenho inédito e também estão mais leves. Na lateral, a marca escondeu o corpo do acelerador, que ficava à mostra sob o banco, com uma peça de alumínio escovado. Também de alumínio, os para-lamas agora estão mais curtos e sem pintura, o que dá um ar de esportividade.
Há outros detalhes que se destacam. O bocal do tanque de combustível tem um estilo de competição característicos dos anos 60 e 70. Os dois escapamentos, um de cada lado, têm acabamento preto no silenciador e ponta cromada. Nas reduções de marcha, eles emitem aqueles estouros bem típicos das corridas.
O JORNALISTA VIAJOU A CONVITE DA TRIUMPH
Ficha técnica da Speed Twin
Motor : 1.200 cm³, dois cilindros, 8V, gasolina
Potência : 97 cv a 6.750 rpm
Torque : 11,4 mkgf a 4.950 rpm
Câmbio : 6 marchas
Tanque : 14,5 litros
Peso : 196 kg (seco)
Prós e contras
Prós: conjunto. Combinar conforto e esportividade é um grande trunfo do modelo
Contras: espelhos. Eles compõem um belo visual, mas são pouco funcionais para o uso diário ou em locais estreitos.