Blog do Boris

Conversa para boi dormir…

Fato ou fake? Ninguém sabe de onde surgem tantas dicas e prognósticos do tipo fake, que muitas vezes confundem de fato o motorista

Boris Feldman

26 de nov, 2018 · 7 minutos de leitura.

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Crédito: Marcello Casal Jr | Agência Brasil

Destilados substituem etanol? Negativo. Correu durante greve dos caminhoneiros  o boato de que é possível fazer a troca de combustível da bomba por whisky, cachaça, vodka ou qualquer outra bebida destilada no motor flex (“tudo é álcool”, diziam). Mas, não dá para usar nem mesmo álcool de supermercado, pois o teor alcoólico (GL) de todos não passa de 40 ou 45%. Para o flex funcionar, o percentual mínimo é de 90%. Único substituto do etanol hidratado é o álcool puro, de farmácia (98 GL).

Flex não reconhece troca de combustível – Besteira: mesmo usando durante anos apenas um deles (etanol, por exemplo), a central eletrônica percebe a mudança para gasolina e ajusta o motor. Vale para a situação inversa. Se o motor falhar depois de uma troca de combustível é por um problema na sonda lambda, encarregada de reconhecer qual deles (ou mistura deles) está vindo do tanque.

Fim do motor a combustão? Sim, mas não é para já e não sai de cena tão cedo. Híbridos, por exemplo, os utilizam. Até alguns elétricos oferecem um pequeno motor a combustão para recarregar as baterias. Além disso, engenheiros das fábricas ainda investem milhões de dólares para desenvolver novas tecnologias e aumentar sua eficiência. Alguns já rodam 25 km por litro de gasolina.

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Aditivo é besteira? – Depende. Importante na gasolina e no radiador. Desnecessário no óleo e no etanol. Na verdade, o óleo do motor já recebe, ao ser produzido, os aditivos recomendados pelo fabricante do automóvel.

Elétrico vem aí? Sim, mas vai demorar, principalmente no Brasil. Pelo preço (custa aqui o dobro do similar com motor a combustão) e falta de infraestrutura para longas viagens, pois não existem postos com tomadas para recarga das baterias.

Autônomo vem aí? Sim, mas vai demorar ainda muito mais que o elétrico, pois exige legislação específica, infraestrutura rodoviária e uma avançada tecnologia da informação.


Freio elétrico não é emergencial? Balela. Na falha dos freios principais, comando acionado com carro em movimento não freia imediatamente. Mas, mantido acionado, sistema percebe tratar-se de uma emergência e atua nos freios, na maioria dos carros.

Peça no paralelo é perigosa – Depende. Se o componente de reposição na loja de peças é produzido pelo mesmo fornecedor da fábrica do automóvel, não há problema de qualidade. O mesmo se aplica para peças produzidas por marcas tradicionais como Mopar, Bosch, Marelli, Valeo, ZF e outras. Problema no Brasil é que, por puro descaso do governo e ao contrário de outros países, as peças de reposição não são obrigatoriamente submetidas à certificação.

Garantia mesmo com acessório não homologado? Não acredite nesta conversa fiada da concessionária: se ela instala um equipamento não certificado pela fábrica, fim da garantia. O vendedor pode argumentar que ela se responsabiliza, mas se o automóvel for levado numa outra concessionária, já era! Casos assim só foram resolvidos judicialmente (a favor do dono do carro).


Aquecimento do banco prejudica o homem? Inventa outra: médicos especialistas consultados chegam a rir deste alerta. Dizem que a produção de esperma não sofre rigorosamente interferência nenhuma com o aquecimento do banco.

Posto “bandeira branca” deve ser evitado? Qualidade do combustível não depende da marca representada pelo posto, mas da honestidade de seu proprietário. Postos de marcas famosas já foram flagrados com gasolina adulterada.

Gasolina formulada não presta – Outro equívoco: a gasolina refinada não é necessariamente melhor nem a formulada é necessariamente pior. Aliás, a segunda pode ter qualidade superior… Desde que não haja adulteração, não existe problema em fazer essa troca de combustível (do refinado para o formulado e vice-versa).


Amortecedor só dura 40 mil km? Mentira inventada por fabricantes para engordar seu faturamento (no Brasil, quem inventou esta enganação foi a Cofap com seus comerciais do cachorrinho bassê). Amortecedor pode não durar nem 10 mil km ou passar de 100 mil km: depende do peso carregado, das condições da estrada, dos cuidados ao volante, etc.

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Oficina Mobilidade

Sistemas de assistência do carro podem apresentar falhas

Autodiagnóstico geralmente ajuda a solucionar um problema, mas condutor precisa estar atento

22 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Os veículos modernos mais caros estão repletos de facilidades para a vida do motorista e, dependendo do nível, podem até ser considerados semiautônomos. Câmeras, sensores, radares e softwares avançados permitem que eles executem uma série de funções sem a intervenção do condutor.

As tecnologias incluem controlador de velocidade que monitora o carro à frente e mantém a velocidade, assistente para deixar o veículo entre as faixas de rolagem, detectores de pontos cegos e até sistemas que estacionam o automóvel, calculando o tamanho da vaga e movimentando volante, freio e acelerador para uma baliza perfeita.

Tais sistemas são chamados de Adas, sigla em inglês de sistemas avançados de assistência ao motorista. São vários níveis de funcionamento presentes em boa parte dos veículos premium disponíveis no mercado. Esses recursos, no entanto, não estão livres de falhas e podem custar caro para o proprietário se o carro estiver fora da garantia.

“Os defeitos mais comuns dos sistemas de assistência ao motorista estão relacionados ao funcionamento dos sensores e às limitações do sistema ao interpretar o ambiente”, explica André Mendes, professor de Engenharia Mecânica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

Recalibragem necessária

O professor explica que o motorista precisa manter sempre os sensores limpos e calibrados. “O software embarcado deve estar atualizado, e a manutenção mecânica e elétrica, ser realizada conforme recomendações do fabricante”, recomenda.

Alguns sistemas conseguem fazer um autodiagnóstico assim que o carro é ligado, ou seja, eventuais avarias são avisadas ao motorista por meio de mensagens no painel. As oficinas especializadas e as concessionárias também podem encontrar falhas ao escanear o veículo. Como esses sistemas são todos interligados, os defeitos serão informados pela central eletrônica.

A recalibragem é necessária sempre que houver a troca de um desses dispositivos, como sensores e radares. Vale também ficar atento ao uso de peças por razões estéticas, como a das rodas originais por outras de aro maior. É prudente levar o carro a uma oficina especializada para fazer a checagem.

Condução atenta

A forma de dirigir também pode piorar o funcionamento dos sensores, causando acidentes. É muito comum, por exemplo, o motorista ligar o piloto automático adaptativo e se distrair ao volante. Caso a frenagem automática não funcione por qualquer motivo, ele precisará agir rapidamente para evitar uma batida ou atropelamento.

Então, é fundamental usar o equipamento com responsabilidade, mantendo sempre os olhos na via, prestando atenção à ação dos outros motoristas. A maioria dos carros possui sensores no volante e desabilita o Adas se “perceber” que o condutor não está segurando a direção.

A desativação ocorre em quase todos os modelos se o assistente de faixa de rolagem precisar agir continuamente, sinal de que o motorista está distraído. Alguns carros, ao “perceber” a ausência do condutor, param no acostamento e acionam o sistema de emergência. “O usuário deve conhecer os limites do sistema e guiar o veículo de forma cautelosa, dentro desses limites”, diz Mendes.